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SURFE
País pode ficar, pela primeira vez na década, sem um representante entre os top 16 da 1ª divisão do esporte
Brasil está perto de deixar elite mundial
JOÃO CARLOS BOTELHO
da Reportagem Local
Faltando apenas duas etapas para o final do WCT (World Championship Tour) de 98, a primeira
divisão do surfe mundial, o Brasil
está perto de ficar pela primeira
vez na década sem representante
entre os top 16, a elite do esporte.
No ranking atual, que computa
as nove etapas já realizadas, o melhor brasileiro é o paranaense Peterson Rosa, na 20ª colocação.
Um total de 2.200 pontos ainda
será distribuído nos dois campeonatos que restam -Kaiser Summer Surf, de 14 a 18 de outubro, no
Rio, e Mountain Dew Pipe Masters, de 8 a 20 de dezembro, no
Havaí (EUA).
A classificação final, então, ainda pode ser bastante alterada.
Mas, pelo menos nos últimos três
anos, o brasileiro que vinha como
melhor colocado não conseguiu
subir mais de uma posição no ranking nas duas etapas finais.
Em 97, por exemplo, o catarinense Neco Padaratz, que era sétimo até o penúltimo evento, acabou o ano na 13ª colocação. O próprio Peterson, que estava em 18º,
terminou na mesma posição.
Para este ano, o paranaense acha
que suas chances serão definidas
na etapa brasileira do WCT.
"Costumo ir bem no Rio", diz.
Terminar entre os top 16 significa ganhar o direito de ser cabeça-de-chave nas definições das baterias iniciais de todos os campeonatos do próximo Mundial.
Desde 91, quando o paraibano
Fábio Gouveia foi o 13º, o surfe
brasileiro tem assegurado pelo
menos um representante entre os
top 16, a elite do esporte.
A melhor performance foi em
94, quando quatro surfistas do
país terminaram entre os 16 melhores -Flávio Padaratz (8º), Jojó
de Olivença (11º), Fábio Gouveia
(12º) e Victor Ribas (15º).
A pior atuação brasileira aconteceu no ano retrasado, quando Jojó
de Olivença ficou com a última vaga entre os top 16.
Já o que conseguiu a melhor colocação final foi Fábio Gouveia,
que terminou como quinto em 92.
Para Gouveia, um dos três primeiros brasileiros a disputar o
WCT, a "equipe" nacional está
passando por uma fase ruim, o
que considera normal.
"Ainda tivemos duas baixas
importantes", afirma, referindo-se a Neco Padaratz e Fábio Silva, que desistiram da disputa. Segundo Gouveia, não falta renovação. "Os brasileiros estão na
média de idade do circuito", diz.
O surfista paraibano, Flávio Padaratz e Piu Pereira fizeram a estréia nacional no WCT, em 1988.
Após nove anos na divisão principal, Gouveia viu-se obrigado pela primeira vez, em 96, a ter de disputar o WQS (World Qualifying
Series), o circuito de acesso.
Sem conseguir no ano passado
voltar ao WCT, ele vai garantindo
nesta temporada seu retorno, com
a liderança da segunda divisão.
Na disputa para não ser rebaixado para o WQS, estão cinco dos
seis brasileiros no WCT.
Desses cinco, o que aparece na
melhor posição é Renan Rocha,
com a 28ª e última vaga reservada
aos participantes da primeira divisão no Mundial de 99.
Guilherme Herdy (35º), Victor
Ribas (37º), Jojó de Olivença (38º)
e Armando Daltro (40º) estariam
rebaixados pelo circuito principal.
Dos quatro, Ribas e Herdy são os
únicos que vão garantindo vagas
pelo ranking de acesso.
O diretor-executivo da Abrasp
(Associação Brasileira de Surfe
Profissional), Roberto Perdigão,
também avalia como ruim a fase
da "equipe" nacional no WCT.
Mas, para ele, "os surfistas são
os que tem menor parcela de culpa". Perdigão cobra um maior envolvimento dos patrocinadores
nas carreiras dos atletas, "que
ficam entregues a própria sorte".
"O patrocinador não acompanha o atleta fora do país", afirma.
Perdigão também cita o fato de
que nenhum brasileiro viaja
acompanhado de técnico ou preparador físico, o que ocorre com
cerca da metade dos estrangeiros
no circuito.
Ele diz faltar consciência aos patrocinadores, "alheios aos benefícios das boas performances".
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