São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2000

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FUTEBOL
Relator da comissão é conselheiro do Tubarão (Santa Catarina); vice-presidente é ligado ao Nacional (Amazonas)
Cúpula da CPI tem relação com times

SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O relator e o vice-presidente da CPI do Futebol, instalada ontem no Senado, têm ligações com clubes. Geraldo Althoff (PFL-SC), que ficará com a relatoria, é conselheiro do Tubarão, time de sua cidade que foi duas vezes vice-campeão catarinense.
Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), o vice-presidente, é ligado ao Nacional de Manaus, time que foi promovido neste ano por meio de um convite do Clube dos 13 para a segunda divisão da Copa João Havelange, o Brasileiro-2000.
Na Câmara, onde foi instaurada a CPI da CBF/Nike para investigar o contrato da empresa multinacional com a confederação, a comissão também tem em seu comando e no grupo de integrantes parlamentares ligados a federações ou clubes de futebol.
Segundo Ângelo Zabotti, presidente do Tubarão, Althoff é conselheiro do clube desde 92, quando a fusão de duas equipes deu origem ao time. Zabotti disse que o senador ajuda quando o time está com problemas financeiros.
"É um desportista, uma pessoa que sempre participou da vida do clube", reforçou Pedro Almeida, ex-presidente do Tubarão.
De acordo com Almeida, Althoff nunca participou da diretoria do clube.
O Tubarão está prestes a fechar um acordo de parceria com uma multinacional alemã, que poderá fazê-lo voltar a ser uma das principais forças do futebol catarinense, espera sua diretoria.
Vantagens e aspectos legais e comerciais de contratos de clubes e entidades futebolísticas brasileiras com empresas do exterior são um dos principais focos da investigação da CPI do Futebol.
Médico pediatra e ex-professor universitário, Althoff começou sua carreira política como vereador em Tubarão. Em 94, conseguiu uma vaga de suplente no Senado e acabou assumindo o cargo por causa da morte de Vilson Kleinubing, que era o titular.

Nacional
O senador Gilberto Mestrinho é uma espécie de padrinho do Nacional. Ele não faz parte da atual diretoria do clube, mas já atuou como diretor no passado.
Segundo a Folha apurou, o apoio de Mestrinho foi fundamental para que o Nacional voltasse agora à segunda divisão do Brasileiro, já que em 99 o clube não jogou nem a terceira divisão.
A Copa JH, que equivale ao Brasileiro-2000, foi organizada e é administrada pelo Clube dos 13, a associação que reúne os 20 maiores clubes do Brasil e que tem como principais representantes no Congresso os deputados Eurico Miranda (PPB-RJ) e Zezé Perrella (PFL-MG).
Todos os clubes que disputam a Copa JH foram convidados pelo Clube dos 13. Em boa parte dos casos, os critérios para os convites foram políticos.
À época em que os convites foram feitos, julho último, os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR) e José Roberto Arruda (PSDB-DF) já recolhiam assinaturas para a abertura da CPI.
Mestrinho e Althoff não foram encontrados ontem pela Folha para comentar o assunto.
Um assessor do primeiro afirmou que, apesar de "amante do futebol", o senador não possui vínculos com times regionais.
O assessor de Althoff, que trata da CPI, não respondeu a um recado. A secretária do gabinete informou que o senador estava viajando e não havia mais ninguém para falar sobre o assunto.
Além do relator e do vice-presidente, outros integrantes da CPI têm ligações com o futebol.
Arruda foi um defensor do Gama em disputa jurídica que em 99 envolveu a CBF e o clube brasiliense. Maguito Vilela (PMDB-GO) foi vice-presidente da CBF.
Dias, presidente da CPI do Futebol no Senado, disse acreditar que, durante as discussões, a consciência dos senadores irá prevalecer sobre suas possíveis ligações com clubes.


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