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FUTEBOL
Conmebol e maioria das federações vão discutir mudanças na disputa
América do Sul quer matar
pontos corridos para a Copa
DA REPORTAGEM LOCAL
O que era justo e rentável virou
insustentável e custoso. As eliminatórias sul-americanas para a
Copa tendem a aposentar o sistema de pontos corridos, em turno
e returno, para o Mundial de 2010.
"A disputa está muito extensa e
muito custosa. A maioria das federações nacionais sul-americanas vive situação financeira difícil
e quer mudar o sistema de disputa. Todos contra todos é mais justo, mas a situação mudou muito
nos últimos anos", disse Nestor
Benítez, porta-voz da Conmebol.
O assunto será discutido nas
próximas reuniões do Comitê
Executivo da Conmebol. Argentina e Brasil, que têm as federações
mais poderosas do continente,
acenam também para a mudança
porque possuem muitos jogadores na Europa -hoje, as seleções
fazem 18 partidas no qualificatório ao longo de quase três anos.
"Seria bom reduzirmos o número de partidas nas eliminatórias. A Argentina está com o Brasil
nessa questão", disse à Folha o
presidente da Associação de Futebol Argentino, Julio Grondona.
O presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, está na Europa. Ele foi
um dos dirigentes que mais aprovaram inicialmente o formato
atual das eliminatórias. Isso porque as chances de classificação
são boas (sem mata-mata, as seleções mais fortes correm menos
risco) e, especialmente, haveria
lucro maior com mais partidas.
Além disso, os nove jogos no Brasil em casa servem muitas vezes
como forma de agrado a interesses políticos, sendo distribuídos
pelas federações estaduais.
"Brasil e Argentina vivem outra
realidade na América do Sul. Mas
as outras federações não têm tanto dinheiro assim. A idéia é cortar
custos. É prematuro dizer como
serão as eliminatórias, mas pode
acontecer qualquer coisa, como a
Copa América dar vaga direta para o Mundial", disse Benítez.
A África já fez uma fusão de
suas eliminatórias para a Copa
com as eliminatórias para a Copa
da África. Isso para amenizar o
calendário -muitos jogadores
africanos, a exemplo do que acontece com as estrelas sul-americanas, atuam no futebol europeu.
"O jogador sul-americano tem
prazer em defender sua seleção.
Mas nem sempre isso acontece. A
Europa é mais forte economicamente. Não há como mudar isso",
disse o responsável pelo setor de
comunicação da Conmebol.
As eliminatórias em todos os
outros continentes contam com
grupos ou mata-matas. E nenhuma outra é tão demorada quanto
a sul-americana. A Fifa, apesar da
pressão de clubes europeus, que
relutam em ceder seus atletas seguidas vezes, aprova o regime da
Conmebol -os quatro primeiros
avançam diretamente à Copa, e o
quinto disputa uma repescagem.
"As eliminatórias serão na Copa
América, como sugeriu Ricardo
Teixeira, ou serão disputadas em
dois meses em 2009. O sistema
atual tem rentabilidade, mas é estúpido. Os clubes europeus pagam os jogadores e ficam seis rodadas em um ano sem eles", disse
J. Hawilla, dono da Traffic, agência que tem os direitos sobre a disputa.
(RODRIGO BUENO)
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