São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Conmebol e maioria das federações vão discutir mudanças na disputa

América do Sul quer matar pontos corridos para a Copa

DA REPORTAGEM LOCAL

O que era justo e rentável virou insustentável e custoso. As eliminatórias sul-americanas para a Copa tendem a aposentar o sistema de pontos corridos, em turno e returno, para o Mundial de 2010.
"A disputa está muito extensa e muito custosa. A maioria das federações nacionais sul-americanas vive situação financeira difícil e quer mudar o sistema de disputa. Todos contra todos é mais justo, mas a situação mudou muito nos últimos anos", disse Nestor Benítez, porta-voz da Conmebol.
O assunto será discutido nas próximas reuniões do Comitê Executivo da Conmebol. Argentina e Brasil, que têm as federações mais poderosas do continente, acenam também para a mudança porque possuem muitos jogadores na Europa -hoje, as seleções fazem 18 partidas no qualificatório ao longo de quase três anos.
"Seria bom reduzirmos o número de partidas nas eliminatórias. A Argentina está com o Brasil nessa questão", disse à Folha o presidente da Associação de Futebol Argentino, Julio Grondona.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está na Europa. Ele foi um dos dirigentes que mais aprovaram inicialmente o formato atual das eliminatórias. Isso porque as chances de classificação são boas (sem mata-mata, as seleções mais fortes correm menos risco) e, especialmente, haveria lucro maior com mais partidas. Além disso, os nove jogos no Brasil em casa servem muitas vezes como forma de agrado a interesses políticos, sendo distribuídos pelas federações estaduais.
"Brasil e Argentina vivem outra realidade na América do Sul. Mas as outras federações não têm tanto dinheiro assim. A idéia é cortar custos. É prematuro dizer como serão as eliminatórias, mas pode acontecer qualquer coisa, como a Copa América dar vaga direta para o Mundial", disse Benítez.
A África já fez uma fusão de suas eliminatórias para a Copa com as eliminatórias para a Copa da África. Isso para amenizar o calendário -muitos jogadores africanos, a exemplo do que acontece com as estrelas sul-americanas, atuam no futebol europeu.
"O jogador sul-americano tem prazer em defender sua seleção. Mas nem sempre isso acontece. A Europa é mais forte economicamente. Não há como mudar isso", disse o responsável pelo setor de comunicação da Conmebol.
As eliminatórias em todos os outros continentes contam com grupos ou mata-matas. E nenhuma outra é tão demorada quanto a sul-americana. A Fifa, apesar da pressão de clubes europeus, que relutam em ceder seus atletas seguidas vezes, aprova o regime da Conmebol -os quatro primeiros avançam diretamente à Copa, e o quinto disputa uma repescagem.
"As eliminatórias serão na Copa América, como sugeriu Ricardo Teixeira, ou serão disputadas em dois meses em 2009. O sistema atual tem rentabilidade, mas é estúpido. Os clubes europeus pagam os jogadores e ficam seis rodadas em um ano sem eles", disse J. Hawilla, dono da Traffic, agência que tem os direitos sobre a disputa. (RODRIGO BUENO)


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