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peso nos ombros
Alonso surta às vésperas da decisão
Normalmente agressivo, espanhol terá que adotar estilo cauteloso no GP Brasil para confirmar o bicampeonato na F-1
Campeão no ano passado em Interlagos, piloto revela ansiedade e diz que pensa várias vezes em como será se ganhar ou perder o título
FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
No início da decisão mais
aguardada dos últimos seis
Mundiais, cautela. Num circuito que deve amanhecer molhado, cautela. Na vigília para um
bi ou para um octo, cautela. E
em meio a tanta precaução, um
piloto que começa a surtar.
Campeão em 2005 no autódromo de Interlagos, em São
Paulo, Fernando Alonso, 25, revelou ontem que começa a ter
problemas para digerir sua tarefa neste fim de semana. Normalmente agressivo, o espanhol terá que negar o sangue
quente para não pôr em risco
um título quase conquistado.
"Foi uma semana difícil. Não
paro de pensar no final da corrida. Já pensei milhares de vezes em como será se eu ganhar
e já pensei milhares de vezes
em como será se eu perder", declarou o espanhol, que chegou a
mudar radicalmente a forma de
preparação para a corrida.
"A parte da preparação física
ficou meio em segundo plano.
Não fiz esporte nenhum para
não correr o risco de me machucar. Não fiz mountain bike,
não joguei tênis nem futebol."
Haveria, ainda, uma outra razão para o cuidado de Alonso
com este fim de semana. Na última terça, um jornal alemão, o
"Bild-Zeitung", publicou reportagem em que um integrante da Renault revelava que o espanhol teme Interlagos desde o
acidente que sofreu no circuito
em 2003, o mais forte de sua
carreira no automobilismo.
Até Michael Schumacher,
que precisa arriscar tudo neste
final de semana, deve adotar a
cautela como norma para os
treinos livres de hoje, que
abrem a programação oficial do
GP Brasil, a última etapa do
Mundial -as sessões, com uma
hora de duração cada uma, começam às 11h e às 14h, com TV.
Como a previsão é de pista
molhada hoje e de tempo seco
amanhã e no domingo, não há
razão para os pilotos completarem grande número de voltas.
O ensaio, afinal, ocorreria
num cenário bem diferente daquele dos eventos principais, o
treino classificatório e a prova.
Pior: consumindo motor. Uma
eventual quebra de propulsor
custará ao piloto-vítima a perda de dez posições no grid.
Dessa forma, o torcedor que
for a Interlagos hoje deve ver
muito pouco de Alonso e Schumacher enquanto o asfalto estiver úmido. O trabalho deve ficar concentrado nas mãos dos
pilotos de testes, gente desconhecida do grande público, como o venezuelano Ernesto Viso, da Spyker-Midland, e o suíço Neel Jani, da Toro Rosso.
Desde 2000, quando Michael
Schumacher bateu Mika Hakkinen no GP do Japão, em Suzuka, e encerrou um jejum de
21 anos da Ferrari sem títulos
do Mundial de Pilotos, a F-1
não esperava -e não discutia-
tanto uma simples corrida.
Desta vez, a disputa pelo título é um dos atrativos. O outro, a
despedida de Schumacher.
"Não estou pensando muito
nisso agora, mas sei que vou
pensar nos próximos dias", disse o ferrarista, ontem.
Para ser bicampeão, independentemente do resultado
do alemão, Fernando Alonso só
precisa de um oitavo lugar no
GP brasileiro. Já o ferrarista
tem que vencer e esperar que o
rival abandone ou seja, no máximo, nono colocado.
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