São Paulo, Sábado, 20 de Novembro de 1999
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BOXE

Punição a brasileiro foi causada pelo fato de ele ter defendido o cinturão de maneira irregular no dia 26

Justiça dos EUA detém e algema Popó

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

O brasileiro Acelino Freitas, o Popó, 24, campeão dos superpenas pela Organização Mundial de Boxe, foi algemado e detido brevemente durante uma sessão judicial em Las Vegas (EUA), ontem, por ter defendido o cinturão no último dia 26 na Bahia.
O juiz Michael Cherry, que supervisiona o caso no qual Arthur Pelullo ganhou ação por quebra de contrato, confirmou que o norte-americano segue como único promotor de lutas de Popó.
Foi disputando o torneio Boxcino, promovido por Pelullo (que reuniu pugilistas de oito países em 1997), que Popó começou a ganhar notoriedade no cenário pugilístico internacional.
Como o combate contra Anthony Martinez não foi promovido pelo norte-americano, Cherry resolveu punir o baiano, ordenando que os policiais algemassem o pugilista e o encaminhassem à sua ante-sala, onde permaneceu por algumas horas.
Após pagar uma multa de US$ 10 mil, o brasileiro, que não estava acompanhado por nenhum de seus empresários, foi liberado.
Segundo Ruy Pontes, um de seus empresários, ele não acompanhou Popó à audiência porque teve de permanecer no Brasil organizando uma programação de boxe. O outro empresário, o mexicano Ricardo Maldonado, que cuida dos interesses do lutador no exterior, estava no Japão, onde outro de seus boxeadores lutaria.
O empresário brasileiro nega que seu lutador estivesse desamparado durante a sessão nos EUA.
""Um juiz baiano havia concedeu liminar autorizando a luta. Pena que os norte-americanos não reconheceram", reclamou Pontes. ""Achei que a audiência ia dar em nada, por isso não fui. Mas o irmão de meu sócio na "Oficina de Idéias" (empresa que empresaria Popó) acompanhou ele."
A TV Globo, que transmitiu o combate, também se isenta de qualquer culpa no caso.
Ciro José, diretor de negociação de direitos esportivos da emissora, explica que ""como a OMB havia dado o aval para a luta, entendemos que não havia problemas".
O empresário norte-americano Pelullo afirmou que o juiz Cherry optou por ""congelar" seu contrato com o brasileiro e estaria propenso a prorrogar ainda mais sua validade, que em condições normais iria até fevereiro.
""O juiz confirmou que Popó não pode lutar por mais ninguém a não ser eu", disse Pelullo.
Pontes, porém, vê uma saída.
""Entramos com uma apelação na Justiça dos EUA. O resultado deve sair no próximo dia 10. Quero deixar bem claro que não vamos fazer acordo nenhum com esse Pelullo", disse Pontes.
O empresário brasileiro minimiza os efeitos negativos que a manutenção da decisão em favor de Pelullo possa ter.
""O máximo que ocorreria então é que Popó não poderia mais lutar dentro dos EUA. Nesse caso, continuaríamos fazendo suas lutas no Brasil. Ou em outra parte do mundo", explica Pontes.
Essa situação, no entanto, impediria que Popó participasse de lutas unificatórias contra os campeões pelas outras versões.
Os norte-americanos Floyd Mayweather, campeão pelo Conselho Mundial de Boxe, e Diego Corrales, dono do cinturão da Federação Internacional de Boxe, desenvolvem carreira nos EUA, pois o dinheiro das TVs norte-americanas é fundamental para a realização das ""superlutas".
A próxima apresentação de Popó, que está invicto em 22 combates, todos decididos por nocaute, deve ocorrer contra o britânico Barry Jones, ex-campeão e primeiro do ranking da OMB, provavelmente em Salvador.



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