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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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BRASIL 3 X 3 URUGUAI

Atacado como nunca, Brasil apela a Ronaldo


Gols do artilheiro salvam a seleção de Parreira de vexame diante de adversário que pressionou com até seis jogadores ofensivos


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

O historicamente retranqueiro Uruguai jogou ontem como o Brasil dos sonhos da torcida: ofensivo, com três atacantes e três meias avançados. Já a pragmática seleção de Carlos Alberto Parreira precisou de Ronaldo, seu histórico artilheiro, para evitar um vexame em pleno Pinheirão.
O empate em 3 a 3 com os uruguaios, festejado pelos atletas locais, encerrou de vez a lua-de-mel pós-penta com a torcida brasileira. Os paranaenses vaiaram o time, chamaram Parreira de burro e hostilizaram o zagueiro Lúcio.
Depois do placar de 1 a 1 com o Peru e das críticas do presidente Lula, que qualificou o desempenho brasileiro como um "vexame", o time de Parreira abriu 2 a 0, foi dominado pelos uruguaios e permitiu a virada. Só empatou a três minutos do fim, quando Ronaldo marcou pela segunda vez e evitou o que seria a primeira derrota da seleção em casa na história das eliminatórias.
O time brasileiro, que queria ganhar "gordura" nos dois jogos de novembro e tranquilidade na busca pela vaga na Copa da Alemanha, somou apenas dois pontos e iniciará 2004 com a necessidade de vencer para evitar a primeira crise da nova era Parreira.
Ousado, o Uruguai escalado por Juan Ramón Carrasco em nada lembrava a catimbeira e violenta seleção celeste de tempos atrás. O técnico esqueceu o "ferrolho" para entrar em campo com uma formação ofensiva, com os atacantes Hornos, Zalayeta e Forlán e o meia-atacante Liguera.
Ainda na etapa inicial, aos 37min, Carrasco colocou o time ainda mais à frente -substituiu Abeijon pelo ofensivo Nuñez. No intervalo, apelou ao meia-atacante Recoba para tentar o empate.
A esta altura, perdia por 2 a 0, apesar de ter dominado grande parte do primeiro tempo.
O Brasil, pressionado nos primeiros minutos, só passou a dominar depois dos 20min, quando Kaká, de coxa, abriu o placar.
O time de Parreira, empurrado pela torcida, ampliou nove minutos depois, com Ronaldo. A torcida festejava, e a goleada parecia questão de tempo.
Na etapa final, o Brasil voltou a mostrar velhos erros. Ficou totalmente perdida a partir do primeiro gol uruguaio. Aos 12min, Forlán aproveitou uma bobeira de Roque Júnior para descontar.
Parreira ainda tentou equilibrar a partida, colocando Alex no lugar de Kaká. Foi xingado de burro por quase todo o estádio.
Em dois minutos, o Uruguai virou. Aos 31min, Forlán voltou a marcar, após confusão na área. Aos 33min, Gilberto Silva tentou tirar a bola com a cabeça e encobriu Dida, que estava adiantado, fazendo o terceiro gol uruguaio.
O filme das eliminatórias da Copa de 2002, em que o Brasil foi batido seis vezes, fez sua pior campanha na competição e esteve ameaçado de desclassificação, parecia estar se repetindo.
Com o time em desvantagem, Parreira arriscou tudo. Colocou Juninho Pernambucano no lugar de Renato e Luis Fabiano no de Rivaldo, que viveu noite apagada.
Mais ofensivo, o Brasil reagiu. Em seu primeiro lance, o atacante são-paulino quase empatou, em chute forte que passou rente à trave. Aos 42min, Ronaldo aproveitou jogada de Zé Roberto e bateu cruzado, para marcar seu 51º gol com a camisa amarela e superar seu objetivo em 2003 -queria alcançar a marca de 50 gols.
Parreira, marcado pela fama de retranqueiro principalmente após o time sem brilho e pragmático do tetra, em 1994, viu sua opção colocada em xeque. Sua equipe reagiu apenas quando ele imitou seu colega uruguaio. Após as vaias e o susto em Curitiba, já admite alterar a seleção. Se depender do sonho da maioria da torcida brasileira, jogará como o novo Uruguai no resto da competição.


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