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REMENDO
Com arquibancada provisória, Pinheirão desacata resolução da entidade máxima da bola
"Obra-modelo" despreza normas da Fifa
DO ENVIADO A CURITIBA
Os organizadores de Brasil 3 x 3
Uruguai correram para aprontar
o estádio e tentar atender às exigências previstas pelo Estatuto
do Torcedor, como numeração
das arquibancadas, monitoramento eletrônico das catracas e
acesso para portadores de deficiência física. As normas da Fifa,
no entanto, foram desprezadas.
A Federação Paranaense de Futebol montou um setor com estrutura metálica provisória para
abrigar 1.300 torcedores no Pinheirão. Os interessados pelas
entradas, vendidas com antecedência, pagaram R$ 300, que davam direito, além do jogo, a um
serviço de buffet e elevador.
Uma resolução de outubro de
1994 da Fifa baixa várias regras
para o uso desses tipos de arquibancadas, que chegaram inclusive a serem banidas entre 92 e 94.
Um dos principais pontos da
resolução apontava a exigência
de uma autorização especial da
Fifa para a utilização das chamadas "arquibancadas temporárias" em cada jogo internacional.
"Temos autorização do Corpo
de Bombeiros e do Crea [Conselho Regional de Engenharia]",
disse Onaireves Moura, o presidente da federação, que conseguiu com Ricardo Teixeira que o
jogo fosse no Pinheirão e não na
Arena da Baixada -o primeiro
pertence à própria federação, o
segundo, ao Atlético-PR.
Moura, no entanto, admite não
ter feito contato algum com a Fifa
para a edificação da estrutura,
montada especialmente para a
partida de ontem.
Na Europa, a Fifa vem sendo
implacável com a questão. A Irlanda, por exemplo, recebeu a ordem de remover 14 mil lugares
em arquibancadas provisórias.
Dessa forma, já que o principal
campo do país ficou pequeno,
existe a possibilidade de mandar
seus jogos nas eliminatórias para
a Copa na Inglaterra.
Recentemente, Joseph Blatter,
o presidente da Fifa, lamentou
que alguns países não respeitem
as normas de segurança nos estádios impostas pela entidade.
"Há evidências de que as lições
que já tivemos não foram aprendidas por todos os lugares", disse
o cartola, lembrando da ocorrência de casos na Europa e África.
Um dos mais famosos aconteceu na França. Em 1992, numa
semifinal da Copa da França,
uma arquibancada metálica
ruiu no jogo entre Bastia e
Olympique, matando 19 pessoas e ferindo uma centena.
A estrutura metálica no Pinheirão foi montada, segundo a
empresa responsável pelas
obras, em tempo recorde.
"Tivemos apenas 30 dias corridos para a obra", afirmou Júlio César Mouro Moreira, diretor comercial da Orpec.
Segundo Moreira, a edificação, além das autorizações dos
bombeiros e do Crea, tem o
aval de Ricardo Teixeira e do
governador do Paraná, Roberto Requião, que é do PMDB.
Os dois participaram de um
teste. Antes de dar velocidade
total à obra, a Orpec fez um camarote único e convidou Teixeira e Requião para que pudessem comprovar o conforto e
a segurança das instalações.
Porém, apesar de ter dito à
Folha que o Pinheirão ficaria
pronto para a partida de ontem
com mais de 30 dias de antecedência, Moura viu que as coisas
não foram bem assim. À tarde,
o dirigente acompanhava um
ritmo ainda alucinante de
obras no estádio, inclusive nas
estruturas metálicas.
"Fizemos nosso cronograma
levando em conta o fluxo de
caixa", afirmou o dirigente, que
lamentou muito a falta de dinheiro para tocar as reformas
em ritmo acelerado.
Não será com a bilheteria do
jogo, de R$ 1.603.655, que o Pinheirão ficará mais moderno.
Do total da renda líquida, apenas 10% ficará com os paranaenses -o resto vai para os
cofres da CBF, que tem em
Onaireves Moura um de seus
principais aliados.
(PC)
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