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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Equipe pressiona CBF, mas não se livra de jogar na cidade a partida que pode colocá-lo de novo na elite do Brasileiro

Garanhuns ganha disputa com Palmeiras

EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Às vésperas da batalha por uma vaga no Brasileiro da Série A, Palmeiras e Sport travaram ontem uma guerra nos bastidores que só se encerrou às 20h45. O ponto da discórdia era o Gigante do Agreste, acanhado estádio da cidade de Garanhuns (a 209 km de Recife), palco da partida de sábado.
Desde a manhã de ontem, Mustafá Contursi disparou telefonemas para Curitiba, onde a cúpula da CBF esperava o jogo da seleção brasileira pelas eliminatórias.
O presidente do Palmeiras, segundo a Folha apurou, falou algumas vezes com Marco Antonio Teixeira, secretário-geral da CBF e homem-forte das decisões administrativas da confederação.
Antigo aliado da CBF, Contursi argumentava que o Palmeiras, e não o Sport, estava sendo punido por jogar em Garanhuns. Inicialmente, a partida estava marcada para Recife, mas a Justiça esportiva tirou um mando de campo do clube nordestino, obrigando-o a jogar a no mínimo 150 km da capital pernambucana.
Contursi alegava que o Gigante do Agreste não está à altura do Palmeiras e que a escolha do local dificulta a logística do time paulista. A CBF, então, iniciou uma operação para mudar o local.
Virgílio Elísio, diretor do Departamento Técnico da CBF, foi acionado por Teixeira. Imediatamente, enviou o vice-diretor técnico, José Dias, e o arquiteto Ronaldo Menezes para analisar as condições do estádio.
A CBF exigiu da federação pernambucana laudos da Polícia Militar, do Crea (Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia) e o Habite-se, termo cedido pela prefeitura para uso do estádio.
A diretoria do Sport agiu rápido para tentar impedir a ofensiva palmeirense e acionou até o governador do Estado, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que teria cedido seu avião para os representantes da CBF irem a Garanhuns.
Às 14h, Peter Silva, presidente da FBA, entidade que congrega times da Série B, dizia à Folha que não havia hipótese de mudança. Ele também estava em Curitiba, almoçando com a dupla Marco Antonio e Ricardo Teixeira.
O presidente do Sport, Severino Otávio, o Branquinho, disse que recebera a informação de que a CBF havia mandado o Palmeiras viajar para Maceió (AL). "O jogo não sai de Pernambuco. Já brigamos pelos nossos direitos em 1987 [quando o time foi reconhecido como campeão brasileiro após luta com o Flamengo]. Um estádio que serve para o Sport e para o Náutico serve para o Palmeiras."
O recado estava dado. O Sport, que cumprira todas as exigências da CBF, poderia não entrar em campo e melar a Série B.
Do outro lado, o Palmeiras não desistia. Por volta das 19h, a FBA informava que a questão estava sub judice. Às 20h, Elísio disse à Folha que as chances de alteração eram "remotíssimas".
Somente às 20h45 Nabi Abi Chedid, presidente interino da CBF, disse oficialmente que o jogo estava mantido. "Nossos enviados disseram que está tudo ok. O jogo está mantido para Garanhuns, às 21h40 de sábado."
O Palmeiras, forte nos bastidores, perdeu a primeira batalha. Precisa apenas de um ponto para voltar à elite. Com dois, garante o título da Série B. Mas, para isso, terá que encarar o "pasto", como se referiu o goleiro Marcos ao campo de Garanhuns. Já o Sport soma quatro pontos, um a menos que o Botafogo-RJ. "O Palmeiras mexeu conosco. Após essa palhaçada, vamos ganhar de qualquer jeito", afirmou Branquinho.


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