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FUTEBOL
Equipe pressiona CBF, mas não se livra de jogar na cidade a partida que pode colocá-lo de novo na elite do Brasileiro
Garanhuns ganha disputa com Palmeiras
EDUARDO ARRUDA
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Às vésperas da batalha por uma
vaga no Brasileiro da Série A, Palmeiras e Sport travaram ontem
uma guerra nos bastidores que só
se encerrou às 20h45. O ponto da
discórdia era o Gigante do Agreste, acanhado estádio da cidade de
Garanhuns (a 209 km de Recife),
palco da partida de sábado.
Desde a manhã de ontem, Mustafá Contursi disparou telefonemas para Curitiba, onde a cúpula
da CBF esperava o jogo da seleção
brasileira pelas eliminatórias.
O presidente do Palmeiras, segundo a Folha apurou, falou algumas vezes com Marco Antonio
Teixeira, secretário-geral da CBF
e homem-forte das decisões administrativas da confederação.
Antigo aliado da CBF, Contursi
argumentava que o Palmeiras, e
não o Sport, estava sendo punido
por jogar em Garanhuns. Inicialmente, a partida estava marcada
para Recife, mas a Justiça esportiva tirou um mando de campo do
clube nordestino, obrigando-o a
jogar a no mínimo 150 km da capital pernambucana.
Contursi alegava que o Gigante
do Agreste não está à altura do
Palmeiras e que a escolha do local
dificulta a logística do time paulista. A CBF, então, iniciou uma operação para mudar o local.
Virgílio Elísio, diretor do Departamento Técnico da CBF, foi
acionado por Teixeira. Imediatamente, enviou o vice-diretor técnico, José Dias, e o arquiteto Ronaldo Menezes para analisar as
condições do estádio.
A CBF exigiu da federação pernambucana laudos da Polícia Militar, do Crea (Conselho Regional
de Arquitetura e Engenharia) e o
Habite-se, termo cedido pela prefeitura para uso do estádio.
A diretoria do Sport agiu rápido
para tentar impedir a ofensiva
palmeirense e acionou até o governador do Estado, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que teria cedido seu avião para os representantes da CBF irem a Garanhuns.
Às 14h, Peter Silva, presidente
da FBA, entidade que congrega times da Série B, dizia à Folha que
não havia hipótese de mudança.
Ele também estava em Curitiba,
almoçando com a dupla Marco
Antonio e Ricardo Teixeira.
O presidente do Sport, Severino
Otávio, o Branquinho, disse que
recebera a informação de que a
CBF havia mandado o Palmeiras
viajar para Maceió (AL). "O jogo
não sai de Pernambuco. Já brigamos pelos nossos direitos em 1987
[quando o time foi reconhecido
como campeão brasileiro após luta com o Flamengo]. Um estádio
que serve para o Sport e para o
Náutico serve para o Palmeiras."
O recado estava dado. O Sport,
que cumprira todas as exigências
da CBF, poderia não entrar em
campo e melar a Série B.
Do outro lado, o Palmeiras não
desistia. Por volta das 19h, a FBA
informava que a questão estava
sub judice. Às 20h, Elísio disse à
Folha que as chances de alteração
eram "remotíssimas".
Somente às 20h45 Nabi Abi
Chedid, presidente interino da
CBF, disse oficialmente que o jogo
estava mantido. "Nossos enviados disseram que está tudo ok. O
jogo está mantido para Garanhuns, às 21h40 de sábado."
O Palmeiras, forte nos bastidores, perdeu a primeira batalha.
Precisa apenas de um ponto para
voltar à elite. Com dois, garante o
título da Série B. Mas, para isso,
terá que encarar o "pasto", como
se referiu o goleiro Marcos ao
campo de Garanhuns. Já o Sport
soma quatro pontos, um a menos
que o Botafogo-RJ. "O Palmeiras
mexeu conosco. Após essa palhaçada, vamos ganhar de qualquer
jeito", afirmou Branquinho.
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