|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Com base em laudos e exames de Serginho, delegado irá indiciar dirigente e médico do time e talvez também o técnico
Inquérito culpa São Caetano por tragédia
KLEBER TOMAZ
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com base no prontuário médico com os laudos e exames do zagueiro Serginho feitos entre fevereiro e junho pelo Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP), o delegado Guaracy
Moreira Filho, titular do 34º Distrito Policial, irá indiciar o presidente do São Caetano, Nairo de
Souza, e o médico do clube, Paulo
Forte pela morte do jogador.
O técnico Péricles Chamusca será convocado a depor e também
pode ser responsabilizado por ter
escalado o jogador -que atuou
47 vezes após o clube ser informado pelo Incor de que ele tinha cardiomiopatia hipertrófica assimétrica (doença na qual o coração
incha) e que corria risco de morte
caso continuasse a jogar futebol.
"A responsabilidade do São
Caetano é cristalina", disse Guaracy, que aponta Nairo e Forte como "garantidores" de Serginho,
morto no dia 27 de outubro, após
sofrer parada cardiorrespiratória
no gramado do Morumbi.
Para o delegado, existe a possibilidade de o presidente e o médico do São Caetano serem indiciados por homicídio doloso (com
intenção de matar). A pena para
esse tipo de crime varia entre seis
e 20 anos de prisão. No caso de
homicídio culposo (sem intenção), a pena é de um e três anos.
"Pela análise do prontuário e
pelo o que foi dito pelas testemunhas, eles [Nairo e Forte] sabiam
do perigo que corria Serginho.
Por isso, serão indiciados por homicídio", disse Guaracy.
Outra tese que corrobora o indiciamento dos dois é o fato de o goleiro Silvio Luiz ter afirmado ainda no gramado do Morumbi que
seu companheiro de time tinha
problema no coração.
"Se os jogadores sabiam disso,
por que o médico e o presidente
não iriam saber?", disse Guaracy,
que irá convocar Nairo e Forte para prestarem novo depoimento.
No primeiro depoimento à Polícia, Nairo e Forte declararam que
Serginho tinha uma arritmia leve,
e que o clube não recebeu do Incor nenhum documento que impedia Serginho de jogar.
Em depoimento prestado ontem à Polícia, Edimar Bocchi, cardiologista do Incor, contesta a
versão acima, e afirma que Forte e
Serginho foram alertados de que a
atividade do zagueiro era incompatível com sua saúde.
Mais de 50 pessoas, dentre as
quais a mulher de Serginho, Helaine (que afirmou desconhecer
que o marido estava doente), já
foram ouvidas no inquérito que
investiga se houve imprudência
na escalação ou negligência no
atendimento de Serginho.
Apesar disso, sua conclusão depende de mais oitivas e do laudo
detalhado do SVO (Serviço de Verificação de Óbito), ao qual a Folha teve acesso e dá conta de que
Serginho morreu de edema pulmonar e hipertrofia miocárdica
(engrossamento das fibras do
músculo do coração).
Concluído, o inquérito seguirá
então para o Ministério Público,
que poderá acolher a denúncia e
pedir novas provas ou ainda arquivar o caso.
Texto Anterior: Flu tem volta de goleiro Próximo Texto: Tribunal separa caso criminal do desportivo Índice
|