São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Enquanto Inter segue planos e manual de vencedores, paulistas tentam taça em meio à rusgas e trocas de técnicos

"Final" opõe caxias do Sul a rebeldes de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Para chegar a "decisão" do Brasileiro, o Corinthians fez tudo o que um manual de conduta para um time vencedor condenaria. O Internacional, pelo contrário, fez até certo demais.
Os caminhos que nortearam as duas melhores equipes do Nacional são muito distintos, mas até agora igualmente eficientes. Ou melhor, quase iguais.
Os corintianos, que derrubaram chavões de comportamento para um campeão, estão à frente. O estrelado time da MSI, que gastou R$ 113 milhões em reforços, atropelou seus problemas internos para chegar hoje ao Pacaembu como líder do torneio e principal favorito à conquista do Nacional.
Os três pontos a mais que o separam do Internacional foram conseguidos em meio à troca de técnicos, brigas entre atletas, divergências entre dirigentes e pitacos de cartolas na equipe.
Para o Corinthians, no entanto, os problemas de planejamento quase não fizeram diferença. A equipe do Parque São Jorge, que hoje é comandada por Antônio Lopes, já passou pela prancheta de dois outros treinadores.
Começou o Brasileiro com o argentino Daniel Passarella, demitido após três jogos e uma série de confusões. O técnico afastou o goleiro Fábio Costa, se desentendeu com o meia Roger e se deu mal com o elenco. Deixou o time nas últimas posições, nas mãos do novato Márcio Bittencourt, que até então era auxiliar no clube.
Boa-praça, amigo dos atletas, Márcio não fez feio. Tirou os corintianos do atoleiro, liderou por seis rodadas e o entregou na segunda posição para Lopes.
O questionamento de como um técnico é demitido com o time nas primeiras posições foi exaustivamente feito à cúpula corintiana.
"Tivemos que trocar. Precisávamos de um treinador mais experiente", disse o vice de futebol do clube, Andrés Sanchez.
A pressão pela saída de Márcio teve ingerência pública do presidente do clube, Alberto Dualib, e do presidente da MSI, Kia Joorabchian, que criticaram o trabalho do treinador.
A diretoria teve de apagar incêndios com as freqüentes brigas no elenco. Primeiro de Tevez com Carlos Alberto. Depois o argentino trocou socos com Marquinhos. Carlos Alberto também teve atritos com o auxiliar técnico Ricardo Rosa. "Só falam dos problemas que aconteceram, mas não nos elogiam dizendo que conseguimos contornar todas essas situações para que não afetasse o time", reclama Sanchez.
Ainda que o time tenha se acertado em campo, fora dele a situação ainda pega fogo. A parceria tem problemas que a cada dia se mostram mais sem solução. Dualib não aceita mais a presença de Kia no comando da parceira.
O corintiano reclama que o iraniano não honrou os compromissos financeiros assumidos em contrato. Kia diz que já gastou muito mais do que os US$ 35 milhões previstos no acordo válido por dez anos.
Enquanto os corintianos caminham aos trancos e barrancos, o Inter segue protocolo semelhante ao dos dois últimos campeões por pontos corridos -Cruzeiro e Santos, que foram campeões com poucas turbulências.
O técnico Muricy Ramalho dirige o clube gaúcho desde o segundo turno do Brasileiro do ano passado. Tem afinidade com o grupo de jogadores, que o acolheu no momento em que houve pressão da torcida por sua saída.
Muricy goza de autonomia no cargo, não aceita interferências da diretoria, que mostra confiança em seu trabalho.
"O clube está de parabéns por ter seguido o planejamento feito desde o início da temporada. Agradeço pela confiança que tem em mim. Mas é claro que passa pelos resultados e isso está acontecendo", diz o treinador que, após o Brasileiro, deve ficar três meses descansando. Mas o cargo, afirma a diretoria, estará assegurado em seu retorno.
Politicamente, os gaúchos também vivem tranqüilidade. O presidente Fernando Carvalho mantém quase a mesma diretoria desde sua primeira gestão, que começou em 2003. (EDUARDO ARRUDA E KLEBER TOMAZ)


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