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FUTEBOL
Enquanto Inter segue planos e manual de vencedores, paulistas tentam taça em meio à rusgas e trocas de técnicos
"Final" opõe caxias do Sul a rebeldes de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Para chegar a "decisão" do Brasileiro, o Corinthians fez tudo o
que um manual de conduta para
um time vencedor condenaria. O
Internacional, pelo contrário, fez
até certo demais.
Os caminhos que nortearam as
duas melhores equipes do Nacional são muito distintos, mas até
agora igualmente eficientes. Ou
melhor, quase iguais.
Os corintianos, que derrubaram
chavões de comportamento para
um campeão, estão à frente. O estrelado time da MSI, que gastou
R$ 113 milhões em reforços, atropelou seus problemas internos
para chegar hoje ao Pacaembu como líder do torneio e principal favorito à conquista do Nacional.
Os três pontos a mais que o separam do Internacional foram
conseguidos em meio à troca de
técnicos, brigas entre atletas, divergências entre dirigentes e pitacos de cartolas na equipe.
Para o Corinthians, no entanto,
os problemas de planejamento
quase não fizeram diferença. A
equipe do Parque São Jorge, que
hoje é comandada por Antônio
Lopes, já passou pela prancheta
de dois outros treinadores.
Começou o Brasileiro com o argentino Daniel Passarella, demitido após três jogos e uma série de
confusões. O técnico afastou o goleiro Fábio Costa, se desentendeu
com o meia Roger e se deu mal
com o elenco. Deixou o time nas
últimas posições, nas mãos do novato Márcio Bittencourt, que até
então era auxiliar no clube.
Boa-praça, amigo dos atletas,
Márcio não fez feio. Tirou os corintianos do atoleiro, liderou por
seis rodadas e o entregou na segunda posição para Lopes.
O questionamento de como um
técnico é demitido com o time nas
primeiras posições foi exaustivamente feito à cúpula corintiana.
"Tivemos que trocar. Precisávamos de um treinador mais experiente", disse o vice de futebol do
clube, Andrés Sanchez.
A pressão pela saída de Márcio
teve ingerência pública do presidente do clube, Alberto Dualib, e
do presidente da MSI, Kia Joorabchian, que criticaram o trabalho
do treinador.
A diretoria teve de apagar incêndios com as freqüentes brigas
no elenco. Primeiro de Tevez com
Carlos Alberto. Depois o argentino trocou socos com Marquinhos. Carlos Alberto também teve atritos com o auxiliar técnico
Ricardo Rosa. "Só falam dos problemas que aconteceram, mas
não nos elogiam dizendo que
conseguimos contornar todas essas situações para que não afetasse o time", reclama Sanchez.
Ainda que o time tenha se acertado em campo, fora dele a situação ainda pega fogo. A parceria
tem problemas que a cada dia se
mostram mais sem solução. Dualib não aceita mais a presença de
Kia no comando da parceira.
O corintiano reclama que o iraniano não honrou os compromissos financeiros assumidos em
contrato. Kia diz que já gastou
muito mais do que os US$ 35 milhões previstos no acordo válido
por dez anos.
Enquanto os corintianos caminham aos trancos e barrancos, o
Inter segue protocolo semelhante
ao dos dois últimos campeões por
pontos corridos -Cruzeiro e
Santos, que foram campeões com
poucas turbulências.
O técnico Muricy Ramalho dirige o clube gaúcho desde o segundo turno do Brasileiro do ano passado. Tem afinidade com o grupo
de jogadores, que o acolheu no
momento em que houve pressão
da torcida por sua saída.
Muricy goza de autonomia no
cargo, não aceita interferências da
diretoria, que mostra confiança
em seu trabalho.
"O clube está de parabéns por
ter seguido o planejamento feito
desde o início da temporada.
Agradeço pela confiança que tem
em mim. Mas é claro que passa
pelos resultados e isso está acontecendo", diz o treinador que,
após o Brasileiro, deve ficar três
meses descansando. Mas o cargo,
afirma a diretoria, estará assegurado em seu retorno.
Politicamente, os gaúchos também vivem tranqüilidade. O presidente Fernando Carvalho mantém quase a mesma diretoria desde sua primeira gestão, que começou em 2003.
(EDUARDO ARRUDA E KLEBER TOMAZ)
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