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GINÁSTICA
Atleta, que defende nesta semana seu título mundial, diz que não descartou o duplo twist esticado, usado em Atenas
Daiane projeta resgatar salto exclusivo
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ciente de que é a única no mundo capaz de realizar o duplo twist
esticado, Daiane dos Santos diz
que pode lançar mão do movimento nesta semana, quando defenderá o título mais importante
da ginástica brasileira no Mundial
de Melbourne (AUS).
Desde 23 agosto de 2004, quando obteve o quinto lugar no solo
da Olimpíada de Atenas, a ginasta
gaúcha deixou de lado o movimento, que é uma versão do duplo twist carpado -o Dos Santos-, no qual executa um mortal
com meia-volta e dois giros no ar
com braços próximos à cintura.
"Treino ainda o duplo twist esticado e até o tsukahara [pirueta
com mortal de costas] nas minhas
séries de solo. Caso seja preciso,
irei utilizá-los", diz a atleta.
O movimento, que assim como
o Dos Santos vale um Super E
(conceito mais valioso na ginástica, que rende hoje 0,30 ponto de
bonificação), foi apresentado por
Daiane em sua primeira passada
na final olímpica do ano passado,
quando acabou pisando fora da
área de solo no ginásio do Olympic Indoor Hall e ficou a 0,112
ponto de um lugar no pódio.
Em entrevista à Folha, Daiane
afirma que hoje não se sente tão
pressionada e que sua rotina a impede de ter um namorado.
Folha - O que mudou desde o título mundial em 2003?
Daiane dos Santos - Mudou bastante coisa, apesar de o empenho
nos treinos e nas competições ser
o mesmo. Ficamos mais conhecidas no mundo da ginástica e fora
dele. Conseguimos fazer o nome
perante a arbitragem. Mas a grande mudança mesmo é em relação
à responsabilidade, que agora é o
dobro, já que você sabe que está
representando seu país e sendo
exemplo para muitas crianças.
Folha - Você venceu com nota
9,737 no Mundial de Anaheim, em
2003. É possível repeti-la?
Daiane - É difícil dizer, a ginástica muda muito de um ano para
outro e principalmente de um ciclo olímpico para outro. O objetivo não é repetir a nota, e sim acertar a série. A nota é conseqüência.
Folha - E quanto ao duplo twist
esticado? Ele está aposentado?
Daiane - Não. Treino todos os
movimentos todas as semanas.
Faço não só o [duplo twist] esticado mas também o carpado e o
tsukahara. Não está combinado.
Mas, dependendo do nível do torneio, caso seja preciso e o treinador e a comissão técnica decidam
que é melhor usá-lo, irei apresentá-los sem problemas.
Folha - Ele é um diferencial, já
que outras atletas têm copiado o
Dos Santos... O motivo de ele não
ter sido usado são os joelhos?
Daiane - É um movimento muito bom. É verdade que ele exige
um pouco mais, devido ao impacto. Mas foi decisão técnica não
usá-lo até agora, não somente por
causa dos joelhos.
Folha - E os seus joelhos?
Daiane - Eles estão bem, tranqüilos. Estou cuidando deles.
Folha - Dá para dizer que você está no auge nesta temporada?
Daiane - Se estou 100%? Sim, todo o trabalho foi feito com base
no Mundial, que é o principal objetivo nesta temporada. Creio que
não só eu, mas a Daniele [Hypólito], a Laís [Souza] e a Camila [Comin] também estão bem.
Folha - Você se sente tão pressionada tanto quanto na Olimpíada?
Daiane - Não, estou tranqüila.
Agora é diferente. Na Olimpíada,
era algo inédito. E a maior pressão, na ginástica, vem de cada
uma de nós, as atletas. Mas já eu
sou bastante experiente para lidar
com isso.
Folha - Você já esteve na Austrália. Foi difícil ou frustrante para você ter atuado como reserva na
Olimpíada de Sydney, em 2000?
Daiane - Já estive. Competi na
Canberra Cup, em 1998, e fui bem
[terminou o torneio juvenil em
primeiro lugar no solo e no salto e
em sétimo no individual geral]. E,
quanto a ser reserva, não foi difícil, nem frustrante. Tínhamos só
duas vagas, e fui a reserva. Sei que
aquele não era o meu momento.
Folha - Quem você acredita que
possam ser suas maiores rivais?
Daiane - A Alicia Sacramone,
dos EUA, é completa. Ela é ótima.
A Catalina Ponor, que espero que
atue no solo, também é uma boa
atleta. Agora as chinesas, que são
sempre uma surpresa, e até a Patricia Moreno, da Espanha, podem ganhar medalhas.
Folha - Dá para conciliar a rotina
de treinos, estudos e compromissos com namoro, vida familiar?
Daiane - É puxado, mas dá. A
gente mata a saudade por telefone, com visitas. Agora, namoro é
mais complicado.
Folha - Por quê?
Daiane - Hoje não dá mesmo.
Não tenho tempo. No último namoro [com um rapaz de Porto
Alegre]... quase não nos víamos e,
quando isso acontecia, dificilmente poderíamos passar o tempo juntos sem que eu fosse abordada na rua ou num shopping ou
tivesse um compromisso. Meus
namoros são mais difíceis para os
namorados do que para mim,
pois eu vivo essa rotina diariamente e estou acostumada.
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