São Paulo, domingo, 20 de novembro de 2005

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GINÁSTICA

Atleta, que defende nesta semana seu título mundial, diz que não descartou o duplo twist esticado, usado em Atenas

Daiane projeta resgatar salto exclusivo

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ciente de que é a única no mundo capaz de realizar o duplo twist esticado, Daiane dos Santos diz que pode lançar mão do movimento nesta semana, quando defenderá o título mais importante da ginástica brasileira no Mundial de Melbourne (AUS).
Desde 23 agosto de 2004, quando obteve o quinto lugar no solo da Olimpíada de Atenas, a ginasta gaúcha deixou de lado o movimento, que é uma versão do duplo twist carpado -o Dos Santos-, no qual executa um mortal com meia-volta e dois giros no ar com braços próximos à cintura.
"Treino ainda o duplo twist esticado e até o tsukahara [pirueta com mortal de costas] nas minhas séries de solo. Caso seja preciso, irei utilizá-los", diz a atleta.
O movimento, que assim como o Dos Santos vale um Super E (conceito mais valioso na ginástica, que rende hoje 0,30 ponto de bonificação), foi apresentado por Daiane em sua primeira passada na final olímpica do ano passado, quando acabou pisando fora da área de solo no ginásio do Olympic Indoor Hall e ficou a 0,112 ponto de um lugar no pódio.
Em entrevista à Folha, Daiane afirma que hoje não se sente tão pressionada e que sua rotina a impede de ter um namorado.
 

Folha - O que mudou desde o título mundial em 2003?
Daiane dos Santos -
Mudou bastante coisa, apesar de o empenho nos treinos e nas competições ser o mesmo. Ficamos mais conhecidas no mundo da ginástica e fora dele. Conseguimos fazer o nome perante a arbitragem. Mas a grande mudança mesmo é em relação à responsabilidade, que agora é o dobro, já que você sabe que está representando seu país e sendo exemplo para muitas crianças.

Folha - Você venceu com nota 9,737 no Mundial de Anaheim, em 2003. É possível repeti-la?
Daiane -
É difícil dizer, a ginástica muda muito de um ano para outro e principalmente de um ciclo olímpico para outro. O objetivo não é repetir a nota, e sim acertar a série. A nota é conseqüência.

Folha - E quanto ao duplo twist esticado? Ele está aposentado?
Daiane -
Não. Treino todos os movimentos todas as semanas. Faço não só o [duplo twist] esticado mas também o carpado e o tsukahara. Não está combinado. Mas, dependendo do nível do torneio, caso seja preciso e o treinador e a comissão técnica decidam que é melhor usá-lo, irei apresentá-los sem problemas.

Folha - Ele é um diferencial, já que outras atletas têm copiado o Dos Santos... O motivo de ele não ter sido usado são os joelhos?
Daiane -
É um movimento muito bom. É verdade que ele exige um pouco mais, devido ao impacto. Mas foi decisão técnica não usá-lo até agora, não somente por causa dos joelhos.

Folha - E os seus joelhos?
Daiane -
Eles estão bem, tranqüilos. Estou cuidando deles.

Folha - Dá para dizer que você está no auge nesta temporada?
Daiane -
Se estou 100%? Sim, todo o trabalho foi feito com base no Mundial, que é o principal objetivo nesta temporada. Creio que não só eu, mas a Daniele [Hypólito], a Laís [Souza] e a Camila [Comin] também estão bem.

Folha - Você se sente tão pressionada tanto quanto na Olimpíada?
Daiane -
Não, estou tranqüila. Agora é diferente. Na Olimpíada, era algo inédito. E a maior pressão, na ginástica, vem de cada uma de nós, as atletas. Mas já eu sou bastante experiente para lidar com isso.

Folha - Você já esteve na Austrália. Foi difícil ou frustrante para você ter atuado como reserva na Olimpíada de Sydney, em 2000?
Daiane -
Já estive. Competi na Canberra Cup, em 1998, e fui bem [terminou o torneio juvenil em primeiro lugar no solo e no salto e em sétimo no individual geral]. E, quanto a ser reserva, não foi difícil, nem frustrante. Tínhamos só duas vagas, e fui a reserva. Sei que aquele não era o meu momento.

Folha - Quem você acredita que possam ser suas maiores rivais?
Daiane -
A Alicia Sacramone, dos EUA, é completa. Ela é ótima. A Catalina Ponor, que espero que atue no solo, também é uma boa atleta. Agora as chinesas, que são sempre uma surpresa, e até a Patricia Moreno, da Espanha, podem ganhar medalhas.

Folha - Dá para conciliar a rotina de treinos, estudos e compromissos com namoro, vida familiar?
Daiane -
É puxado, mas dá. A gente mata a saudade por telefone, com visitas. Agora, namoro é mais complicado.

Folha - Por quê?
Daiane -
Hoje não dá mesmo. Não tenho tempo. No último namoro [com um rapaz de Porto Alegre]... quase não nos víamos e, quando isso acontecia, dificilmente poderíamos passar o tempo juntos sem que eu fosse abordada na rua ou num shopping ou tivesse um compromisso. Meus namoros são mais difíceis para os namorados do que para mim, pois eu vivo essa rotina diariamente e estou acostumada.


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