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FUTEBOL
Decisões pelo Brasil
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Se vencer hoje, o Corinthians só não será campeão
pela matemática.
Apesar da longa viagem, Tevez
só jogou os minutos finais do
amistoso entre Argentina e Qatar.
Cansado ou não, o menino pobre
do bairro Fuerte Apache aprendeu a sonhar e a lutar pela bola e
pela vida. Parafraseando Neném
Prancha, filósofo do futebol, Tevez joga como se corresse atrás de
um prato de comida.
Após a contratação do Antônio
Lopes, o Corinthians melhorou a
defesa sem prejudicar o ataque.
Com Márcio, a equipe também
atuava com um volante-zagueiro. Porém marcava mais à frente
e, quando perdia a bola, deixava
grandes espaços na defesa para o
contra-ataque.
Com Antônio Lopes, o time
marca mais atrás, diminui os espaços na defesa e utiliza mais o
contra-ataque.
O Internacional é uma equipe
bastante organizada. Votarei no
Muricy Ramalho para melhor
treinador do campeonato, a não
ser que ele faça grandes besteiras
na reta final.
Além de suas qualidades técnicas, Muricy é sincero, não tem pose, não bajula a mídia mais poderosa nem abandona o barco durante a competição por um pouco
mais de dinheiro. Só não gosto
quando ele fica excessivamente
irritado durante o jogo.
Todo treinador deveria ter o direito de ficar em pé na lateral durante toda a partida, desde que
não perturbe o árbitro, os auxiliares e os jogadores. Se ficar tranqüilo, o técnico terá mais condições de observar e de corrigir os
erros.
Contra o Brasiliense e em poucos jogos, o Inter atuou com dois
zagueiros. Hoje deve voltar aos
três para marcar Tevez e Nilmar.
Jorge Wagner, que está contundido, vai fazer falta. Ele é importante, pois é excelente nas bolas paradas e nos cruzamentos. Às vezes, o
Inter excede no jogo aéreo para o
Fernandão.
Jorge Wagner não precisou se
adaptar à função de ala, já que
ele sempre jogou de meia, no esquema com dois volantes e um
meia de cada lado. É quase a mesma posição e função do ala.
O maior problema do time que
atua com três zagueiros está na
defesa. Ficam grandes espaços
nas costas dos alas, e os zagueiros
chegam com freqüência atrasados. Além disso, quando os três
zagueiros se juntam pelo meio,
falta o lateral para fazer a cobertura. O ala tenta chegar, mas não
dá tempo. Se desse, ele seria lateral, e o time ficaria muito defensivo, com três zagueiros e dois laterais.
O Internacional foi o time que
menos sofreu gols no campeonato
porque marca muito no meio-campo e não deixa o adversário
organizar as jogadas. Contra o
Boca Juniors, isso não funcionou,
e o time argentino deitou e rolou
nas costas dos alas.
Prefiro o esquema com dois zagueiros e os dois laterais se alternando no apoio ao ataque.
Outra vantagem é trocar um
zagueiro por um armador ou atacante. Mas como Internacional,
Corinthians, Goiás, Fluminense e
São Paulo possuem alas com muita qualidade ofensiva, é melhor
atuar com os três zagueiros.
Se não acontecesse a repetição
dos jogos, o Inter teria um ponto a
mais, e o comportamento das
duas equipes, provavelmente, seria diferente nesta partida. E, se o
Corinthians for campeão com
menos de quatro pontos na frente, haverá uma interminável e
compreensiva discussão.
Futebol globalizado
Independentemente de pequenas diferenças táticas do meio para a frente e das características e
qualidades dos jogadores, as 32
equipes que estarão no Mundial
de 2006 vão adotar a mesma postura.
Todas vão marcar por setor e
com sete ou oito jogadores atrás
da linha da bola, arriscar pouco e
começar as partidas com cautela
para não levar um gol primeiro,
valorizar a posse de bola e buscar
o tão sonhado equilíbrio perfeito
entre a defesa e o ataque.
É o futebol globalizado e prudentemente correto. Ainda bem
que existem alguns inventivos
craques para transgredir o tecnicismo dos treinadores.
Não se pode mais afirmar, como no passado, que os europeus
adoram uma retranca, têm cintura dura e são muito mais altos,
que só os sul-americanos têm habilidade, que os africanos jogam
um futebol inocente, que os orientais são todos baixinhos e sabem
apenas correr e outros clássicos
conceitos.
Será que ainda existe bobo no
futebol?
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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