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Espera dita os tons do jogo e da comemoração
Muricy recua o time, leva o empate, e tetra só chega após fim de jogo no Sul
São Paulo 1
Atlético-PR 1
DA REPORTAGEM LOCAL
O jogadores do São Paulo fizeram ontem o que lutavam para não fazer há pelo menos cinco rodadas, desde que a torcida
passou a entoar o grito de campeão: comemorar o título antes
de o tetracampeonato se concretizar matematicamente.
O empate com o Atlético-PR,
por si só, não garantia o quarto
troféu do Brasileiro.
Foram nove minutos de sentimentos conflituosos no Morumbi. Os gritos de campeão
espocavam pelas arquibancadas, mas ainda sem a força de
um legítimo fim.
Apenas o goleiro Rogério, logo ele, o grande ídolo são-paulino, destoava de seus companheiros e insistia em esperar
que a vitória do Paraná (1 a 0) se
confirmasse. Fabão, autor do
gol do tetracampeonato, foi o
primeiro a celebrar.
Quando Rogério iniciou sua
festa, o grito da torcida ficou
mais forte. Parecia que todo
mundo no Morumbi esperava
pela permissão.
"Todo mundo menos eu. Eu
sabia que a gente ia ser campeão hoje", gritava um irreconhecível Leandro, normalmente sisudo, que fez até se equilibrar sobre a trave para mostrar
sua alegria.
Souza, que há uma semana,
logo depois de vencer o Goiás
no Serra Dourada, era o único
dos jogadores que já dava como
certa a conquista, aproveitou
para revalidar suas palavras. Na
rodada anterior, seu discurso
provocou uma bronca em público do companheiro Aloisio.
"Eu sabia que não tinha falado bobagem. Eu sei a força do
nosso time", disse o meia. Ele
bateu a falta que resultou no gol
de Fabão, misturando orgulho
por ter tido a coragem de fazer
a previsão e o desabafo. No fim,
tudo foi questão de tempo.
Tempo que, durante o jogo
parecia mudar sua velocidade.
Até o gol de cabeça de Fabão,
aos 25min da etapa inicial, correu rápido, acelerado pela defasagem provocada pelas chuvas
que interromperam Paraná x
Inter e que, no final, causou a
apreensão nos são-paulinos
por quase dez minutos. Um
empate, até aquele momento,
era temerário, já que caso o Inter tivesse ganho seu jogo, a festa do São Paulo seria adiada.
Tempo que depois passou a
correr lento no Morumbi, sobretudo na segunda etapa,
quando Muricy Ramalho optou
por colocar um terceiro zagueiro no lugar de Leandro.
O time, mais recuado, levou o
empate/ducha de água fria,
com gol de Christian, aos
34min. Um empate, a partir daquele momento, significava o
tão sonhado tetracampeonato
do Campeonato Brasileiro, troféu que o time esperava para levantar de novo desde 1991.
"Sabíamos que ia ser difícil,
que o Atlético-PR iria vir com
tudo para complicar e estragar
a nossa festa. Dentro de campo,
sentimos que eles estavam com
muita vontade", afirmou o volante Josué.
A frustração pelo resultado
contra o Atlético-PR aconteceu
apenas porque adiou para uma
outra oportunidade a quebra
de um tabu: o São Paulo jamais
conseguiu conquistar um título
do Nacional com vitória na partida derradeira. A equipe levantou as taças de 1977 (com o
Atlético-MG), 1986 (frente ao
Guarani) e 1991 (diante do Bragantino). Em todas as ocasiões,
o placar terminou empatado.
No fim de toda a celebração,
foi Mineiro quem deu o tom de
sobriedade à comemoração.
"Mais uma vez estou escrevendo meu nome na história do
clube", resumiu o quase sempre contido volante, um dos
principais destaques da campanha do título.
História que, apesar dos frutos colhidos antecipadamente,
ainda não acabou. No domingo,
a festa são-paulina continua no
Morumbi, no jogo contra o
Cruzeiro, pelo Brasileiro que,
agora sim, já tem dono.
(PAULO GALDIERI)
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