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VÔLEI DE PRAIA
Maior vencedor do Circuito Mundial, brasileiro comemora quinto título nacional com terceiro parceiro
Soberano, Emanuel celebra infidelidade
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1992, seu parceiro Clésio foi
convocado para a seleção juvenil.
De uma hora para outra, Emanuel
se viu sozinho na areia. O jeito foi
pular de dupla em dupla.
"Até perdi a conta de quantos
parceiros eu tive naquele ano. Joguei com todo mundo", conta.
A "infidelidade" do início se
transformou em regra na carreira
do mais vitorioso jogador de vôlei
de praia do país. Enquanto muitos jogadores reclamam do vai-e-vem, Emanuel usa a troca constante de parceria como arma. "É
como a contratação de um reforço em um time de futebol. Com
cada dupla você melhora um aspecto do seu jogo", defende.
"Mas a mudança tem de durar
uns dois anos, ou é improdutiva.
Muitos usam a troca como uma
jogada para conseguir alguma outra coisa, aí é um erro", fala o curitibano de 30 anos, que herdou da
influência alemã do Sul do país o
jeito sério e reservado.
Nos 13 anos do Circuito Nacional masculino, nove duplas levantaram o troféu. Emanuel esteve no
topo do pódio cinco vezes, com
três parceiros diferentes.
Ele foi o único a acumular títulos seguidos com a mesma pessoa: 1994 e 1995, com Zé Marco, e
2002 e 2003, com Ricardo.
Hoje, em cerimônia na etapa do
Recife, que encerra a temporada,
receberá o quinto troféu, conquistado de forma antecipada. Ele é
também dono do maior número
de pódios no Circuito Mundial:
foi campeão cinco vezes.
A "promiscuidade" que faz sucesso nos circuitos masculinos
não encontra eco entre as mulheres. As brasileiras Adriana Behar e
Shelda são soberanas: sete títulos
nacionais e cinco mundiais.
"Acho que se a dupla consegue
se manter jogando em alto nível,
dificilmente se desfaz", opina Ricardo, parceiro de Emanuel.
Eles decidiram começar a jogar
juntos no ano passado. O objetivo: formar uma dupla capaz de
buscar o ouro em Atenas-2004.
Em menos de dois anos, acumulam o bi mundial e o título
brasileiro desta temporada.
Além da troca de parceria -estava jogando com Tande-, Emanuel decidiu mudar sua postura
para não ver a estabilidade se
transformar em fracasso olímpico, como em Sydney-2000.
A eliminação nas oitavas-de-final, ao lado de Loiola, é apontada
por ele como o maior fracasso de
sua carreira. "Fiquei uns dois dias
sem dormir direito. Deu vontade
de parar de jogar", afirma ele, que
hoje também busca apoio nos
ombros da namorada Leila, 32,
musa da seleção nos anos 90. Ela
deixou a praia neste ano para tentar ir às quadras de Atenas.
Emanuel conta que aprendeu a
lidar com a pressão pelo ouro e
com o estigma de que, "na hora
H", o vôlei de praia do Brasil falha
-em Sydney-2000, os favoritos
Behar/Shelda e Zé Marco/Ricardo
ficaram com a medalha de prata.
"As pessoas têm de cobrar mesmo. Nós somos os melhores do
mundo, ganhamos tudo... Antes,
eu fugia disso. Agora, assumo: eu
sou favorito e vou provar para
mim mesmo que sou o melhor."
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