São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Só juvenil leva Brasil ao top 10 do tênis mundial

Sem jogador entre os 100 da ATP, país tem o segundo melhor tenista sub-18

Nicolas Santos conquista a melhor posição de um brasileiro na história da categoria e agora tenta emplacar no profissional

Julia Moraes/Folha Imagem
O tenista paulista Nicolas Santos, 18, que foi convidado para disputar o Challenger de São Paulo após o sucesso como juvenil


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

O tenista Nicolas Santos passou o Natal e o Réveillon de 2005 em Casablanca (México), mas sozinho. Com jogos marcados para o dia seguinte, ele procurou se deitar cedo nos dias 24 e 31 de dezembro.
Um ano depois, ele tinha planos de se esbaldar com os amigos em sua cidade, Adamantina (593 km a noroeste de São Paulo), nas duas datas.
Queria comemorar sua temporada. Além dos seis títulos juvenis (para jogadores até 18 anos), Santos encerrou 2006 com a melhor colocação de um brasileiro no ranking mundial da categoria (segunda) -o melhor posto de Gustavo Kuerten com essa idade foi o sexto.
Seu feito ganha ainda mais relevância pelo fato de o Brasil terminar 2006 sem nenhum representante entre os top 100 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Mas o sucesso mudou seus planos. Impressionados com seus resultados neste ano, os organizadores do Challenger de São Paulo lhe deram um "wild card" (convite).
Como o torneio começa no dia 1º de janeiro, ele volta aos treinos logo após o Natal.
Seu desafio agora não é despontar entre adversários da mesma faixa etária, mas buscar um lugar ao sol no disputado circuito profissional.
"A transição é sempre muito difícil. O pessoal [no profissional] não está nem aí para você. E é aí que muita gente pira", afirma Nicolas, que terminou a temporada de 2005 na 129ª posição no ranking juvenil.
Neste ano, ele disputou seus primeiros torneios profissionais: foi semifinalista no Future de Caldas Novas e foi eliminado nas quartas em Curitiba.
Com esses resultados, acumula seis pontos no ranking da ATP. Sua posição (1.065ª) não o permitiria nem disputar o qualifying internacional do torneio para o qual foi convidado.
Nicolas Santos começou a jogar tênis aos seis anos, quando seu pai, então dono da lanchonete do clube da cidade, comprou uma raquete para ele.
Aos 11, já contava com apoio do pessoal de Adamantina para poder viajar e competir.
"Minha família não tinha muito dinheiro. Então, dez empresários da cidade se uniram e juntavam cerca de R$ 1.000 por mês. Era com esse dinheiro que eu viajava", relembra.
Como estava decidido a jogar tênis, veio morar em São Paulo, sem os pais, aos 14 anos. Dividia o apartamento com outros dois aspirantes a tenistas.
A grande virada aconteceu quando se transferiu para sua academia atual, no meio desta temporada, e passou a ter mais estrutura. A academia banca as viagens, treinadores e preparação. Em 2005, sem a estrutura atual, disputou seis torneios juvenis. Neste ano, foram 22.
Nicolas conta com quatro treinadores, que se revezam nas viagens, e se dedica exclusivamente ao tênis.
São dois períodos de treinos em quadra e um dedicado ao condicionamento físico.
O aspecto físico causa preocupação ao tenista. Com 1,83 m e 79 kg, quer aumentar sua massa muscular. "Preciso ficar mais forte, mas não posso perder a agilidade", diz ele, que cita Guga como grande ídolo, mas prefere quadras rápidas.
Nicolas fala que sentiu que poderia se destacar ao chegar ao vice-campeonato em Casablanca, no Réveillon. "Estava todo mundo lá. Fui dormir às 8h da noite, mas valeu a pena."


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