São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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JUCA KFOURI

Ainda a unificação


Se é difícil discutir falsidades, ainda mais complicado é enfrentar a desonestidade intelectual


O AUTOR do dossiê em que a CBF está se baseando para reescrever a história do nosso futebol para, quem sabe, tratar Dom Pedro 1º e 2º como presidentes do Brasil, alega que a ditadura e a "Placar" são também responsáveis pelo esquecimento da Taça Brasil e do Robertão, como revelou o diário "Lance!".
Ele está brincando com a história e abusando da desinformação, além de tentar, como tem sido moda de uns tempos para cá, ideologizar uma polêmica que não é ideológica, é apenas clubística de sua parte e de alguns outros fanáticos.
Chutar a ditadura virou esporte nacional e praticado também por aqueles que, em regra, silenciaram-se durante sua vigência. Que bom!
Sim, a ditadura quis integrar o país pelo futebol, com o tal campeonato "onde a Arena vai mal, um time no Nacional".
Mas jamais tratou de desfazer do passado, até porque foi apoiada pelo então presidente da CBD, João Havelange, adulador de ditadores como os nossos, os argentinos etc, e pai da Taça Brasil.
Quanto à "Placar", só por má-fé ou ignorância alguém pode dizer que não tenha se preocupado com a história pré-1970, ano em que foi lançada.
Seus fundadores, entre os quais não estou, não só jamais acharam que o futebol brasileiro nasceu com a revista como, também, nunca advogaram que tenha nascido em 1959, com a primeira Taça Brasil.
E basta consultar sua coleção para encontrar séries e séries sobre a história do futebol, algumas escritas por gente do calibre de João Máximo.
A desonestidade intelectual tem chegado a tal ponto que os defensores da unificação subtraem o argumento daqueles que defendem que os quatro Robertões sejam tratados como Campeonatos Brasileiros, mas não a Taça Brasil.
E subtraem talvez porque o Palmeiras, aí, fique em vantagem em relação ao Santos, pois passa a ser hexacampeão, enquanto o alvinegro vira tri.
Mas já se falou demais entre os que defendem e os que não defendem a unificação com a inclusão da Taça Brasil, sobre a sua importância à época e o que conquistá-la significou para o Bahia, o Cruzeiro ou, sobretudo, para o Santos, pentacampeão.
Só não deveria valer golpes abaixo da cintura, porque já é demais.
E seu autor, fã de João Havelange, deve pedir a ele nova carta, onde diga que a ditadura, que apoiou, condenou a Taça Brasil ao lixo da história.

blogdojuca@uol.com.br


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