São Paulo, segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Londres planeja desmontar seus Jogos depois de 2012

OLIMPÍADA
Cidade inglesa quer evitar surgimento de "elefantes brancos"


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Morte ao "elefante branco". Esse é um dos lemas não oficiais dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
A intenção é evitar o que acontece com quase todos os países que organizam eventos deste porte: estruturas gigantescas que ficam quase sem uso depois que os atletas vão embora.
Em Londres, a maior parte das construções do Parque Olímpico conta com estruturas desmontáveis, que permitirão a redução de tamanho ao final da competição.
O Estádio Olímpico, por exemplo, terá capacidade para 80 mil pessoas. Mas a forma como foi construído permite que ele passe a acomodar apenas 25 mil.
Cafés, banheiros e local para a imprensa ficarão nessa parte fixa. O resto poderá ser desmontado e vendido.
Ainda não está definido o que será feito do estádio. Há duas equipes de futebol de Londres que já disseram ter interesse em usá-lo: Tottenham Hotspur e West Ham.
"Se fecharem o negócio, podemos entregar um estádio com 40 mil lugares, 50 mil, quanto quiserem", afirma Dan Epstein, diretor de sustentabilidade da equipe que administra as obras.
O parque aquático terá lugar para 15 mil pessoas durante os Jogos. Depois, serão desmontadas duas estruturas metálicas, o que reduzirá a capacidade para 3.000.
"Depois da Olimpíada, não precisa de mais de 3.000 lugares. Com um tamanho menor, é muito mais fácil e barato para administrar", diz Jerome Frost, responsável pelo setor de design.
O estádio de handebol pode se transformar em minutos num espaço para show ou teatro. A área da imprensa irá virar centro para reciclagem.
Na Vila Olímpica, onde ficarão os atletas, os 2.800 apartamentos residenciais serão colocados à venda.
O Parque Olímpico fica no leste de Londres. É uma área recheada de superlativos.
É a mais pobre da cidade, a pior em índices de saúde e educação, e o solo era o mais contaminado do país, devido a lixo industrial e metais pesados. Foi também a mais bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial.
Agora, na esteira da valorização pós-Olimpíada, terá o maior shopping da Europa.
A promessa é acabar todas as obras até julho de 2011, um ano antes dos Jogos. "A ideia é usar esse período para testar tudo: as instalações, os acessos", diz Frost.
A Folha visitou o parque, e muitas obras parecem estar perto de serem finalizadas, como o velódromo.
Os ingleses poderão se vangloriar de sua pontualidade. Mas ficarão atrás dos chineses na questão estética.
Nada se compara ao Ninho do Pássaro, o estádio de Pequim projetado pelo artista plástico Ai Weiwei. Mas o Ninho, dizem os ingleses, atualmente não passa de um belo elefante branco.


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