RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A EXTREMA

Os jogadores do Corinthians estréiam hoje no Campeonato Paulista sob o risco de não receberem nenhum bicho na competição.
A vontade da diretoria é transformar a partida contra o Atlético, em Sorocaba, às 15h30, no marco do fim do pagamento de uma premiação por vitórias no clube.
Mas os dirigentes ainda não discutiram com o elenco a idéia de acabar com esse bônus, prática das mais tradicionais do futebol.
Se o projeto for concretizado, os patrões irão comprar briga com os comandados de Juninho, que já torcem o nariz para o plano elaborado pela cúpula corintiana.
"O bicho é uma coisa que vem de longa data, é complicado acabar com ele", afirmou o lateral-direito Rogério, capitão da equipe.
Ele é um dos responsáveis por discutir as premiações. "Não começamos a falar de dinheiro. Mas acho que o bicho é bom para incentivar mais o time", completou.
A decisão de acabar com essa premiação extra ainda não foi tomada por causa da preocupação com a reação dos jogadores.
Os dirigentes, que não falam publicamente sobre o assunto, temem pressões até de conselheiros para que a premiação volte a ser paga, caso ocorra uma sequência de derrotas após a extinção dela. Os atletas vão ser consultados até a próxima semana.
A missão de conversar com os jogadores será do diretor técnico Rivellino, que não quer demorar para resolver o assunto.
Pelo projeto inicial da diretoria, os jogadores ganhariam apenas um valor no caso de conquistarem o título estadual. Ou 25% dessa quantia pelo vice-campeonato.
Até o ano passado, em cada competição, eles recebiam uma verba por cada triunfo, mas metade ficava retida e só era liberada conforme metas, como mudanças de fase ou conquistas de títulos, eram atingidas. As metas davam direito a mais dinheiro.
Para minimizar a perda do bicho, existe a possibilidade de o prêmio pelo troféu estadual ser maior do que os R$ 30 mil pagos na conquista do Paulista-03.
Terminar com a recompensa por vitória é uma das medidas para reduzir os gastos do clube, que pagou com atraso as férias dos jogadores e ainda deve alguns bichos do Brasileiro-03.
Parte da premiação pela conquista da Copa do Brasil-02 também não foi paga até agora.
Para evitar maiores atrasos, a folha mensal de pagamento foi reduzida de cerca de R$ 1,5 milhão para R$ 1,1 milhão.
A contenção das despesas também norteou as 12 contratações feitas pelos corintianos.
O clube preferiu jogadores que não precisavam pagar multas contratuais para se transferir, como Fábio Costa, que estréia hoje.