São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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ATLETISMO

Defesa da atleta, absolvida no Brasil, deve tentar negociar redução da pena se Iaaf não seguir decisão do STJD

Maurren aceita punição para ir a Atenas

DA REPORTAGEM LOCAL

Maurren Maggi vai aceitar até uma punição da Associação Internacional das Federações de Atletismo para tentar encurtar seu caminho a Atenas.
A saltadora, flagrada em antidoping no ano passado, foi inocentada ontem pelo STJD, em Manaus, por 7 votos a 0. Mas a atleta ainda depende da posição da Iaaf, que pode aceitar ou não a decisão, para pensar nos Jogos.
"O ideal seria que a Iaaf mantivesse a absolvição. Mas, se isso não acontecer, vamos tentar negociar uma redução da suspensão. Seria interessante não precisar apelar à Corte de Arbitragem [última instância do processo]", disse o advogado Luciano Hostins, que cuida da defesa da atleta.
Maurren pode ser suspensa por até dois anos. A pena mínima almejada pelo advogado deixaria a saltadora 90 dias fora das pistas -no caso, ela já estaria apta para voltar a competir. Ela está suspensa preventivamente desde agosto.
O STJD tem até dez dias para enviar a sentença à Confederação Brasileira de Atletismo, que tem 15 dias para encaminhar o texto à Iaaf. A decisão pode demorar até 60 dias para ser divulgada.
A preocupação da defesa da Maurren agora é com o cumprimento dos prazos. Hostins diz que pediu agilidade ao STJD e à CBAt para encurtar ao máximo o caminho no Brasil. Como a decisão internacional vai implicar na participação de Maurren na Olimpíada, ele espera que a Iaaf também não crie entraves.
Se a pena for mantida, Maurren ainda pode recorrer à Corte de Arbitragem do Esporte, na Suíça.
Foi o que aconteceu no caso de Elisângela Adriano. A arremessadora foi flagrada em antidoping, em 1999, por uso de nandrolona.
Na época, ela alegou que o teste deu positivo por causa de uma pílula anticoncepcional, usada para tratar um problema no ovário.
Elisângela foi absolvida por 6 votos a 0 no Brasil, mas teve a pena de dois anos mantida pela Iaaf.
A atleta só voltou a competir após o Conselho Extraordinário da entidade interromper a suspensão -ela ficou um ano fora.
As mesmas "condições extraordinárias" -termo usado para designar os casos em que o atleta não teve intenção de doping- que livraram Elisângela serão a arma da defesa de Maurren.
A atleta alega que seu exame deu positivo para clostebol -um esteróide anabólico- porque ela usou a pomada Novaderm, que contém a substância, após uma sessão de depilação definitiva.
"Não é um caso de doping, e sim de contaminação. A vitória por unanimidade no STJD reforça a tese", disse Hostins, que pediu para aparecer o termo "condições extraordinárias" na sentença.

Julgamento
Maurren, 27, foi anteontem ao Auditório do Tribunal de Contas do Amazonas participar do julgamento. A saltadora chegou abatida, mas, à medida que foram pronunciados os votos, trocou o nervosismo pelas lágrimas. "Foi feita justiça", disse ela após a sessão, que acabou na madrugada.
A atleta já estava em Manaus na casa do namorado, Antonio Pizzonia , ex-piloto da Jaguar.
No depoimento, Maurren admitiu que usou Novaderm mais de uma vez. Uma delas teria sido uma semana antes do Mundial indoor de Birmingham, em março. Maurren ficou com o bronze no salto em distância e se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha na competição.
"Cheguei a passar por três controles de doping em um mês durante 2003 e sempre com resultado negativo. Nunca poderia imaginar que havia problema".


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