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ATLETISMO
Defesa da atleta, absolvida no Brasil, deve tentar negociar redução da pena se Iaaf não seguir decisão do STJD
Maurren aceita punição para ir a Atenas
DA REPORTAGEM LOCAL
Maurren Maggi vai aceitar até
uma punição da Associação Internacional das Federações de
Atletismo para tentar encurtar
seu caminho a Atenas.
A saltadora, flagrada em antidoping no ano passado, foi inocentada ontem pelo STJD, em Manaus, por 7 votos a 0. Mas a atleta
ainda depende da posição da Iaaf,
que pode aceitar ou não a decisão,
para pensar nos Jogos.
"O ideal seria que a Iaaf mantivesse a absolvição. Mas, se isso
não acontecer, vamos tentar negociar uma redução da suspensão. Seria interessante não precisar apelar à Corte de Arbitragem
[última instância do processo]",
disse o advogado Luciano Hostins, que cuida da defesa da atleta.
Maurren pode ser suspensa por
até dois anos. A pena mínima almejada pelo advogado deixaria a
saltadora 90 dias fora das pistas
-no caso, ela já estaria apta para
voltar a competir. Ela está suspensa preventivamente desde agosto.
O STJD tem até dez dias para
enviar a sentença à Confederação
Brasileira de Atletismo, que tem
15 dias para encaminhar o texto à
Iaaf. A decisão pode demorar até
60 dias para ser divulgada.
A preocupação da defesa da
Maurren agora é com o cumprimento dos prazos. Hostins diz
que pediu agilidade ao STJD e à
CBAt para encurtar ao máximo o
caminho no Brasil. Como a decisão internacional vai implicar na
participação de Maurren na
Olimpíada, ele espera que a Iaaf
também não crie entraves.
Se a pena for mantida, Maurren
ainda pode recorrer à Corte de
Arbitragem do Esporte, na Suíça.
Foi o que aconteceu no caso de
Elisângela Adriano. A arremessadora foi flagrada em antidoping,
em 1999, por uso de nandrolona.
Na época, ela alegou que o teste
deu positivo por causa de uma pílula anticoncepcional, usada para
tratar um problema no ovário.
Elisângela foi absolvida por 6
votos a 0 no Brasil, mas teve a pena de dois anos mantida pela Iaaf.
A atleta só voltou a competir
após o Conselho Extraordinário
da entidade interromper a suspensão -ela ficou um ano fora.
As mesmas "condições extraordinárias" -termo usado para designar os casos em que o atleta
não teve intenção de doping-
que livraram Elisângela serão a
arma da defesa de Maurren.
A atleta alega que seu exame
deu positivo para clostebol -um
esteróide anabólico- porque ela
usou a pomada Novaderm, que
contém a substância, após uma
sessão de depilação definitiva.
"Não é um caso de doping, e sim
de contaminação. A vitória por
unanimidade no STJD reforça a
tese", disse Hostins, que pediu para aparecer o termo "condições
extraordinárias" na sentença.
Julgamento
Maurren, 27, foi anteontem ao
Auditório do Tribunal de Contas
do Amazonas participar do julgamento. A saltadora chegou abatida, mas, à medida que foram pronunciados os votos, trocou o nervosismo pelas lágrimas. "Foi feita
justiça", disse ela após a sessão,
que acabou na madrugada.
A atleta já estava em Manaus na
casa do namorado, Antonio Pizzonia , ex-piloto da Jaguar.
No depoimento, Maurren admitiu que usou Novaderm mais
de uma vez. Uma delas teria sido
uma semana antes do Mundial indoor de Birmingham, em março.
Maurren ficou com o bronze no
salto em distância e se tornou a
primeira brasileira a conquistar
uma medalha na competição.
"Cheguei a passar por três controles de doping em um mês durante 2003 e sempre com resultado negativo. Nunca poderia imaginar que havia problema".
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