São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

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FOCO

Dudu, 20, estende luta contra doença rara para o Paulista

RODRIGO BUENO
DE SÃO PAULO

Dudu Próspero, 20, não vê a hora de estrear no Paulista.
Tentou ir a campo anteontem com seu Oeste, no Canindé, contra a Lusa, mas foi vetado pela federação paulista.
Partiu para Itápolis, onde o Oeste receberá o Palmeiras domingo, e, se a "documentação" dele ficar pronta na federação, já terá uma vitória contra seu adversário: a mucopolissacaridose (MPS).
Dudu é portador dessa doença rara que é caracterizada pela falta de enzimas no organismo. Estudante de direito e palmeirense, ganhou apoio do clube de sua cidade natal para divulgar sua causa no Estadual. A ideia é levar a campo nos jogos do Oeste contra os grandes uma faixa.
"Eu quero viver, luto pela vida" é a mensagem principal. Por trás dela está Regina Próspero, mãe de Dudu, que preside a Associação Paulista de Mucopolissacaridose.
"Quem tem MPS é um paciente perdido. Não tem tratamento reconhecido. Há medicamento para os tipos 1, 2 e 6 da doença, mas não são regulamentados. Os pacientes precisam de liminar para ter o remédio", diz Regina.
Há 173 portadores de MPS no Estado de São Paulo e 510 no país. A expectativa de vida média deles é dez anos.
"Não há protocolo clínico fechado, lutamos por isso e para que ele não diga que só crianças acima de cinco anos podem tomar o medicamento. Pequenos morrerão sem medicamento", diz Regina.
Dudu esteve em 2009 no Morumbi, num São Paulo x Vitória, com outros portadores para uma volta olímpica. Foram aplaudidos de pé pelo público, mas pouco mudou.
"Prefiro acompanhar jogos por TV e rádio. No estádio, com minha deficiência visual, não vejo o jogo. Enxergo só luz e vultos", conta Dudu, que, ao ter a entrada em campo proibida anteontem, ganhou um ingresso do Oeste para ficar na tribuna.
Não pôde levar sua faixa para onde estava, próximo às rádios para ouvir uma narração. A polícia ainda o tirou do lugar porque não era a área para a torcida visitante.
Se a folha de pagamento do Oeste é R$ 400 mil, o custo mensal do tratamento de MPS é R$ 50 mil. Se desvalorizam o Paulista, para Dudu ele não tem preço."Não vejo pelo tamanho do campeonato, vejo pelo tamanho da ajuda. Isso é mais importante que qualquer coisa", diz.


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