São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2002

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FUTEBOL

Ex-presidente da Fifa se une a dirigentes de federações estaduais contra o "pacto da bola" que ele próprio apoiou

Havelange também "rasga" o calendário

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente da Fifa João Havelange é um dos conselheiros da comissão formada de presidentes de federações estaduais criada para ""rasgar" o calendário quadrienal do futebol brasileiro.
O ex-dirigente, um dos participantes do ""pacto de notáveis" que serviu, entre outras, para criar o calendário, esteve presente na primeira reunião da comissão, realizada ontem em um hotel do Rio.
Liderados por Carlos Alberto de Oliveira, presidente da Federação Pernambucana de Futebol, os dirigentes querem propor à CBF uma série de mudanças no futebol. Entre elas, uma nova RDI -resolução da diretoria da confederação-, com o objetivo de devolver o poder às federações estaduais e tirá-lo dos clubes.
A idéia é que a própria CBF volte a ter mais força. Ela seria a organizadora do Campeonato Brasileiro e não a Liga Nacional de Clubes, que está para ser criada.
No encontro de ontem, Havelange fez uma série de sugestões aos dirigentes, que se negaram a revelá-las. Mas ele estaria de acordo com a proposta de Carlos Alberto de Oliveira, que pretende lançar para o ""espaço sideral" o calendário quadrienal.
Principal ponto acordado entre os notáveis da bola para moralizar e profissionalizar o futebol, o calendário teve apoio do ministro Carlos Melles (Esporte), do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, de Pelé e de Havelange.
O apoio de Teixeira e de seu ex-sogro, no entanto, teria sido apenas uma jogada para enfraquecer as CPIs que investigavam o futebol no Congresso Nacional.
A participação de Havelange na primeira reunião da comissão foi cercada de sigilo pelos presidentes das federações. Eles chegaram a mudar o local da reunião para fugir dos jornalistas.
Depois da saída do ex-presidente da Fifa, um representante da TV Globo, que detém os direitos de praticamente todas as competições do futebol brasileiro, chegou para participar do encontro.
Com apoio de Havelange, a comissão já tem alguns pontos acordados para apresentar à CBF.
Os campeonatos estaduais, que perderam espaço em 2002, vão recuperar a força no próximo ano. Sendo assim, os torneios regionais vão ser enxugados. É o que quer, entre outros, Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol.
O dirigente paulista, com apoio dos times grandes do Estado, não está satisfeito com o Torneio Rio-São Paulo no formato atual.
Apesar de também ser presidente da liga que organiza o torneio regional, ele não tem gostado do desempenho das equipes fluminenses. América, Americano e Bangu, sem falar no Flamengo, fazem campanha medíocre. Pelo regulamento, porém, apenas uma delas deixaria de disputar a competição no ano que vem.
Apesar de estarem fazendo melhor campanha que os quatro, um paulista -que hoje seria a Lusa- teria de ser rebaixado.
Outro desejo da comissão é modificar a Copa dos Campeões, enxugando-a. A princípio, o torneio seria realizado em três cidades, o que descontentou os presidentes de federações.
Se já tem o apoio de Havelange, as propostas da comissão irritaram Alfredo Nunes, vice da CBF, que é contra qualquer mudança. (SÉRGIO RANGEL)


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