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FUTEBOL
Ex-presidente da Fifa se une a dirigentes de federações estaduais contra o "pacto da bola" que ele próprio apoiou
Havelange também "rasga" o calendário
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-presidente da Fifa João
Havelange é um dos conselheiros
da comissão formada de presidentes de federações estaduais
criada para ""rasgar" o calendário
quadrienal do futebol brasileiro.
O ex-dirigente, um dos participantes do ""pacto de notáveis" que
serviu, entre outras, para criar o
calendário, esteve presente na primeira reunião da comissão, realizada ontem em um hotel do Rio.
Liderados por Carlos Alberto de
Oliveira, presidente da Federação
Pernambucana de Futebol, os dirigentes querem propor à CBF
uma série de mudanças no futebol. Entre elas, uma nova RDI
-resolução da diretoria da confederação-, com o objetivo de
devolver o poder às federações estaduais e tirá-lo dos clubes.
A idéia é que a própria CBF volte a ter mais força. Ela seria a organizadora do Campeonato Brasileiro e não a Liga Nacional de Clubes, que está para ser criada.
No encontro de ontem, Havelange fez uma série de sugestões
aos dirigentes, que se negaram a
revelá-las. Mas ele estaria de acordo com a proposta de Carlos Alberto de Oliveira, que pretende
lançar para o ""espaço sideral" o
calendário quadrienal.
Principal ponto acordado entre
os notáveis da bola para moralizar
e profissionalizar o futebol, o calendário teve apoio do ministro
Carlos Melles (Esporte), do presidente da CBF, Ricardo Teixeira,
do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, de Pelé e de Havelange.
O apoio de Teixeira e de seu ex-sogro, no entanto, teria sido apenas uma jogada para enfraquecer
as CPIs que investigavam o futebol no Congresso Nacional.
A participação de Havelange na
primeira reunião da comissão foi
cercada de sigilo pelos presidentes das federações. Eles chegaram
a mudar o local da reunião para
fugir dos jornalistas.
Depois da saída do ex-presidente da Fifa, um representante da
TV Globo, que detém os direitos
de praticamente todas as competições do futebol brasileiro, chegou para participar do encontro.
Com apoio de Havelange, a comissão já tem alguns pontos acordados para apresentar à CBF.
Os campeonatos estaduais, que
perderam espaço em 2002, vão recuperar a força no próximo ano.
Sendo assim, os torneios regionais vão ser enxugados. É o que
quer, entre outros, Eduardo José
Farah, presidente da Federação
Paulista de Futebol.
O dirigente paulista, com apoio
dos times grandes do Estado, não
está satisfeito com o Torneio Rio-São Paulo no formato atual.
Apesar de também ser presidente da liga que organiza o torneio regional, ele não tem gostado
do desempenho das equipes fluminenses. América, Americano e
Bangu, sem falar no Flamengo, fazem campanha medíocre. Pelo regulamento, porém, apenas uma
delas deixaria de disputar a competição no ano que vem.
Apesar de estarem fazendo melhor campanha que os quatro, um
paulista -que hoje seria a Lusa- teria de ser rebaixado.
Outro desejo da comissão é modificar a Copa dos Campeões, enxugando-a. A princípio, o torneio
seria realizado em três cidades, o
que descontentou os presidentes
de federações.
Se já tem o apoio de Havelange,
as propostas da comissão irritaram Alfredo Nunes, vice da CBF,
que é contra qualquer mudança.
(SÉRGIO RANGEL)
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