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AÇÃO
Pais orgulhosos
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Quando o sr. Nélson Silva
concluiu, quase no final da
década de 80, em São Paulo, as
obras da Ultra Skate Park, provavelmente não imaginava o rumo
que as coisas tomariam.
Considerada a melhor pista da
época, a Ultra era coberta e funcionava no estacionamento ao lado da loja de construção que levava o mesmo nome. Naquele tempo, o sr. Nélson já vislumbrava
para seu filho Cristiano Mateus
algum futuro no esporte, só não
fazia idéia de como seria.
Com um excelente half-pipe,
além de uma mini-ramp muito
boa, a Ultra tinha o conjunto
ideal tanto para os profissionais
que ali treinavam como para os
iniciantes que iam destilar um
pouco da farta energia e aprender
novas manobras. E foi lá que surgiu o nome mais forte do skate
nacional e o segundo do mundo
em todos os tempos -Bob Burnquist. Melhor, foi lá que surgiu
uma geração muito forte e inovadora do vertical brasileiro chamada ""ultraboys", uma molecada na faixa dos 14 anos que frequentava a pista diariamente.
Ciceroneados pelo filho do dono
Cristiano ""Zóinho" Mateus -algumas vezes campeão brasileiro e
atual top 10 do vertical mundial-, viviam lá para se divertir
e aprender manobras.
Espelhando-se nos ídolos da
época, os três principais ""ultraboys", Bob, Cris e Walter Lane do
Vale, começaram a andar e desenvolver sua técnica. Dos três,
apenas Waltinho não seguiu a
carreira profissional.
E foi através do switchstance
-técnica desenvolvida na Ultra- que Bob brilhou aos olhos
do mundo. Switchstance é o ato
de andar com a base trocada, ou
seja, realizar as mesmas manobras que o habitual, porém com o
outro pé na frente. Recurso hoje
em dia muito usado no snow e no
wakeboard.
Foi assistindo aos vídeos e revendo as ""sessions" que Bob,
quando voltava a fita, conseguiu
enxergar manobras de trás para
frente. A partir daí, criou seus novos movimentos.
Depois disso, a impressão é que
tudo foi uma consequência natural. Sagrou-se campeão do Slam
City Jam em 1995, foi eleito skatista do ano por duas vezes nos
EUA, medalhista de ouro nos X-Games, personagem de videogame, campeão mundial em 2000 e
considerado o melhor pelo ícone
eterno Tony Hawk. Talento nato,
inteligência, educação e uma boa
estratégia de marketing fizeram
do rapaz que um dia disse não
para a Nike o primeiro brasileiro
milionário no skate.
Muito já foi dito sobre Robert
Dean da Silva Burnquist, desde
que sagrou-se campeão mundial.
A mídia vem abordando-o da
maneira convencional, às vezes
ocultando feitos aparentemente
menos significativos.
O garoto nascido no Rio, criado
em São Paulo e desenvolvido na
Califórnia continua simples,
tranqüilo e pai de família desde o
ano passado. Sempre disposto a
contribuir com o crescimento do
skate através de sua imagem ímpar, Bob entre outras atividades
desenvolve projetos sociais para o
esporte, ancora novos talentos
brasileiros nos EUA e, o principal,
continua amealhando troféus.
Este ano, competirá na versão
brasileira dos X-Games. Mais
uma vez representará o Brasil,
agora acompanhado por mais
seis atletas de peso, entre eles seu
amigo ""ultraboy" Cristiano Mateus. Para alegria do sr. Nélson e
de todos nós.
Raid Gauloises
A décima edição da prova que deu origem à modalidade será no
Vietnã no final de abril e terá 13 dias de duração. As equipes terão
cinco atletas e dois no apoio. Sílvia Guimarães, Karina Bacha, Eleonora Audra, José Roberto Pupo e Alexandre Freitas formam a primeira equipe brasileira a participar do Raid.
Skate house BRZ
A maior pista coberta da América Latina tem cursos de skate para
todas as idades. Kids Time, para garotos de até 12 anos, aos sábados, domingos e feriados, é a classe mais disputada. Informações:
0/xx/11/6946 2002.
Portas abertas
Na web há 2 anos, agora um espaço com o site Gzero está na rua.
Terça-feira foi inaugurado, onde era o antigo Cabral, o cybercafé,
loja de esporte e agência de turismo do site.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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