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São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003

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EXCLUSIVO

Novo regulamento congela carros entre treino e GP e deixa ajustes a critério de 'superdelegado'

Agora quem apita na F-1 é o juiz

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

No início, eram os pilotos. Depois, os carros, recheados de itens eletrônicos. A partir de agora, um superjuiz dará as cartas na F-1.
Será ele, por exemplo, que definirá se um carro poderá ter a suspensão ajustada ou não. Será ele que permitirá, ou não, que uma equipe troque os pneus após o treino oficial. E isso é só o começo.
A Folha obteve com exclusividade uma cópia da carta enviada às equipes, no início da semana, pelo inglês Charles Whitting, inspetor de segurança da categoria.
O texto detalha as mudanças no regulamento da F-1, divulgadas em pílulas, nos últimos meses, pela FIA (entidade máxima de automobilismo), que já geram muitos protestos das equipes.
A novidade é que vários trechos dessa carta trazem um ponto em comum: a palavra final é do delegado técnico da FIA. No caso, o engenheiro alemão Jo Bauer.
Há 11 anos na entidade, Bauer foi destacado para essa função em 1997. Até o fim do último campeonato, sua obrigação era comandar as vistorias técnicas, garantindo que as equipes cumprissem o regulamento. Nunca, porém, o engenheiro teve tanta importância e destaque como agora.
Na carta enviada por Whitting, de quatro páginas, a figura do delegado técnico é citada dez vezes.
O grosso do trabalho acontecerá depois do segundo treino classificatório, nos sábados à tarde.
De acordo com o novo regulamento, todos os carros que completarem voltas lançadas na sessão serão recolhidos para uma área fechada. Apenas dois mecânicos por equipe poderão entrar.
Lá, só poderão executar as tarefas permitidas pelo delegado, como checar pressão dos pneus, conectar baterias auxiliares, encher os reservatórios de água dos radiadores e baixar os dados da central eletrônica para um laptop.
Após passarem pela vistoria da FIA, os carros serão liberados. Nos boxes, porém, as equipes só poderão fazer checagens de segurança. "Nenhum outro trabalho será permitido sem o consentimento do delegado", diz a carta.
Às 18h, mais uma vez, os carros voltarão para o parque fechado. Dessa vez, fechado mesmo. "Nenhum integrante de equipe terá acesso." Mais uma vez, a FIA faz uma concessão: "A não ser que tenha autorização do delegado."
Às 8h de domingo, faltando seis horas para a largada, os carros serão liberados para as equipes. Sempre, é claro, sob a vigilância de Jo Bauer. Até mesmo no grid.
Pela regra, os carros precisam largar com os mesmos pneus que usaram no treino oficial de sábado. Quem decide se um pneu está deteriorado demais e precisa ser trocado? O delegado.
A nova F-1 chega a exagerar. Será Bauer que definirá se o clima mudou ou não. Se ele achar que as condições do tempo permitem uma alteração nos ajustes da suspensão e dos aerofólios, isso será permitido. Se achar que não, os pilotos largarão com as mesmíssimas regulagens de sábado à tarde.
As novas atribuições de Bauer serão oficializadas no regulamento técnico e esportivo da F-1, que ainda está em fase de redação.
Normalmente, o pacote final de regras é distribuído um mês antes do início do campeonato. A polêmica criada neste ano, porém, atrasou todo o procedimento -a abertura do Mundial será no dia 9 de março, com o GP da Austrália.
A FIA alega dois objetivos para "congelar" os carros após o treino de sábado: reduzir os custos e aumentar a competitividade da F-1.


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