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EXCLUSIVO
Novo regulamento congela carros entre treino e GP e deixa ajustes a critério de 'superdelegado'
Agora quem apita na F-1 é o juiz
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
No início, eram os pilotos. Depois, os carros, recheados de itens
eletrônicos. A partir de agora, um
superjuiz dará as cartas na F-1.
Será ele, por exemplo, que definirá se um carro poderá ter a suspensão ajustada ou não. Será ele
que permitirá, ou não, que uma
equipe troque os pneus após o
treino oficial. E isso é só o começo.
A Folha obteve com exclusividade uma cópia da carta enviada
às equipes, no início da semana,
pelo inglês Charles Whitting, inspetor de segurança da categoria.
O texto detalha as mudanças no
regulamento da F-1, divulgadas
em pílulas, nos últimos meses, pela FIA (entidade máxima de automobilismo), que já geram muitos
protestos das equipes.
A novidade é que vários trechos
dessa carta trazem um ponto em
comum: a palavra final é do delegado técnico da FIA. No caso, o
engenheiro alemão Jo Bauer.
Há 11 anos na entidade, Bauer
foi destacado para essa função em
1997. Até o fim do último campeonato, sua obrigação era comandar as vistorias técnicas, garantindo que as equipes cumprissem o regulamento. Nunca, porém, o engenheiro teve tanta importância e destaque como agora.
Na carta enviada por Whitting,
de quatro páginas, a figura do delegado técnico é citada dez vezes.
O grosso do trabalho acontecerá
depois do segundo treino classificatório, nos sábados à tarde.
De acordo com o novo regulamento, todos os carros que completarem voltas lançadas na sessão serão recolhidos para uma
área fechada. Apenas dois mecânicos por equipe poderão entrar.
Lá, só poderão executar as tarefas permitidas pelo delegado, como checar pressão dos pneus, conectar baterias auxiliares, encher
os reservatórios de água dos radiadores e baixar os dados da central eletrônica para um laptop.
Após passarem pela vistoria da
FIA, os carros serão liberados.
Nos boxes, porém, as equipes só
poderão fazer checagens de segurança. "Nenhum outro trabalho
será permitido sem o consentimento do delegado", diz a carta.
Às 18h, mais uma vez, os carros
voltarão para o parque fechado.
Dessa vez, fechado mesmo. "Nenhum integrante de equipe terá
acesso." Mais uma vez, a FIA faz
uma concessão: "A não ser que tenha autorização do delegado."
Às 8h de domingo, faltando seis
horas para a largada, os carros serão liberados para as equipes.
Sempre, é claro, sob a vigilância
de Jo Bauer. Até mesmo no grid.
Pela regra, os carros precisam
largar com os mesmos pneus que
usaram no treino oficial de sábado. Quem decide se um pneu está
deteriorado demais e precisa ser
trocado? O delegado.
A nova F-1 chega a exagerar. Será Bauer que definirá se o clima
mudou ou não. Se ele achar que as
condições do tempo permitem
uma alteração nos ajustes da suspensão e dos aerofólios, isso será
permitido. Se achar que não, os
pilotos largarão com as mesmíssimas regulagens de sábado à tarde.
As novas atribuições de Bauer
serão oficializadas no regulamento técnico e esportivo da F-1, que
ainda está em fase de redação.
Normalmente, o pacote final de
regras é distribuído um mês antes
do início do campeonato. A polêmica criada neste ano, porém,
atrasou todo o procedimento -a
abertura do Mundial será no dia 9
de março, com o GP da Austrália.
A FIA alega dois objetivos para
"congelar" os carros após o treino
de sábado: reduzir os custos e aumentar a competitividade da F-1.
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