São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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JUCA KFOURI

Pobre paulicéia e os encantos do Rio


Melhor ou pior, pouco importa. O fato é que o futebol no Maracanã é diferente. E encantador


DÉCIMA RODADA , mais da metade do Campeonato Paulista já cumprida, e futebol que é bom, pouco, muito pouco. O Palmeiras não confirmou o progresso mostrado contra o Juventus e jogou sofrivelmente no empate contra o fragílimo Rio Claro. E Corinthians e Lusa fizeram um clássico (clássico?) pobre. A inspiração passou longe do Morumbi, com rara aparição no gol da vitória corintiana, do argentino Herrera, de taquito.
Para quem tinha visto o Barcelona derrotar o Celtic à tarde, pela Copa dos Campeões, parecia que aquele esporte disputado em Glasgow era outro, diferente do jogado no Morumbi e em Rio Claro. Como os clássicos disputados no Maracanã têm se distinguido dos que acontecem em São Paulo, onde os técnicos falam demais e seus times jogam de menos.

Mas que jogos!
Tirei a sorte grande ao ter família no Rio de Janeiro. Em tempo de férias escolares, dividia os prazeres do mar e do Maracanã, adolescente nos anos 60. Tempos de Mané Garrincha. E me lembro como gostei de saber que havia um time chamado Canto do Rio. Canto do Rio! Sim, além do Botafogo, alvinegro como eu, tinha os outros quatro grandes, América do Trajano incluído, além do Bangu do doutor Castor, na fronteira.
E tinha o Campo Grande, o Bonsucesso, a Portuguesa, o Olaria, o Madureira e o São Cristovão. E o Canto do Rio... Sempre achei diferente o jeito de se jogar no Rio, provavelmente porque só via jogos no Maracanã, naquela imensidão de gramado, naquela acolhedora caixa acústica de cimento armado.
Lá, por sinal, fui pela primeira vez ao estádio, em 1960, ver Brasil, de Pelé e Coutinho, 5 x 1 Argentina, numa das mais fabulosas exibições de um ponta-direita como eu jamais vira, um tal Nardiello que, 40 anos depois, ao pesquisar sobre o jogo, descobri que existiu mesmo, mas não jogou naquela partida. Ou seja, eu jamais vira e... jamais vi. E conto tudo isso para falar do domingo que vem, no Maracanã.
Como gostaria de estar lá para ver a decisão da Taça Guanabara, ainda mais depois dos belos espetáculos proporcionados por Botafogo e Fluminense e Flamengo e Vasco, no campo e nas arquibancadas. Porque eu, que tive a sorte de ter família no Rio, além do mais, de ter sido formado profissionalmente numa revista nacional de futebol como "Placar", vivo em São Paulo e terei de escrever, aqui, sobre o que é mais próximo, a minha esquina, mesmo que, no caso, para deixar de ser universal.
Afinal, em Campinas, no Moisés Lucarelli (quem foi ele?), jogam Ponte Preta e Corinthians, clássico que já decidiu dois Campeonatos Paulistas, em 1977 e 1979. E é isso que os bairristas que nos acusam de bairrismo não percebem. E é também por isso que sou cada vez mais contra os Estaduais, que nos impedem de ver a floresta. E nem Canto do Rio tem mais...
Em tempo: Moisés Lucarelli foi quem coordenou as obras de construção do estádio, num terreno doado por ele à Ponte Preta.

blogdojuca@uol.com.br


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