São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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JUCA KFOURI

Palmeiras x Palmeiras


Mais do que contra o São Paulo, o clássico de hoje no Parque Antarctica é de um Palestra contra o outro


O COMENTÁRIO chegou ao blog minutos depois da goleada sofrida pelo Palmeiras, na quarta-feira: "Juca, será que o Palmeiras vai deixar de existir? Ou caminha lentamente para se transformar numa Portuguesa e, depois, num Juventus? É difícil torcer para o Palmeiras... Eu estava no Morumbi em 1986, com 14 anos...".
O desespero do leitor, Marcos Carmello, típico do torcedor de cabeça inchada, mesmo já quase quarentão, dá a medida do sofrimento. Afinal, tirante o período em que o Palmeiras andou pelos pés da Parmalat, de mãos sujas como a MSI soube-se depois, a vida do palmeirense tem sido mesmo dura. Mas as raízes são tão fortes, e são tantos os seus torcedores, que não, o Palmeiras não virará uma Lusa.
O Palmeiras precisa é de paz interna, de oposição que vigie e critique, mas não reme contra. O clube precisa se modernizar e jogou fora, desgraçadamente, a chance que se abriu com a vitória dos que hoje estão no poder. Se, quando a direção fez tudo que estava aparentemente certo, deu errado, imagine agora, que faz tudo aparentemente errado. Pior que o tricolor adversário figadal deste domingo é o anti-Palmeiras que vive no Palmeiras.

Memória
Num domingo, 23 de agosto de 2009, quem recebeu o primeiro clichê desta Folha leu, aqui, o texto que segue, substituído depois, para a maior parte da tiragem, com o comentário sobre a rodada daquele sábado. O título foi: "O cara certo no lugar errado?".
E o texto: "Difícil explicar. Até porque é muito cedo. E tomara mesmo que seja uma mera impressão, uma sensação que não se confirme. Mas Muricy Ramalho ainda não está confortável em seu novo papel de palmeirense. A começar pelo uniforme, que ele talvez devesse evitar até ficar mais familiar. Curioso que o time alviverde até já tem a cara dele, mas ele ainda não tem nada da cara do clube.
A ponto de se comportar exemplarmente como profissional. Ora, que ótimo, não é isso mesmo que se quer de um treinador, que se comporte como profissional? Claro que é! Mas até certo ponto... Porque está evidente que o coração de Muricy não bate no diapasão do seu bolso, recompensado com o que ele fez por merecer. Este Muricy racional, de fala pausada, compreensivo com os árbitros e, principalmente, com os jornalistas, é o retrato do executivo que está retribuindo com perfeição o pagamento a que faz jus. Frio, objetivo, cirúrgico, ponderado, comedido, pisando em ovos. Nada que se pareça, no entanto, com aquele que foi tricampeão brasileiro e de cuja competência só alguns poucos duvidam.
Muricy poderia ter ido para qualquer clube do mundo e certamente se comportaria no primeiro dia como se estivesse no São Paulo. Mas, em dois clubes, seria inevitável esse estranhamento: Palmeiras e Corinthians. Porque, se o que os olhos não veem o coração não sente, os olhos também não traem aquilo que se traz no coração. E o de Muricy ainda está, por assim dizer, anestesiado. Razão pela qual ele anda mais parecido com um clone de si mesmo".

blogdojuca@uol.com.br


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