São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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Local serve de "escola" para criança carente

DA AGÊNCIA FOLHA

Em todo início de manhã e fim de tarde durante os dias de semana, as areias da praia do Titanzinho ficam repletas de crianças que realizam uma dança chamada de "catá" ou "surfe imaginário". O exercício é feito antes de elas entrarem na água.
Elas fazem parte das três escolinhas de surfe da praia de Titanzinho, que atendem a mais de cem crianças carentes da comunidade.
A maior e mais antiga, a Escola Beneficente de Surfe Titanzinho, já formou tantos surfistas profissionais, entre homens e mulheres, que o fundador, João Carlos Sobrinho, 42, perdeu as contas.
Fera, como Sobrinho é mais conhecido, faz questão de citar o bicampeão mundial júnior Pablo Paulino, além de outros competidores: André Silva, Antônio Eudes e Carlos Alexandre.
A escolinha abriga 40 alunos e conta com as doações de amigos e entidades.
De acordo com Fera, a ideia surgiu há 14 anos, quando ele viu um jovem da comunidade ser morto, envolvido com bandidos, no local.
"A mulher do rapaz estava grávida quando ele morreu, e hoje o filho dele surfa em nossa escolinha", diz.
Para participar das aulas, as crianças precisam estar estudando. "O esporte é uma alternativa para tirar a ociosidade e não permitir que as crianças entrem na marginalidade", afirma o professor.
Camila Neros, 13, frequenta as aulas de surfe desde os sete anos. Sempre que pode, está na água. Assim como ela, Letícia Cavalcanti, 10, afirma que passa quatro horas por dia no mar. "Às vezes venho cedinho, sozinha, e começo a surfar", conta Letícia.
Como a maioria dos alunos da escolinha, ela sonha um dia se tornar surfista profissional e conhecer outras praias. "Queria ir para a Austrália ou para o Havaí."
Letícia declara que nada vai fazê-la desistir do esporte. Nem mesmo o fim das ondas na Titanzinho. "Vou procurar outro lugar. Deixo de surfar nada!" (RB)


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