São Paulo, domingo, 21 de abril de 2002

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FUTEBOL

Confronto por vaga na decisão do Rio-SP é motivado por sentimento de vingança do São Paulo contra o Palmeiras

Morumbi vê clássico do ressentimento

EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após remoer por um mês ressentimentos gerados no primeiro duelo com o Palmeiras neste ano, o São Paulo reencontra o rival hoje, às 16h, no Morumbi. O confronto tem ainda mais atrativos do que o primeiro clássico, até então o mais badalado e com melhor público do Rio-São Paulo.
A partida de hoje abre a disputa entre os dois rivais por uma vaga na final. Representa também a chance de os são-paulinos se vingarem da derrota por 4 a 2 no clássico da primeira fase, que valia a liderança da competição e foi visto por cerca de 49 mil pessoas, numa quarta-feira à noite.
Aquela derrota é considerada pela maioria dos atletas do Morumbi a mais dolorida do time em 2002. Além de perderem o primeiro lugar, os comandados do técnico Nelsinho Baptista, na sequência, entraram em crise.
O próprio treinador chegou a afirmar que parte da instabilidade havia acontecido porque seus jogadores perderam confiança após serem batidos pelo rival.
Depois do fracasso no clássico, foram mais quatro derrotas seguidas, que culminaram com um protesto da Tricolor Independente, principal organizada do clube.
Seus integrantes entraram no CT e atiraram pipocas no gramado para chamar os são-paulinos de "pipoqueiros".
Badalados antes do confronto com o Palmeiras por causa da série de seis goleadas que tinham aplicado, os são-paulinos enfrentaram ainda gozações por causa do gol de placa feito por Alex, após aplicar dois chapéus.
Um outdoor colocado em frente ao CT são-paulino, em homenagem ao gol do meia palmeirense, destruído no dia seguinte por torcedores, ainda está atravessado na garganta dos jogadores
Apesar do esforço de Nelsinho para que seus jogadores evitassem polêmica às vésperas do clássico, nem todos conseguiram disfarçar que entrarão em campo com sentimento de vingança.
"A derrota contra o Palmeiras, como a diante do Corinthians, ficou atravessada porque gerou insegurança na nossa torcida e provocou aquela manifestação aqui no CT", disse o atacante França.
Ele não disfarçou o ressentimento por causa do gol de Alex, que recebeu placas em homenagem ao seu feito.
"Foi exagero colocarem um outdoor em frente ao nosso CT, coisa de fanático. Mas nem o vi. Saí ouvindo música e dou mais importância ao rap do que para essas coisas", afirmou.
O zagueiro Emerson, que estava no lance do gol de Alex, protesta até hoje contra comentários sobre a jogada do clássico anterior.
"Falam que foram dois chapéus, mas foi um só [em Rogério]. Eu não fui chapelado, a bola não passou pela minha cabeça", disse.
Ele chegou a reclamar pessoalmente com o palmeirense. "Um dia encontrei o Alex, e ele confirmou que não deu um chapéu em mim", declarou o são-paulino.
Assim como Nelsinho, o técnico palmeirense, Wanderley Luxemburgo, também se empenhou para evitar as declarações que pudessem despertar um rancor ainda maior nos adversários.
O jogo pela fase de classificação começou a esquentar quando o time do Parque Antarctica se queixou de os holofotes estarem voltados só para os são-paulinos. Naquele momento, o Palmeiras liderava a competição interestadual, mas era o rival que encantava o público com suas goleadas.
Agora, a situação se inverteu. Depois de vencer o São Paulo, os palmeirenses conquistaram o apoio de seus torcedores, que até então desconfiavam do time, e também paz para trabalhar.
Apesar do aparente clima de tranquilidade, Luxemburgo diz que o principal rival palmeirense atualmente é o time do Morumbi.
"O que percebo é que hoje os torcedores e dirigentes do Palmeiras não admitem uma derrota para o São Paulo", afirmou o técnico, que considera a rivalidade entre as equipes "saudável".
Mesmo sem entrar em nova polêmica com os são-paulinos, os comandados de Luxemburgo entenderam o recado do chefe.
"A gente sabe que, se não ganhar do São Paulo, a situação vai ficar complicada para nós", disse o goleiro Marcos. "Até porque o Rio-SP foi o que nos restou."
O atacante Christian, quebrando o discurso afinado da maioria dos palmeirenses, desdenhou o sentimento de vingança alimentado pelos adversários.
"Querer [a vingança] nunca foi poder. Tem essa situação do último jogo entre a gente, mas, se eles vierem para cima, podem ser surpreendidos de novo."


NA TV - São Paulo x Palmeiras, na Globo e na Record, ao vivo, às 16h



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