|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Apesar de cada clube contar com no máximo 40 atletas no elenco, média de inscritos dos times na Série A bate em 92
Brasileiro ostenta pé-de-obra supérfluo
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Determinado em 2001, o fim do
passe tem provocado verdadeiro
inchaço de inscrições no Brasileiro da Série A. Em 2006, são 1.848
jogadores registrados por clubes
na competição, sendo 1.384 com
contratos profissionais.
Os números foram contabilizados pela CBF em seu Boletim Informativo Diário (BID) até a última quarta. Até agora, cada elenco
tem em média 92,4 atletas, sendo
69,2 já com contratos assinados.
É o resultado de um processo
iniciado há cinco anos, quando
entrou em vigor a Lei Pelé. Pela legislação, o vínculo esportivo entre
clube e jogador se estende enquanto houver um contrato de
trabalho. Para sair, o atleta precisa
pagar a multa rescisória.
Por isso, dirigentes pagam jogadores que não usam no Brasileiro.
Na prática, só entre 25 e 40 atletas
treinam com o grupo que disputa
o campeonato, dizem eles.
Ou seja, na média, a maior parte
dos jogadores inscritos nem sequer deve atuar no Brasileiro.
Mesmo assim, a maioria desses
atletas já é profissional.
Isso tem se intensificado a cada
ano com o assédio dos empresários a garotos mais jovens.
"Aos 15 anos, começamos a
analisar se vale fechar um contrato com o jogador. Às vezes, mais
cedo", afirma o diretor de futebol
do Santos, Luiz Antônio Capella,
cujo clube quase perdeu Neymar,
14, para o Real Madrid.
No Santos, Vanderlei Luxemburgo usa cerca de 30 atletas. Mas
o clube inscreveu 76 no Nacional,
66 deles profissionais.
Esses atletas não-utilizados ganham entre R$ 1.000 e R$ 3.000 de
salários -que podem ser maiores para jogadores de destaque.
A análise do valor do atleta da
divisão de base também é feita pela diretoria do Internacional. Só
que o clube gasta mais: mantém
101 jogadores na folha salarial.
Ainda tem mais 20 amadores registrados no Brasileiro.
São 32 ou 33 jogadores do Inter
que, efetivamente, atuam no Brasileiro. Fora estes, há atletas em
recuperação de forma física, que
atuam no time B da equipe.
"Criamos um plano de carreira.
Para alguns, começa aos 16 anos",
conta o vice de futebol do clube
gaúcho, Vitório Píffero. "Temos
acertado nas apostas e não temos
perdido jogadores."
No Fluminense, a regra é profissionalizar o máximo de jogadores
dos juniores e juvenis. Assim, são
75 atletas com contrato, mais 35
amadores inscritos pelo clube.
"Ainda temos de profissionalizar porque a CBF não permite a
escalação de mais de dois ou três
amadores", justifica o gerente de
futebol do clube das Laranjeiras,
Gustavo Mendes.
No arqui-rival Flamengo, a realidade não muda muito. O clube
tem de pagar salários entre R$ 700
e R$ 1.200 para garotos que só
atuarão no Brasileiro se houver
uma série de contusões.
No total, o clube da Gávea sustenta 88 jogadores profissionais,
de um elenco total de 105 atletas.
A maioria ainda treina afastada
do time que atua no Brasileiro.
"Costumamos firmar contratos
por cinco anos, para prender os
jogadores até os 20 ou 21 anos de
idade", afirma o vice-presidente
de futebol do time rubro-negro,
Kléber Leite.
Clube com o maior elenco, o
Atlético-PR tem 143 jogadores
inscritos, sendo 96 profissionais.
Desses, 69 contratos têm duração
de mais de três anos.
Esses números se justificam
porque o clube tem forte perfil exportador de atletas. Sua principal
fonte de receita são as negociações com clubes europeus.
O Palmeiras é o clube com mais
jogadores na folha salarial, um total de 104. Ainda mantém outros
27 amadores. O rival Corinthians
paga 83 dos 112 atletas inscritos.
Na maioria dos clubes com menos recursos, os elencos, em geral,
mostram-se mais reduzidos. O
Fortaleza tem apenas 42 jogadores, 7 deles amadores. O Paraná
paga 47 dos seus 71 jogadores, e a
Ponte Preta tem folha com 51 pessoas, além de 7 amadores.
Texto Anterior: Basquete: NBA define mata-matas, que começam amanhã Próximo Texto: São Paulo crê em fidelidade e nega tendência Índice
|