São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

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FUTEBOL

Apesar de cada clube contar com no máximo 40 atletas no elenco, média de inscritos dos times na Série A bate em 92

Brasileiro ostenta pé-de-obra supérfluo

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Determinado em 2001, o fim do passe tem provocado verdadeiro inchaço de inscrições no Brasileiro da Série A. Em 2006, são 1.848 jogadores registrados por clubes na competição, sendo 1.384 com contratos profissionais.
Os números foram contabilizados pela CBF em seu Boletim Informativo Diário (BID) até a última quarta. Até agora, cada elenco tem em média 92,4 atletas, sendo 69,2 já com contratos assinados.
É o resultado de um processo iniciado há cinco anos, quando entrou em vigor a Lei Pelé. Pela legislação, o vínculo esportivo entre clube e jogador se estende enquanto houver um contrato de trabalho. Para sair, o atleta precisa pagar a multa rescisória.
Por isso, dirigentes pagam jogadores que não usam no Brasileiro. Na prática, só entre 25 e 40 atletas treinam com o grupo que disputa o campeonato, dizem eles.
Ou seja, na média, a maior parte dos jogadores inscritos nem sequer deve atuar no Brasileiro. Mesmo assim, a maioria desses atletas já é profissional.
Isso tem se intensificado a cada ano com o assédio dos empresários a garotos mais jovens.
"Aos 15 anos, começamos a analisar se vale fechar um contrato com o jogador. Às vezes, mais cedo", afirma o diretor de futebol do Santos, Luiz Antônio Capella, cujo clube quase perdeu Neymar, 14, para o Real Madrid.
No Santos, Vanderlei Luxemburgo usa cerca de 30 atletas. Mas o clube inscreveu 76 no Nacional, 66 deles profissionais.
Esses atletas não-utilizados ganham entre R$ 1.000 e R$ 3.000 de salários -que podem ser maiores para jogadores de destaque.
A análise do valor do atleta da divisão de base também é feita pela diretoria do Internacional. Só que o clube gasta mais: mantém 101 jogadores na folha salarial. Ainda tem mais 20 amadores registrados no Brasileiro.
São 32 ou 33 jogadores do Inter que, efetivamente, atuam no Brasileiro. Fora estes, há atletas em recuperação de forma física, que atuam no time B da equipe.
"Criamos um plano de carreira. Para alguns, começa aos 16 anos", conta o vice de futebol do clube gaúcho, Vitório Píffero. "Temos acertado nas apostas e não temos perdido jogadores."
No Fluminense, a regra é profissionalizar o máximo de jogadores dos juniores e juvenis. Assim, são 75 atletas com contrato, mais 35 amadores inscritos pelo clube.
"Ainda temos de profissionalizar porque a CBF não permite a escalação de mais de dois ou três amadores", justifica o gerente de futebol do clube das Laranjeiras, Gustavo Mendes.
No arqui-rival Flamengo, a realidade não muda muito. O clube tem de pagar salários entre R$ 700 e R$ 1.200 para garotos que só atuarão no Brasileiro se houver uma série de contusões.
No total, o clube da Gávea sustenta 88 jogadores profissionais, de um elenco total de 105 atletas. A maioria ainda treina afastada do time que atua no Brasileiro.
"Costumamos firmar contratos por cinco anos, para prender os jogadores até os 20 ou 21 anos de idade", afirma o vice-presidente de futebol do time rubro-negro, Kléber Leite.
Clube com o maior elenco, o Atlético-PR tem 143 jogadores inscritos, sendo 96 profissionais. Desses, 69 contratos têm duração de mais de três anos.
Esses números se justificam porque o clube tem forte perfil exportador de atletas. Sua principal fonte de receita são as negociações com clubes europeus.
O Palmeiras é o clube com mais jogadores na folha salarial, um total de 104. Ainda mantém outros 27 amadores. O rival Corinthians paga 83 dos 112 atletas inscritos.
Na maioria dos clubes com menos recursos, os elencos, em geral, mostram-se mais reduzidos. O Fortaleza tem apenas 42 jogadores, 7 deles amadores. O Paraná paga 47 dos seus 71 jogadores, e a Ponte Preta tem folha com 51 pessoas, além de 7 amadores.


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