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JUCA KFOURI
O doping, ainda
Os exames antidopagem feitos no último Campeonato
Brasileiro de futebol revelam
um alarmante uso de anabolizantes por parte dos atletas
nacionais.
Embora a Fifa proíba o uso
de anabolizantes, a CBF limita seus exames às chamadas
drogas estimulantes, razão
pela qual, aliás, o número de
casos positivos no Brasil é infinitamente menor do que em
outros países ou em outros esportes.
Só alguém sem nada na cabeça será ainda capaz de usar
estimulantes para jogar, tal é
o risco, ou a certeza, de ser
pego no antidoping.
Alertada, a CBF tomou duas
providências: escondeu o fato,
para variar, e tratou de mandar examinar constantemente
os atletas que servem à seleção, para evitar problemas
durante a Copa do Mundo na
França.
Como boa parte dos nossos
jogadores atua no exterior, a
preocupação maior tem sido
com os que jogam aqui.
Os médicos dos grandes clubes foram chamados à Granja
Comary para tomar conhecimento dessa realidade e para
saber, também, que é possível
que já no próximo Campeonato Brasileiro os anabolizantes passem a ser detectados e considerados como se
deve, isto é, como casos positivos de doping.
Portanto, os médicos dos
clubes devem cuidar agora de
"limpar" seus atletas até que o
campeonato comece, depois
da Copa do Mundo.
Diante das inevitáveis reações dos bioquímicos por aqui
ter sido constatado que só no
Brasil uma comissão antidopagem não é presidida por um
médico, um fato chama a
atenção: ninguém se indignou
ao saber que Tanus Jorge, o
bioquímico que preside a comissão antidopagem da CBF,
confessou ser um dos fabricantes dos kits usados pela
mesma comissão.
Acrescente-se, pois, duas novas informações: Marco Antônio Teixeira, também bioquímico e ex-presidente da comissão antidopagem, tio do
presidente da CBF e seu secretário-geral, é sócio de Tanus.
E os kits estão, no mínimo,
cinco modelos atrasados, pois
são os mesmos desde 1989,
época em que Ricardo Teixeira assumiu a entidade.
Vá lá que produtores de laticínios não fiquem eticamente
indignados com os privilégios
da Linda Linda na CBF, mas
dos bioquímicos continua-se
a esperar outra atitude em defesa do bom nome da classe.
Atitude que, certamente, virá. Ou não?
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