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COPA 2006
"Nem o Barcelona joga
igual à seleção", preocupa-se Juan
Equipe já disputou 12 jogos
com o quarteto ofensivo;
venceu sete, empatou três,
perdeu dois e foi campeã no
único torneio em que o usou
Quadrado é um fardo, afirmam zagueiros
DO ENVIADO A COLÔNIA E MUNIQUE
À pergunta, seguem-se alguns segundos de reflexão. E
então cada um começa a responder à sua maneira, ciente de
que pisa terreno delicado.
"Olha", hesita Cris. "É...", balbucia Lúcio. "Bem...", começa
Luisão. "Sobrecarrega", diz
Juan, finalmente, de primeira.
Mas, entre os quatro zagueiros convocados para a Copa,
três opiniões são unânimes. A
primeira: o "quadrado mágico"
é um fardo para a defesa. A segunda: se Carlos Alberto Parreira insistir com o esquema, a
solução será treinar à exaustão
e refrescar sempre a memória
de meias e atacantes sobre a necessidade de marcar. A terceira
é uma constatação: time nenhum no mundo joga parecido.
Até agora, a seleção jogou 12
partidas com o quadrado mágico, cinco nas eliminatórias, cinco na Copa das Confederações
e dois amistosos. Venceu sete,
empatou três e sofreu duas derrotas. Fez 35 gols e sofreu 12.
"Não tem nenhuma equipe
que eu conheça... Nem o Barcelona, que é o melhor time do
momento, joga igual à seleção",
completa Juan, 27 anos e 38 jogos pelo time nacional. "A gente joga com o Adriano e o Ronaldo, dois atacantes. Joga com
o Ronaldinho, mais um atacante, e o Kaká, outro. Joga com o
Emerson, que na Juventus é segundo ou terceiro homem, e
com o Zé Roberto, que no Bayern é um atacante defensivo."
Cris, 28 anos e 17 partidas pela equipe, também usa a equipe
espanhola como paradigma.
"Só o Brasil tem o luxo de armar um time dessa maneira. O
Barcelona não tem o quarteto,
mas tem três na frente, o Messi,
o Ronaldinho e o Eto'o. Só que
lá todos saem pra marcar. Na
seleção, todo mundo também
vai ter que marcar", afirma.
Mais experiente do quarteto
de zagueiros para a Copa, Lúcio, 28 anos e 50 jogos na seleção, bate na tecla da cobrança
aos atletas que jogam à frente.
Algo que, segundo ele, já
ocorreu na última Copa das
Confederações, única competição até hoje que o Brasil disputou do início ao fim com o quadrado mágico -foi campeão.
"O treinador vai cobrar do
pessoal ali do ataque, do meio,
pra marcar, como na Copa das
Confederações. O meio ajudou,
principalmente na final, contra
a Argentina, e não nos atrapalhou muito lá atrás. Teve uma
sobrecarga, mas nada que tivesse prejudicado a seleção."
Para Luisão, 25 anos e 16 jogos pelo Brasil, Parreira terá de
afinar a consciência da equipe.
"Eu sempre falo que é questão
de mentalidade. Se o Brasil
conseguir criar a mentalidade
de que tem que ajudar um pouco ali, fica perto da perfeição. A
responsabilidade vai ter que ser
lembrada o tempo todo", diz.
Para isso, não é necessário
chegar a Weggis. O técnico da
seleção pode começar o trabalho nesta noite. Seu divã, o vôo
8772, da Varig, para Zurique, na
Suíça.
(FÁBIO SEIXAS)
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