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Grandalhões encontram seus iguais na competição
DA REPORTAGEM LOCAL
O esporte pode ser o porto
seguro para adolescentes grandalhões não só por garantir um
corpo mais forte e saudável.
Para muitos, é a peça fundamental de socialização para se
adaptar a um mundo que parece acolher apenas os que são
mais baixos do que eles.
"Quando comecei a nadar,
me senti menos diferente. Os
meus colegas eram parecidos
comigo. Ser alto é bom para um
nadador", afirma Bruno Barbosa, 14 anos e 1,86 m, que já tem
no currículo títulos brasileiros.
A sensação de Bruno é ratificada por especialistas. No esporte, os garotos são valorizados exatamente pelo que os
torna "estranhos" aos outros.
"Eles encontram seus iguais.
As meninas que são muito altas, como no vôlei, podem por
salto alto numa boa, porque as
pessoas em volta são como elas.
E os garotos gostam delas assim", diz Márcia Pilla do Valle,
psicóloga do Grêmio Náutico
União, clube de Porto Alegre.
No ambiente esportivo, eles
também podem dividir experiências incômodas. "Viagens
de ônibus e avião são a parte
mais complicada. A gente vai
apertado mesmo, tem de esticar a perna no corredor", reclama Renan Buiatti, jogador de
vôlei de 16 anos e 2,07 m.
"Na hora de comprar roupa,
nunca tem no meu tamanho.
No metrô, me abaixo para entrar no vagão. Sou muito maior
do que a minha cama, mais alto
que o box, que o chuveiro... Às
vezes esqueço e bato a cabeça
quando vou atravessar alguma
porta", enumera Jhonny Jackson Silva e Silva, de 15 anos e 2
m, jogador de basquete do Espéria, equipe de São Paulo.
Para crianças muito altas,
ações simples, como comprar
sapatos, podem se tornar um
martírio. A indústria e os comerciantes de calçados têm,
mesmo que de forma ainda tímida e sem base em estudos
científicos, dado mais atenção
aos pés dos "gigantes" mirins.
"A necessidade faz a realidade. Nos últimos dez anos percebemos que houve um aumento
de cerca de 20% no tamanho
médio dos calçados infantis e
juvenis. E a demanda tem aumentado", comenta Antônio
Espolador, presidente da Associação Brasileira dos Lojistas
de Artefatos e Calçados.
Apesar dos percalços, crianças e adolescentes que encontram abrigo no esporte sabem
qual é o seu trunfo. "Não sei
ainda até quando irei crescer.
Resolvi não fazer o exame para
saber. Vou deixar nas mãos de
Deus. Mas espero chegar a 2,10
m, para me ajudar na carreira",
afirma Jhonny.
(ALF, GR E ML)
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