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Romário faz seu 1.000°
Aos 41 anos, herói do tetra converte pênalti, beija bola, dá entrevistas em campo, pega filhos no colo e dá a volta olímpica
Projeto do milésimo gol prolonga a carreira do atacante, que agradece à família e, após elogio de Lula, defende o presidente
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Após 409 minutos de suspense e quase dois meses de espera, o atacante Romário marcou ontem à noite o milésimo
gol da carreira, de acordo com
suas contas, e preferiu não criar
polêmica na celebração.
Como queria, o jogador de 41
anos converteu de pênalti o feito histórico. O gol foi aos 3min
do segundo tempo, às 19h17, e
deixou os torcedores de pé em
São Januário nos dois minutos
que antecederam a cobrança.
Com categoria, Romário
chutou no canto esquerdo do
goleiro Magrão, do Sport, que
pulou para o lado oposto. O árbitro Giuliano Bozzano apitara
a infração após um toque na bola com a mão dentro da área.
"Não tenho nenhum apelo
para fazer. Gostaria só de agradecer. Poderia ter falado várias
coisas que acontecem diariamente na nossa vida, mas acredito que seria mais um a falar.
As coisas têm que acontecer independentemente da minha
vontade", disse ele, que não seguiu exemplo de Pelé em 1969.
Na época, o santista discursou em favor das "criancinhas"
no gramado do Maracanã após,
também de pênalti, fazer seu
milésimo gol, no Vasco, também no canto esquerdo do goleiro. Naquele dia, Andrada
acertou o lado, mas não pegou.
O gol de ontem levou o jogador às lágrimas. Após a bola entrar, ele seguiu em direção ao
gol e foi cercado por dezenas de
fotógrafos e jornalistas. Chorando muito, o primeiro brasileiro eleito o melhor jogador do
mundo pela Fifa dedicava a
marca aos seus familiares.
"Este é um momento ímpar
na minha vida. Agradeço a todos da minha família, principalmente aos meus pais. Poderia falar algumas coisas agora,
mas vou deixar para outra hora", disse Romário, pouco antes
de receber um abraço da mãe.
"O Romário é demais", gritava Dona Lita, mãe do jogador,
que deu a volta olímpica no
campo com o filho. "Faço academia para isso. Hoje [ontem],
não vou parar tão cedo", dizia
Lita, que deu uma camisa do
Vasco com o número mil para o
filho usar no restante do jogo. A
festa no gramado durou cerca
de 15 minutos. Até Ivy, a filha
mais nova do jogador, que tem
síndrome de Down, participou.
Com a marca histórica garantida, Romário admitiu ao
deixar o jogo que o fim da carreira está próximo. "A partir de
agora, vou começar a pensar
nisso. Quando vocês menos
pensarem, já parei. Nos próximos dias, vocês vão descobrir
uma novidade", disse ele, acrescentando que faria uma semana de comemoração e ontem
celebrou com a família e amigos em uma churrascaria.
Em uma das várias entrevistas no local, falou sobre o telefonema que recebeu de Lula e
fez uma defesa do presidente.
"Apesar de não ter votado nele,
o Lula está surpreendendo."
Romário não atuou até o fim
do jogo de ontem. Foi substituído aos 41min por Alan Kardec.
O gol histórico aconteceu na
quarta tentativa. Nas vezes anteriores, Romário, que trouxe
patrocinador de uniforme para
o Vasco depois de anos em razão de sua empreitada, tentou o
milésimo no Maracanã, seu
palco preferido, sem sucesso.
"Sempre falei que queria o
Maracanã, mas foi aqui e foi
ótimo. Afinal, São Januário é
onde mais fiz gols na carreira",
disse ele, que foi convencido
pelo Vasco a mudar de idéia.
Só neste ano, Romário havia
feito seis gols em apenas duas
partidas que disputou em São
Januário, estádio que completou 80 anos no mês passado.
No Maracanã, o atacante jogou sete vezes em 2007 e só
marcou uma vez, o gol de número 999, contra o Flamengo.
Apesar da festa, Romário
pouco tocou na bola na partida.
No intervalo, ele declarou que
não se sentia bem. "Infelizmente, estou mal, mas vou continuar tentando", disse ele, destaque da Copa dos EUA-94.
Após o gol, o jogo esfriou, e
muitos fãs deixaram o estádio.
O Vasco venceu por 3 a 1. O último gol do time do Rio foi o histórico de Romário, que ganhará
uma homenagem do clube em
junho. Uma estátua em tamanho natural será colocada atrás
do gol em que, diante de 16.808
torcedores, saiu o milésimo.
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