São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007

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JUCA KFOURI

Um Corinthians à paraguaia

Ao se defender como se fosse a seleção guarani de 1998, o alvinegro construiu uma vitória categórica

O "PARAGUAIA" que titula esta coluna não tem nada a ver com falsificação ou com animais que saem na frente e chegam atrás, nas carreiras do turfe. Tem apenas a ver com o irrepreensível esquema de segurança que Paulo César Carpegiani montou na seleção do Paraguai que disputou a Copa do Mundo de 1998, que só caiu diante da campeã França na prorrogação, nas oitavas-de-final, em jogo dramático.
O Corinthians que derrotou o Cruzeiro por 3 a 0 no Mineirão lembrou aquele time. Porque se fez três gols, dois de pênaltis batidos por Marcelo Mattos e outro, o primeiro, de Everton, foi basicamente porque soube impedir que o Cruzeiro jogasse até que a vitória estivesse assegurada. Depois, ainda se deu ao luxo de permitir alguns ataques mineiros, como se para mostrar, também, que enfim o Corinthians tem goleiro, o baiano Felipe, que lembra demais o gelado Dida.
O brilho técnico do alvinegro fica quase que exclusivamente a cargo do menino Willian, mas a abnegação e a disciplina tática na marcação foram a tônica do time todo, que teve menos a posse de bola, mas absoluto comando do jogo. Em resumo: é bem capaz que o técnico PCC esteja formando um time ao gosto da Fiel, coisa que não se podia suspeitar na pálida apresentação de estréia, em casa, diante do Juventude. Verdade que o Cruzeiro é um amontoado, no qual vagueia solitário o bom Araújo. Mas isso não é problema do Corinthians, que já os tem em demasia para se preocupar com os do adversário. E, que, aliás, não podem ser esquecidos por causa de duas vitórias, pois se o time começa a dar esperanças, a diretoria ainda é a mesma, medíocre e superada.
O que vale registrar, por ora, é que enfim o Corinthians venceu, convenceu e até surpreendeu. Já o Palmeiras precisa levar um puxão de orelhas, porque quase entregou, por desinteresse, uma vitória que se afigurava tranqüila sobre o Figueirense, no Palestra Itália. A dupla paraguaia/chilena, Florentín/Valdivia, funcionou à perfeição no primeiro tempo, e o time todo caiu assustadoramente no segundo, quando, por pouco, os 2 a 0 construídos com facilidade quase viraram um empate que seria por todos os motivos catastrófico.
Afinal, futebol é coisa séria. Tão séria que o time "alternativo" do Santos, que o professor de jornalismo Vanderlei Luxemburgo não quer que a imprensa chame de reserva, mostrou que é mesmo o time reserva do Santos. E que não dá para repetir no Campeonato Brasileiro o que fez no Paulista, porque o nível, longe de ser brilhante, é superior, como mostrou o América potiguar na Vila Belmiro.
Mas, enfim, o América que interessa é mesmo o dos mexicanos. Que têm boas lembranças do jogador Muricy, mas não tantas como têm os pernambucanos do Náutico do treinador Muricy Ramalho, comoventemente homenageado pela direção e pela torcida timbus ontem, no estádio dos Aflitos, numa cena rara. Como rara foi a afoiteza de um São Paulo mal organizado na derrota no Recife.
Viva, Romário!

blogdojuca@uol.com.br


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