São Paulo, quinta-feira, 21 de maio de 2009

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JUCA KFOURI

Por que amamos o Maracanã


Corintianos, santistas e palmeirenses têm mil razões para lembrar com carinho de nosso melhor palco


MAIS UMA vez o Maracanã estava lindo de morrer, como quando o Fluminense decidiu, e perdeu, a Libertadores com a LDU, no ano passado.
Um show de luzes e cores para Spielberg nenhum botar defeito. Nem Chicão ou Jorge Henrique. Eles que foram os autores dos dois gols que, logo no começo do jogo, desnortearam o Fluminense, que empatou tarde demais.
E mais uma vez os paulistas saíram do estádio, que é o cartão-postal de nosso futebol, festejando o resultado que a torcida anfitriã se preparou para comemorar. Tem sido assim através dos quase 60 anos do Mário Filho.
O que o Corinthians conseguiu ontem está até longe de ser das coisas mais espetaculares já obtidas por times de São Paulo no grande palco, pois chegou apenas à semifinal da Copa do Brasil.
Mas que os times paulistas e Maracanã dão liga, lá isso dão. A começar pela partida inaugural, em 17 de junho de 1950, quando uma seleção paulista de novos derrotou a carioca por 3 a 1, nada espetacular, tudo bem, mas simbólico, ou melhor, premonitório. Nem é bom relembrar o que aconteceu 29 dias depois, na Copa de 50, quando os uruguaios levantaram a Jules Rimet nas barbas de nossos pais e avós.
Parecia que o "maior do mundo" tinha sido erguido para fazer sofrer os donos da casa. Mas os anos foram correndo, e o Maracanã sempre sorriu para o futebol da paulicéia. Basta dizer que o Palmeiras tem a Copa Rio de 1951 como se fosse um título mundial, obtido no Maracanã do mesmo modo que o Santos, em 1963, e o Corinthians, em 2000, obtiveram os deles. Não foi à toa que durante as décadas de 50 e 60 o estádio era chamado de Recreio dos Bandeirantes.
Porque não só as seleções paulistas, tetracampeãs nacionais nos anos 50, costumavam pintar e bordar por lá como porque o Santos de Pelé adorava chacoalhar o Botafogo de Mané no Rio, assim como receber times estrangeiros como o Benfica e o Milan para derrotá-los e ser bicampeão mundial.
Para não falar da célebre invasão corintiana, em 1976, quando o Maracanã recebeu tantos corintianos quantos eram os tricolores na semifinal do Campeonato Brasileiro, vencida pelos alvinegros.
Ou para não falar da fantástica goleada do Palmeiras de Telê Santana no Flamengo de Zico, em 1979, 4 a 1, diante de mais de 112 mil rubro-negros confiantes, também em semifinal de Campeonato Brasileiro, e que acabou por valer a nomeação do mestre como técnico da seleção brasileira na Copa de 1982.
Sim, estamos falando sempre de jogos para públicos maiores de 100 mil torcedores, exceção feita à final do Mundial de Clubes da Fifa, em 2000, quando, já vindo de uma de suas muitas e infindáveis reformas, o Maracanã encolheu, a ponto de ficar lotado com, no máximo, cerca de 80 mil torcedores, como ontem, quando Carlos Alberto Parreira pagou caro a estratégia de ir para o jogo de volta com derrota mínima, confiando numa coragem que só apareceu no segundo tempo, ao contrário do Corinthians, que, no primeiro, deu o show que o Maracanã merece. E sem gol do apagado Ronaldo.

blogdojuca@uol.com.br


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