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Revés na Justiça faz Ferrari ironizar e rebatizar a F-1
Após perder primeira queda de braço com FIA em relação ao orçamento de 2010, equipe chama a categoria de F-GP3
Enquanto entidade que rege o automobilismo propaga vitória do esporte, Alonso externa preocupação sobre o futuro do campeonato
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO
Se a melhor defesa é o ataque,
a Ferrari não perdeu tempo.
Após perder a primeira queda de braço com a FIA ontem, a
equipe, que já disse que deixará
a F-1 se o regulamento de 2010
for mantido como está, imediatamente contra-atacou.
Em seu site oficial, soltou comunicado no qual diz que a categoria terá de mudar de nome.
Devido à inexpressividade dos
times que pretendem se inscrever no Mundial do ano que
vem, deveria se chamar F-GP3.
"Os homens e mulheres que
trabalham na Ferrari quase não
acreditaram quando descobriram os nomes dos times que
querem correr na F-1 no próximo ano", afirma o texto intitulado "F-1 ou F-GP3".
"Wirth Research, Lola, USF1,
Epsilon Euskadi, RML, Formtech, Campos, iSport: estes são
os times que competirão na F-1
de duas categorias que [Max]
Mosley [presidente da FIA]
quer", ironiza a nota.
O motivo da ira do time de
Maranello foi a derrota na Justiça francesa anunciada no início da tarde de ontem pelo juiz
Jacques Gondrand de Robert.
Insatisfeita com o regulamento e com a forma como ele
foi elaborado -sem a anuência
dos times-, a Ferrari havia
acionado a Justiça comum para
fazer valer seu direito de veto
sobre mudanças nas regras técnicas da categoria, algo que lhe
foi dado há mais de dez anos.
Queria ainda que o assunto
fosse resolvido com urgência, já
que o prazo final para as inscrições termina no dia 29.
A principal reclamação dos
ferraristas, que contam com o
respaldo das demais equipes do
grid, gira em torno do teto orçamentário para o ano que vem.
Além de não concordarem
com o valor estipulado pela FIA
(40 milhões de libras, o que
equivale a R$ 129 milhões), argumentam que a F-1 acabaria
ficando com duas categorias na
mesma, já que os times que
aceitarem o teto terão uma série de liberdades técnicas.
Mas o juiz entendeu que não
"havia nenhum perigo iminente a ser impedido" e negou o pedido dos advogados italianos.
Para Mosley, foi uma vitória
do esporte. "Nenhum competidor deve pôr seus interesses
acima dos de seu esporte."
Apesar das declarações irônicas em seu site, no fim da tarde
em Mônaco a Ferrari emitiu
novo comunicado, desta vez
politicamente correto, no qual
diz que ainda não definiu se recorrerá da decisão da Justiça.
"Seguiremos trabalhando
com a Fota [associação dos times], a FIA e o detentor dos direitos comerciais para garantir
que a F-1 seja uma categoria
com as mesmas regras para todos e que se beneficie da estabilidade nas regras, ao mesmo
tempo que trabalhamos para
reduzir gradualmente os custos", diz o texto, que acaba com
a ameaça de deixar a categoria.
No paddock, às vésperas dos
primeiros treinos livres para a
sexta etapa do Mundial, os pilotos pouco falaram de carro.
"Fico um pouco chateado
com essa disputa de poder, e é
muito mais legal pensar em esporte do que em política", afirmou o ferrarista Felipe Massa.
"É triste terem deixado as coisas chegarem a este ponto. Não
sei onde [tudo] vai acabar."
O mais preocupado ontem
parecia ser o bicampeão Fernando Alonso, da Renault.
"Não sei se esta será minha última vez em Mônaco porque, se
os times grandes e as montadoras deixarem a F-1, eu não vou
querer correr em times pequenos porque não será mais F-1."
TV - Treinos livres do GP de Mônaco
Sportv, ao vivo, às 5h e às 9h
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