São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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Para poucos

Com times de apenas dez cidades, Brasileiro se vale de rivalidades para fazer clubes faturarem

DE SÃO PAULO

O Censo 2010 apontou que o Brasil possui mais de 190 milhões de habitantes. Menos de 16% vive em municípios representados na primeira divisão do Brasileiro.
A 41ª edição do torneio, que começa hoje à tarde, reúne clubes de apenas dez das 5.565 cidades do país.
É a segunda menor variedade da história. Em duas oportunidades, ambas extraordinárias, o campeonato contou com equipes de nove municípios: 1971, ano de criação do Nacional, e 1987, quando a organização ficou a cargo dos maiores clubes.
Entre os países do primeiro escalão no futebol, o Brasil é o que possui a liga mais concentrada, superando até mesmo Inglaterra e Argentina, que, naturalmente, concentram boa parte dos competidores em suas capitais.
Sem essa características, o Brasileiro deste ano até ignora Brasília, mas segrega seus clubes às capitais dos Estados. Só o Santos foge à regra.
Além das vantagens de estar em centros com economia mais sólida e mídia consolidada, essenciais para exposição de marcas, esses times usufruem de rivalidades locais geradas nos tempos em que os Estaduais eram o ponto alto dos calendários.
Seis das dez cidades envolvidas com a Série A possuem mais de um clube no certame. Os quatro que ascenderam vêm de centros já presentes no ano passado. "Rivalidades mais acentuadas te ajudam a faturar.
Se você souber trabalhar, fará com que seus torcedores consumam mais", afirmou o diretor de marketing do Internacional, Jorge Avancini.
De Porto Alegre vem um dos melhores exemplos de como a disputa entre dois clubes pode ser explorada.
O Inter saiu da crise na primeira metade da última década para faturar dois títulos da Libertadores alavancado por um programa de sócios, logo adaptado pelo Grêmio.
"Se o Grêmio não tivesse esse programa, não teríamos chegado a 106 mil sócios", disse Avancini. O Inter é o clube com mais associados no país -o Grêmio aparece em segundo, com 62 mil.
O pay-per-view também mostra os benefícios da dualidade. Cruzeiro e Atlético-MG esperam lucrar mais com venda de jogos pela TV em 2011 do que o Vasco, apesar de terem torcidas menores.
O fenômeno é explorado até fora dos clubes. A estratégia de marketing do título de capitalização É Gol foi feita em cima do confronto entre os dados de venda para torcedores de equipes rivais.
"Você motiva uma concorrência entre as torcidas. Uma quer comprar mais do que a outra", falou o diretor de projetos especiais da Rede Record, responsável pelo título, Júlio Casares. "O Alético-MG passou a vender mais depois que o Cruzeiro aderiu."
Até mesmo a CBF resolveu fazer uso das rivalidades.
Após suspeitas de entrega de jogos na reta final dos últimos campeonatos, a confederação escalou oito clássicos para a rodada derradeira. A lógica é que, mesmo sem objetivo na tabela, um clube não abdicará de bater o rival.
"No fim do campeonato, corre-se o risco de os clássicos ficarem esvaziados. No meio da temporada, davam vigor a um Brasileiro que é longo demais", criticou o vice de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes. (RAFAEL REIS)

FOLHA.com
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