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FUTEBOL
Entidade usa legislação fora de vigor, confirma 26 clubes no Brasileiro, incluindo Bragantino e o time carioca
CBF rompe regra e salva Fluminense
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
A CBF (Confederação Brasileira
de Futebol) rompeu ontem com
seu próprio estatuto e reconduziu
o Fluminense e o Bragantino à primeira divisão do Campeonato
Brasileiro.
Em vez dos 24 times definidos
desde o ano passado e referendados pelo conselho técnico dos clubes que aprovou o regulamento, a
competição terá 26 participantes.
Anteontem, o STJD (Superior
Tribunal de Justiça Desportiva)
havia assegurado a participação do
Atlético-PR no campeonato, apesar da suspensão de 360 dias.
A equipe paranaense foi salva
com a utilização de norma da legislação esportiva que já não está
em vigor.
O arranjo político que resultou
na nova fórmula foi conduzido pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que sofreu as maiores pressões e ameaças desde quando passou a dirigir a entidade, em 1989.
A decisão cria precedente para
que nenhum clube tradicional, como o Fluminense, venha a cair para a segunda divisão, mesmo que
fracasse nos gramados.
A diretoria da CBF se reuniu ontem de manhã na sede da entidade,
no Rio. Ao incluir 26 clubes, ela
desrespeita o artigo 39 do estatuto
da confederação, que limita em 24
os times na primeira divisão.
Nota oficial diz que a mudança
de estatuto será submetida à assembléia geral, com representantes das federações. Mas não foi
marcada nem discutida data.
Será mais uma mudança na gestão Teixeira. Numa delas, ele viabilizou sua própria reeleição.
O dirigente saiu às pressas da
CBF, evitando os repórteres. Mas
um atraso de cerca de cinco minutos do seu carro o fez esperar na
calçada, com seguranças.
Ele se recusou pelo menos 14 vezes a falar sobre a decisão. "Leiam
a nota oficial", repetia, suando.
Atrás dele, cerca de 20 torcedores do Fluminense cantavam o hino do clube, destacando o verso
"Quem espera sempre alcança".
Depois, um dos vice-presidentes, Alfredo Nunes, informou que
Teixeira saíra para comemorar os
50 anos, completados ontem.
Depois de ler a nota oficial, Nunes começou a ser entrevistado.
Na terceira pergunta, ele se levantou, irritado, e foi embora.
A pergunta: "Se o STJD confirmara o Atlético-PR na primeira divisão, com que argumento a CBF
incluiu Fluminense e Bragantino?". Antes, Nunes afirmou que os
dois times, últimos colocados no
campeonato de 96, foram mantidos na primeira divisão porque "o
futebol vive uma situação difícil".
Ao se retirar, Nunes deixou sozinho o diretor técnico da CBF, Gilberto Coelho. O dirigente disse que
"houve vestígios de que algo não
andou bem com a arbitragem no
campeonato passado".
"Houve uma situação excepcional. O único mal que se pode remendar um pouco exige a manutenção dos dois clubes."
A síntese da argumentação de
Coelho é a seguinte: houve indícios
de manipulação de resultados, o
que não é suficiente para anular o
Brasileiro de 96. Como é possível
que clubes tenham sido prejudicados, ninguém será castigado, pelo
menos com rebaixamento.
Revoltado com a decisão, que rejeitou a ascensão do Náutico (PE),
terceiro colocado na segunda divisão do ano passado -os dois primeiros agora sobem-, o presidente da Federação Pernambucana, Carlos Alberto Oliveira, afirmou: "Foderam o Náutico."
O campeonato começará dia 5 de
julho com Grêmio e São Paulo.
Os três clubes que cairiam para a
terceira divisão -Goiatuba (GO),
Sergipe (SE) e Central (PE)- ficarão na "segundona", que reunirá
25 times.
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