São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2001

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FUTEBOL

Deputados que defenderam cartolas declaram que grupo veio para ficar

"Bancada da bola" renega rótulo, mas segue na ativa

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Quando chegou ao Brasil em 1949, o filho de brasileiros nascido em Portugal José Lourenço, 67, foi a um baile pré-carnavalesco no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. No ano seguinte, foi para outro Rio, o de Janeiro, onde viu o Maracanã se calar diante de um Uruguai campeão do Mundo.
Lourenço decidiu que viveria no Brasil, pois havia se apaixonado pelo Carnaval e pelo futebol.
Na última quarta-feira, aos gritos de "parcial" e "golpista", ele, em seu sexto mandato de deputado federal, liderou, no plenário 11 da Câmara Federal, um grupo de parlamentares que ficou conhecido como "bancada da bola", expressão de duplo sentido que serviu de munição para adversários.
O grupo avisa: veio para ficar e continuará na ativa.
José Lourenço (PFL-BA) dirigiu seus ataques ao palmeirense Aldo Rebelo (PC do B-SP), presidente da CPI da CBF/Nike, que devassou a vida dos principais dirigentes do futebol brasileiro e pediu ontem ao Ministério Público o indiciamento de 33 deles.
Engrossavam o coro de Lourenço, torcedor do Bahia e homem próximo da CBF, Luciano Bivar (PSL-PE), presidente do Sport (Recife), José Rocha (PFL-BA), ex-presidente do Vitória, José Mendonça (PFL-PE), presidente do Santa Cruz, e Darcísio Perondi (PMDB-RS), irmão de Emídio Perondi, presidente da Federação Gaúcha de Futebol.
Além deles, a bancada que saiu do baixo clero da Casa para o noticiário, à custa de muito bate-boca e da defesa dos dirigentes, contou com Eurico Miranda (PPB-RJ), presidente do Vasco, Nelo Rodolfo (PMDB-SP), conselheiro do Palmeiras, e José Janene (PPB-PR), ligado ao Londrina.
Em comum, além da opção política à direita (Bivar é autor de um livro com críticas ao comunismo de Cuba), todos têm o discurso de "amor ao futebol" e renegam o título de "bancada da bola". "Não existe esse negócio. Eu sou da bancada que defende o futebol brasileiro e vou continuar fazendo isso", disse Rodolfo.
Lourenço vai na mesma direção. "O que nos une é o interesse pelo esporte", declarou.
"Estava lá porque conheço as mazelas do futebol . Não há bancada. Há três deputados que presidem clubes e outros que nos apoiaram", disse Bivar.
Não é bem assim. Perondi, que em muitas sessões da CPI fazia questão de se vestir com as cores da bandeira brasileira, e Eurico receberam doações da CBF em sua campanhas eleitorais.
Eduardo Campos (PSB-PE), do grupo de Rebelo, diz que a "bancada da bola" foi orientada por Ricardo Teixeira, presidente da CBF, para desmoralizar a CPI.
E Teixeira já disse: vai continuar apoiando campanhas eleitorais.


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