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FUTEBOL
Deputados que defenderam cartolas declaram que grupo veio para ficar
"Bancada da bola" renega
rótulo, mas segue na ativa
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Quando chegou ao Brasil em
1949, o filho de brasileiros nascido
em Portugal José Lourenço, 67, foi
a um baile pré-carnavalesco no
bairro do Rio Vermelho, em Salvador. No ano seguinte, foi para
outro Rio, o de Janeiro, onde viu o
Maracanã se calar diante de um
Uruguai campeão do Mundo.
Lourenço decidiu que viveria no
Brasil, pois havia se apaixonado
pelo Carnaval e pelo futebol.
Na última quarta-feira, aos gritos de "parcial" e "golpista", ele,
em seu sexto mandato de deputado federal, liderou, no plenário 11
da Câmara Federal, um grupo de
parlamentares que ficou conhecido como "bancada da bola", expressão de duplo sentido que serviu de munição para adversários.
O grupo avisa: veio para ficar e
continuará na ativa.
José Lourenço (PFL-BA) dirigiu
seus ataques ao palmeirense Aldo
Rebelo (PC do B-SP), presidente
da CPI da CBF/Nike, que devassou a vida dos principais dirigentes do futebol brasileiro e pediu
ontem ao Ministério Público o indiciamento de 33 deles.
Engrossavam o coro de Lourenço, torcedor do Bahia e homem
próximo da CBF, Luciano Bivar
(PSL-PE), presidente do Sport
(Recife), José Rocha (PFL-BA),
ex-presidente do Vitória, José
Mendonça (PFL-PE), presidente
do Santa Cruz, e Darcísio Perondi
(PMDB-RS), irmão de Emídio Perondi, presidente da Federação
Gaúcha de Futebol.
Além deles, a bancada que saiu
do baixo clero da Casa para o noticiário, à custa de muito bate-boca e da defesa dos dirigentes, contou com Eurico Miranda (PPB-RJ), presidente do Vasco, Nelo
Rodolfo (PMDB-SP), conselheiro
do Palmeiras, e José Janene (PPB-PR), ligado ao Londrina.
Em comum, além da opção política à direita (Bivar é autor de
um livro com críticas ao comunismo de Cuba), todos têm o discurso de "amor ao futebol" e renegam o título de "bancada da bola". "Não existe esse negócio. Eu
sou da bancada que defende o futebol brasileiro e vou continuar
fazendo isso", disse Rodolfo.
Lourenço vai na mesma direção. "O que nos une é o interesse
pelo esporte", declarou.
"Estava lá porque conheço as
mazelas do futebol . Não há bancada. Há três deputados que presidem clubes e outros que nos
apoiaram", disse Bivar.
Não é bem assim. Perondi, que
em muitas sessões da CPI fazia
questão de se vestir com as cores
da bandeira brasileira, e Eurico
receberam doações da CBF em
sua campanhas eleitorais.
Eduardo Campos (PSB-PE), do
grupo de Rebelo, diz que a "bancada da bola" foi orientada por
Ricardo Teixeira, presidente da
CBF, para desmoralizar a CPI.
E Teixeira já disse: vai continuar
apoiando campanhas eleitorais.
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