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FUTEBOL
Radialista mantém na memória dados, informações e estatísticas sobre campeonatos nacionais e estrangeiros
Locutor guarda 'enciclopédia' na cabeça
da Reportagem Local
Além da superação de seu problema físico, Paulo Rodrigues, 57,
deficiente visual, tem outro motivo para orgulhar-se: é conhecido
como "computador humano" no
Ceará.
Qual a defesa mais vazada? A
maior renda da temporada? Rodrigues, locutor e comentarista da rádio Verdes Mares, guarda essas e
outras informações -sobre os
campeonatos Cearense, Paulista,
Estadual do Rio, Espanhol, Italiano e Português -na memória.
Fórmula do sucesso
Para manter frescas as informações esportivas, Rodrigues segue
uma disciplina quase militar.
"Gravo as informações relevantes sobre os campeonatos em fitas
cassete", ensina o locutor. "Todas
as manhãs, ouço uma ou mais fitas
para não esquecer nenhum dado".
Amor antigo
Desde os tempos de estudante,
no Colégio Cearense, Rodrigues já
gostava de futebol. " Infelizmente,
desde pequeno sofria de miopia
degenerativa (a doença acabou
por privar-lhe da visão)", lamenta
Rodrigues, que encontrou outro
meio de manter-se ligado ao esporte. "Foi aí que comecei a organizar campeonatos de futebol no
colégio".
A experiência deu certo e, mais
tarde, Rodrigues tornou-se dirigente e treinador de clubes infantis
e juvenis de futebol (veja texto
abaixo).
"Mas, aos poucos, fui perdendo
o interesse pelo esporte", diz o radialista. "Até que, devido aos progressivos problemas de visão,
abandonei o futebol de vez."
Loteria esportiva
Ironicamente, foi justamente a
perda da visão e o consequente
isolamento de Rodrigues que o
reaproximaram de uma de suas
maiores paixões.
"Na idade adulta, é mais difícil a
adaptação a esse tipo de situação",
diz Rodrigues, referindo-se à cegueira. "Passava os dias acompanhando os jogos pelo rádio, minha
única diversão."
Em uma tarde de 1984, Rodrigues detectou uma informação errada quando a radialista anunciava os resultados da loteria esportiva e ligou para a rádio. Na semana
seguinte, Rodrigues apontou outro erro. Na terceira semana, assim
que terminou de fazer a correção,
Paulo teve uma surpresa.
"O senhor entende mesmo de
futebol, não?", disse um dos locutores. "Por que não vem até aqui
para fazer um teste?"
"Fiquei um pouco intimidado,
mas aceitei o convite", diz Rodrigues, que já trabalhou em quatro
emissoras e hoje participa de quatro programas esportivos.
"Vivo ótimos momentos nessa
profissão", diz, orgulhoso, o locutor. "Mas o melhor mesmo é saber
que você está sendo útil."
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