São Paulo, Segunda-feira, 21 de Junho de 1999
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Guerra de jogadores encerra a partida e título é corintiano


Aos 30min do 2º tempo, Edílson faz "embaixada" e gera uma reação violenta dos palmeirenses no jogo que garante o 23º título a corintianos
Ormuzd Alves / Folha Imagem
Jogadores do Corinthians carregam taça da conquista do 23º título paulista obitido ontem, contra o Palmeiras, após briga entre jogadores


da Reportagem Local

O Corinthians conquistou ontem o Campeonato Paulista de 1999 num jogo encerrado aos 30min do segundo tempo em virtude de uma pancadaria geral entre jogadores, reservas e membros da comissão técnica dos dois times.
A confusão começou quando o corintiano Edílson começou a fazer malabarismo com a bola na beira do campo. Vendo o lance, o lateral palmeirense Júnior correu em sua direção e deu uma entrada forte no atacante, que não reagiu.
Mas, em seguida, Paulo Nunes e Zinho e o restante dos palmeirenses foram para cima do corintiano, e aí começou a briga.
Quando ela terminou, o juiz decretou o final do jogo, não deu nenhuma explicação e se retirou.
Como o jogo estava 2 a 2, e o Corinthians havia vencido a primeira partida por 3 a 0, o time foi declarado campeão ainda em campo. Recebeu a taça e deu a volta olímpica. O título, contudo, terá que ser confirmado pela Justiça esportiva após a análise do relatório do juiz.
Os gols do jogo foram marcados por Marcelinho, aos 35min, e por Evair, que só jogou porque a Justiça esportiva trocou sua suspensão por uma multa, aos 36min e 40min do primeiro tempo. Edílson empatou aos 29min do segundo. O Palmeiras jogou com dez jogadores desde os 21min do primeiro tempo, quando Cléber foi expulso.
Esse é o 23º título estadual do Corinthians, uma quantidade que não pode mais ser alcançada por nenhum time até o final do século. O Palmeiras, o segundo no Estado, tem 21 conquistas.
É o terceiro título paulista do Corinthians desde 1995, todos em anos ímpares. Em 98, o time também disputou a final, mas perdeu para o São Paulo.
Como o Corinthians venceu o Brasileiro de 1998, essa é também a primeira vez que o time conquista títulos em três anos seguidos desde 1954, quando tinha vencido os títulos paulistas de 51, 52 e 54 e o Rio-São Paulo de 53.
Mas nem todos os números são positivos. O Corinthians terminou o torneio com o terceiro ataque, a quarta defesa e o quinto melhor aproveitamento de pontos da competição (56,6%).
Além disso, o título deste ano significa pouco além de um prêmio de consolação. A conquista que o time e a torcida queriam, de fato, era o da Taça Libertadores da América, vencida pelo Palmeiras.
Satisfeita com esse título e devido à vantagem corintiana no Paulista, a torcida palmeirense foi em pequeno número ao Morumbi -ocupou 15% da arquibancada.
Como precisava vencer por três gols de diferença para obter o título, o técnico Luiz Felipe Scolari, contrariando seus hábitos, escalou o time com três atacantes, Paulo Nunes, Oséas e Evair, e apenas um volante, Rogério.
Na entrada em campo, alguns atletas do Palmeiras deram um tom festivo ao surgir com o cabelo tingido de verde, casos de Marcos, Roque Júnior, Rogério, Alex, Paulo Nunes e Oséas e dos reservas Galeano, Agnaldo e Jackson.
Mas o tom de festa não durou nem um minuto. Em campo, os jogadores, especialmente Arce, Cléber, Evair e Zinho, que não tinham tingido o cabelo, mostravam nervosismo e pressionavam o juiz. Aos 2min, Arce deu uma bronca em Paulo César de Oliveira e levou cartão amarelo. Aos 21min, Cléber deu um chute na coxa do meia Marcelinho e foi expulso.
Foi a 11ª expulsão do Palmeiras em 14 jogos, a equipe mais indisciplinada do Paulista. A mais disciplinada foi a Lusa, que teve um expulso em 20 partidas.
Para recompor a defesa, tirou Alex, reduzindo o meio-campo palmeirense a Rogério e Zinho, para pôr Agnaldo, que se contundiu antes do intervalo.
Mesmo com um jogador a mais, o Corinthians não conseguiu dominar o Palmeiras, que esteve vencendo até o gol de Edílson.
Com o empate, os dois times terminam o semestre em equilíbrio. Nos sete jogos, houve três vitórias para cada lado. O Corinthians chegou a dez jogos invicto. A última derrota (2 a 0) foi justamente para o Palmeiras, no dia 5 de maio.
""Os palmeirenses brincaram o semestre todo, e a agente aceitou. Quando a gente brinca, eles não aguentam", disse o goleiro Maurício no final do jogo.


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