São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Capitão subirá no pedestal e levantará taça antes do jogo no Castelão

Cafu repete gesto do penta e é molde em brinde da CBF

DO ENVIADO A FORTALEZA

O gesto improvisado que fez milhões de brasileiros se debulharem em lágrimas na final da última Copa do Mundo será repetido hoje à tarde em Fortaleza pelo lateral-direito Cafu.
Minutos antes do início de Brasil x Paraguai, o capitão da seleção pentacampeã mundial, desta vez de forma programada, subirá num pedestal armado no centro do gramado do Castelão, em Fortaleza, e levantará mais uma vez o troféu de ouro da Fifa.
Durante a festa pela conquista de 30 de junho, no estádio de Yokohama (Japão), Cafu quebrou o protocolo e surpreendeu o mundo ao trepar na armação de madeira montada no palanque reservado à premiação. Para subir na base, contou com a ajuda dos presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e da CBF, Ricardo Teixeira, e do ex-jogador Pelé. Para conseguir se manter lá no alto, precisou ter seus calcanhares seguros pelo chefe de segurança da seleção brasileira, o coronel cearense Haroldo Castelo Branco.
Envolto por uma nuvem de papel picado prateado e de origamis (dobraduras de papel japonesas) e quase suspenso no ar, Cafu inovou de novo e fez uma declaração de amor à sua mulher, berrando: "Regina, eu te amo".
Na camisa amarela, outra mensagem: "100% Jardim Irene", uma homenagem ao bairro pobre da periferia paulistana onde Cafu nasceu e se criou.

Cafus aos milhares
Tida como a imagem mais forte da conquista sobre a Alemanha, a "invenção" de Cafu já foi escolhida pela CBF como o símbolo do título na Ásia.
Tanto que a entidade decidiu utilizá-la como peça de marketing da administração de Teixeira. Em Fortaleza, onde o troféu do penta está sendo exposto por dois dias (ontem e hoje), os torcedores podem "incorporar" Cafu.
O fenômeno é possível graças a um pôster em tamanho natural do capitão erguendo a taça no qual, em lugar do rosto de Cafu, há um buraco para o torcedor cearense colocar a sua própria face, e ser fotografado fundido ao corpo do lateral.
A recordação é distribuída gratuitamente aos mil primeiros torcedores que forem a cada dia ver o troféu no shopping Iguatemi, que pertence à família do candidato ao Senado pelo PSDB do Ceará Tasso Jereissati, amigo de infância de Teixeira.
Ao entrar na fila da foto, cada agraciado recebe também um panfleto à guisa de porta-retrato. Numa das folhas do papel, há um espaço em branco reservado para a foto-brinde. Na outra, uma mensagem de Teixeira -em que chamam a atenção os erros de português- e uma lista com os principais títulos conquistados pela seleção durante a gestão do presidente da CBF.
"À [sic] todos os brasileiros que de alguma forma contribuiram [sic] com a vitória de nossa seleção. Aqueles que riram, sofreram e gritaram nosso penta campeonato e até àqueles [sic] que torceram calados, jamais esquecerão esse grande momento de alegria. A taça do mundo é nossa e é nossa a glória de uma nação vitoriosa, de uma nação campeã!", afirma o texto assinado pelo dirigente.
Os que entraram na fila para serem eternizados como Cafu -entre eles velhos e crianças de colos- alegavam as mais diversas motivações.
"Todo mundo queria estar no lugar do Cafu. Aquela cena dele levantando a taça, com os papéis picados, foi emocionante", disse a estudante Renata de Castro, 24.
"A gente é brasileiro e merecedor do título. É um gesto para mostrar que somos os primeiros do mundo", afirmou o policial militar José Odilon Cruz, 39.
"Entrei na fila só para pagar mico mesmo. De graça, até injeção na testa", justificou a artista plástica Michelle Cabral, 21. (FÁBIO VICTOR)



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