São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011 |
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TOSTÃO Tempos de excesso
Noto, pelo que ouço nas ruas e pelo que vejo nas emissoras de televisão, que existe muita confusão sobre as posições de alguns jogadores em campo. A maior são as diferenças entre os atuais meias de ligação ou ofensivos, como Ganso, os antigos pontas de lança, como Zico, e os antigos meias-armadores, como Rivellino. O atual e clássico meia de ligação, que joga entre o meio-campo e o ataque, não existia. O ponta de lança era atacante, artilheiro, que também voltava para armar as jogadas. O meia-armador marcava, criava e atuava de uma intermediária à outra. Os pontas de lança costumavam jogar com a camisa 10, e os meias armadores, com a 8. Ocorria também o contrário. Alguns armadores atuais, como Xavi e Iniesta, se parecem muito com os antigos meias-armadores. No Barcelona, os dois jogam ao lado de apenas um volante mais marcador. Xavi e Iniesta são armadores defensivos e ofensivos. Os utilitaristas falam que o Barcelona não serve de parâmetro porque nenhum outro time é capaz de seguir seu modelo. Pensar assim é se conformar com o lugar-comum. É viver sem sonhar. Alguns vão além. Torcem contra o Barcelona para mostrar que o futebol moderno não comporta mais o romantismo catalão. Alguns meias de ligação, como Rivaldo, Montillo e Kaká, têm mais características de atacantes que de armadores. Rivaldo, quando era jovem, sempre foi artilheiro. Hoje, atua mais recuado. Já Ganso tem o estilo dos armadores. Se ele não brilhar na seleção, poderá repetir outro meia excepcional, Alex, hoje no Fenerbahce. Alex faz mais gols. Alex tem um evidente motivo para não ter brilhado na seleção. No auge, competia com Rivaldo, Ronaldinho (jogava de meia e de atacante) e, depois, com Kaká. Os três se tornaram melhores do mundo. Ganso não tem essa concorrência. Há um descaso de parte da mídia com os detalhes táticos. Isso começa antes das partidas, quando a televisão mostra a posição dos jogadores. Raramente é a correta. Muitos torcedores querem entender, e não apenas torcer. Ao mesmo tempo, existe um excesso de opiniões sobre o futebol e sobre tudo, em todos os tipos de mídia. Mesmo os que não sabem nada falam muito. Todas as opiniões são colocadas no mesmo saco. É a banalização do conhecimento, a cultura da quantidade, e não da qualidade. Por outro lado, é preciso incentivar e respeitar a diversidade. Todos têm o direito de opinar, mesmo que digam besteiras. Texto Anterior: Em jejum e com baixas, Scolari mexe na equipe Próximo Texto: Em Salvador, pior versão de Muricy encara o Bahia Índice | Comunicar Erros |
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