São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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ATLETISMO
Equipe busca 1ª medalha de ouro na história e continuidade do sucesso obtido no Pan-Americano
Brasil busca fim de tabu no Mundial

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Pela primeira medalha de ouro na história e pela continuidade da boa reputação alcançada no Pan-Americano de Winnipeg (Canadá), o Brasil inicia hoje sua participação no 7º Mundial de atletismo, em Sevilha (Espanha).
No Pan, o atletismo foi, ao lado da natação, o maior destaque da delegação brasileira, conseguindo sete medalhas de ouro, cinco de prata e quatro de bronze.
"Com uma geração renovada, o atletismo está em estado de graça neste ano", afirmou Jayme Netto Jr., um dos técnicos da seleção brasileira no Mundial.
Apesar de não ter estabelecido como meta principal o lugar mais alto no pódio, a comissão técnica brasileira deposita em Maurren Maggi, no salto em distância, e na equipe do revezamento 4 x 100 m, as esperanças do ouro inédito para o país em Mundiais.
Até hoje, o melhor resultado que o Brasil conseguiu foi no Mundial-91, em Tóquio, com a medalha de prata de Zequinha Barbosa nos 800 m.
Nas seis edições já realizadas da competição, foram cinco medalhas brasileiras.
As outras quatro, todas de bronze, foram conquistadas por Joaquim Cruz, nos 800 m, em 83, Zequinha Barbosa, nos 800 m, em 87, Luiz Antônio dos Santos, na maratona, em 95, e Claudinei Qurino, nos 200 m, em 97.
Maurren, que já salta hoje (leia texto nesta página), é, no papel, a maior favorita no salto em distância, já que lidera o ranking do ano.
Em junho, no Sul-Americano, na Colômbia, ela saltou 7,26 m. No Pan-Americano, venceu a prova com 6,59 m.
"A Maurren é uma das favoritas para a medalha, mas a prova será muito dura. Há pelo menos outras oito no mesmo nível", disse Nélio Moura, técnico da delegação que tem acompanhado de perto os treinos da brasileira.
O revezamento 4 x 100 m é um dos últimos a competir. A eliminatória acontece no dia 28, e a final, no dia 29, a última do Mundial de Sevilha.
No Pan de Winnipeg, o quarteto brasileiro formado por Raphael Oliveira, Claudinei Quirino, Edson Luciano e André Domingos venceu, o que provocou um clima de revanchismo dos canadenses.
Após a prova, Donovan Bailey (ex-recordista mundial dos 100 m) prometeu o troco no Mundial.
Só que, nesta competição, diferentemente do Pan, os EUA estarão competindo com sua força máxima, com a equipe liderada pelo recordista mundial dos 100 m, Maurice Greene.
A Grã-Bretanha (com Gardener, Campbell, Devonish e Golding) tem os melhores tempos da temporada (38s16 e 38s17), seguida de perto pelo Brasil (38s18).
O tempo do quarteto brasileiro foi obtido justamente na final do Pan-Americano de Winnipeg.
Nessa prova, Netto Jr. já adianta que o Brasil assumirá um risco alto para conseguir a primeira colocação: não haverá margem de segurança na passagem do bastão entre os atletas.
Ou seja, há chance de a equipe brasileira "queimar" em uma das passagens e ser desclassificada.
De acordo com o treinador, a tática, apesar de arriscada, vale a pena. "Se formos perfeitos, poderemos ser ouro."
A prioridade do 4 x 100 m é tanta que os técnicos decidiram retirar Claudinei Quirino da prova individual dos 100 m, a fim de poupá-lo para o revezamento.
Também têm chances de medalha para o Brasil, mas desta vez o ouro é considerado quase impossível, Claudinei Quirino, nos 200 m, Eronildes Araújo, nos 400 m com barreiras, e o revezamento 4 x 400 m (com Anderson Santos, Claudinei Quirino, Eronildes Araújo e Sanderlei Parrela).
Os outros brasileiros (o país participa com 12 homens e 4 mulheres) irão competir para alcançar as finais de suas provas e melhorar suas marcas pessoais.


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