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Justiça nega pedido de extinção
de uniformizada são-paulina
FERNANDO MELLO
da Reportagem Local
O pedido de extinção da Tricolor Independente, braço da antiga
torcida Independente do São
Paulo, foi negado pela Justiça.
A juíza Cintia Adas, da 20ª Vara
Cível, entendeu que os indícios
fornecidos pelo promotor da Cidadania Fernando Capez não
eram suficientes para provar que
a Torcida Tricolor Independente
é juridicamente a mesma entidade que a antiga organizada, extinta pela Justiça em 96.
A nova torcida são-paulina tem
sede no mesmo endereço (mudou de andar, do quarto para o
primeiro), praticamente o mesmo nome que a anterior, tem como presidente o secretário-executivo da torcida extinta e utiliza
em sua home page na Internet fotos de bandeiras e torcedores da
Independente.
A partir desses argumentos, Capez entendia que a Tricolor Independente mudou de nome para
burlar a Justiça e pediu o fechamento imediato da uniformizada.
A juíza Cintia Adas, em seu despacho, afirma que "da análise dos
estatutos conclui-se que são entidades diversas, posto que foi realizado novo registro, cuja pessoa
jurídica adotou denominação diversa (os nomes registrados em
cartório são diferentes) e com sede diversa, sendo irrelevante a localização no mesmo prédio".
Adas considera que há diferenças substanciais entre os estatutos
das duas associações.
Ainda segundo a decisão expedida pela juíza, "não se trata de alteração de estatuto, mas de registro de novo estatuto, dando origem a uma nova entidade".
Informado da decisão pela Folha, o promotor Fernando Capez
disse não estar surpreso com o indeferimento de seu pedido.
"De certa maneira já esperava
que isso pudesse acontecer. Uma
coisa é o que acontece na prática,
outra é o que ocorre no plano jurídico. Há muitas coincidências,
mas a decisão dela é aceitável juridicamente. O fato de tudo indicar
infelizmente não é suficiente",
disse Capez.
Para o promotor, a perda no caso não poderá influenciar em
uma possível volta da violência
por parte da torcida são-paulina.
"Não há impunidade. As torcidas sabem o que uma extinção
significa e não vão querer sofrer
novo processo. Veja o caso da Independente: antes, tinha 32 mil
sócios. Agora, tem 500. Além disso, todas as contas bancárias de
uma organização extinta são confiscadas. Nenhuma entidade vai
querer começar tudo do zero."
O promotor afirmou que ainda
pode recorrer da decisão. "Não vi
o conteúdo do despacho da juíza,
mas vou averiguar para ver se vou
ou não pedir novo julgamento no
Superior Tribunal de Justiça."
Segundo o promotor, o Ministério Público vai continuar investigando a nova torcida. "É um jogo de gato e rato. Se eles cometerem novas infrações, pedirei novamente a extinção."
Capez foi o autor do pedido de
fechamento da Independente. A
extinção da organizada ocorreu
após um confronto com torcedores da também extinta Mancha
Verde, do Palmeiras, que causou
a morte do são-paulino Márcio
Gasparin da Silva. A briga aconteceu durante a final da Supertaça
São Paulo de futebol júnior, em
95, no estádio do Pacaembu.
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