São Paulo, Sábado, 21 de Agosto de 1999
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Justiça nega pedido de extinção de uniformizada são-paulina

FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

O pedido de extinção da Tricolor Independente, braço da antiga torcida Independente do São Paulo, foi negado pela Justiça.
A juíza Cintia Adas, da 20ª Vara Cível, entendeu que os indícios fornecidos pelo promotor da Cidadania Fernando Capez não eram suficientes para provar que a Torcida Tricolor Independente é juridicamente a mesma entidade que a antiga organizada, extinta pela Justiça em 96.
A nova torcida são-paulina tem sede no mesmo endereço (mudou de andar, do quarto para o primeiro), praticamente o mesmo nome que a anterior, tem como presidente o secretário-executivo da torcida extinta e utiliza em sua home page na Internet fotos de bandeiras e torcedores da Independente.
A partir desses argumentos, Capez entendia que a Tricolor Independente mudou de nome para burlar a Justiça e pediu o fechamento imediato da uniformizada.
A juíza Cintia Adas, em seu despacho, afirma que "da análise dos estatutos conclui-se que são entidades diversas, posto que foi realizado novo registro, cuja pessoa jurídica adotou denominação diversa (os nomes registrados em cartório são diferentes) e com sede diversa, sendo irrelevante a localização no mesmo prédio".
Adas considera que há diferenças substanciais entre os estatutos das duas associações.
Ainda segundo a decisão expedida pela juíza, "não se trata de alteração de estatuto, mas de registro de novo estatuto, dando origem a uma nova entidade".
Informado da decisão pela Folha, o promotor Fernando Capez disse não estar surpreso com o indeferimento de seu pedido.
"De certa maneira já esperava que isso pudesse acontecer. Uma coisa é o que acontece na prática, outra é o que ocorre no plano jurídico. Há muitas coincidências, mas a decisão dela é aceitável juridicamente. O fato de tudo indicar infelizmente não é suficiente", disse Capez.
Para o promotor, a perda no caso não poderá influenciar em uma possível volta da violência por parte da torcida são-paulina.
"Não há impunidade. As torcidas sabem o que uma extinção significa e não vão querer sofrer novo processo. Veja o caso da Independente: antes, tinha 32 mil sócios. Agora, tem 500. Além disso, todas as contas bancárias de uma organização extinta são confiscadas. Nenhuma entidade vai querer começar tudo do zero."
O promotor afirmou que ainda pode recorrer da decisão. "Não vi o conteúdo do despacho da juíza, mas vou averiguar para ver se vou ou não pedir novo julgamento no Superior Tribunal de Justiça."
Segundo o promotor, o Ministério Público vai continuar investigando a nova torcida. "É um jogo de gato e rato. Se eles cometerem novas infrações, pedirei novamente a extinção."
Capez foi o autor do pedido de fechamento da Independente. A extinção da organizada ocorreu após um confronto com torcedores da também extinta Mancha Verde, do Palmeiras, que causou a morte do são-paulino Márcio Gasparin da Silva. A briga aconteceu durante a final da Supertaça São Paulo de futebol júnior, em 95, no estádio do Pacaembu.


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