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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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BASQUETE

Todos os candidatos ao ouro olímpico repudiam o centralismo e dividem a gestão do esporte entre federação e liga

Atenas exalta modelo que Brasil despreza

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um mesmo modelo de administração esportiva, desprezado pelos cartolas brasileiros, une todas as grandes forças que vão disputar o ouro olímpico em Atenas-2004 no basquete masculino.
EUA, Porto Rico, Argentina, Sérvia e Montenegro, Grécia, Lituânia, Espanha, Itália e Austrália repartem a gestão de seus campeonatos e de suas seleções. Estas ficam sob a égide das confederações nacionais. Mas aqueles são organizadas por uma liga independente, com caixa próprio.
Os norte-americanos deram o tom da tendência. A NBA cuida do torneio profissional, enquanto a USA Basketball gerencia a política esportiva da modalidade no país e toca as seleções.
"Acreditamos que seria o modelo mais adequado [depois da emancipação do país do domínio soviético nos anos 80]", afirmou à Folha Saulius Samulevicius, secretário-geral da Federação Lituana de Basquete, que no domingo festejou a conquista do Europeu.
Na final, realizada na Suécia, os comandados do técnico Antanas Sireika derrotaram os espanhóis.
"Nunca tivemos problema", disse o dirigente, que aposta que o diálogo administrativo renderá o quarto pódio olímpico consecutivo para o país báltico.
Na disputa pelo bronze no Europeu -o terceiro também se garantiria na Olimpíada-, a Itália bateu a França. Ambos seguem o regime de duplo comando.
A Espanha é um dos exemplos mais bem-sucedidos de administração paralela. Há 20 anos, as grandes agremiações resolveram criar sua própria entidade, a Associação dos Clubes de Basquete.
A ACB hoje organiza o campeonato nacional mais forte do continente. No ano passado, abrigou 11 medalhistas do Mundial, mais do que a badalada NBA -e a Espanha nem mesmo subiu ao pódio.
A federação espanhola gerencia outros dois torneios, a LEB1 e a LEB2, espécie de segunda e terceira divisões, e a equipe nacional.
"A seleção é um termômetro do que acontece nos clubes. Somos o time nacional que mais evoluiu nos últimos três anos", gaba-se Juan Antonio Gómez Angulo, secretário do Esporte da Espanha.
Nem sempre, contudo, o duplo comando convive em paz. Em Porto Rico, federação e liga independente romperam em público.
"Pedimos que a temporada fosse de janeiro a junho a fim de que a seleção pudesse treinar a partir de julho para o Pré-Olímpico [em agosto], mas não houve acordo", contou à Folha Victor Coll González, dirigente da federação.
O campeonato, vencido pelo Santurce, do pivô Piculín Ortiz, foi realizado de abril a julho.



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