São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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PAULO VINICIUS COELHO

A visão do fracasso


Para uma série de clubes, a vaga na Libertadores é sinônimo de sucesso. Não é assim para o São Paulo

O SÃO PAULO já escolheu o vilão de 2008: as contratações de curto prazo. Nomes apenas para um semestre, como Fábio Santos, Carlos Alberto e Adriano, não servirão mais em 2009. "Quem vai embora no meio do ano tem um nível de comprometimento diferente de quem joga a temporada toda", afirma Marco Aurélio Cunha.
O São Paulo não terminou sua participação no Brasileiro, ainda sonha com o tri, mas já começa a refletir sobre seus fiascos. Nos pontos corridos, sucesso e fracasso viraram conceitos relativos. Para Botafogo, Flamengo, Cruzeiro e até para o Palmeiras, a vaga na Libertadores é sinônimo de sucesso. Não é assim para o São Paulo.
E é muito provável ver o Tricolor pensando só na vaga na Libertadores após o jogo contra o Sport. Perder na Ilha do Retiro significará viver o último trimestre sem ter cumprido nenhuma das metas traçadas em janeiro. Até a classificação para a Libertadores, nas palavras do presidente Juvenal Juvêncio, não é objetivo. "É obrigação", diz.
É por isso que 2009 já começou no Morumbi e tem estratégia completamente diferente da usada pelos outros clubes da Série A. Todos contratam. O São Paulo quer revelar.
O clube foi campeão brasileiro de 2006 com o menor número de pratas da casa de sua história. Só Rogério Ceni era formado na base, dos 11 titulares. No ano passado, o número ridículo triplicou, porque havia Breno e Hernanes. A avaliação da diretoria era a de que o clube havia sucateado seu processo de formação, no final da década de 90, e errado na escolha de Cilinho para revigorar o trabalho entre 2002 e 2004. A ressurreição viria com Bebeto de Oliveira, ex-preparador físico do time dos Menudos, nos anos 80, novo coordenador do CT de Cotia, responsável por lançar fornadas de jovens talentos. Era a avaliação de Juvenal Juvêncio no final de 2006.
Neste ano, o Tricolor já transformou o bom volante Jean em titular. Prepara a entrada na equipe de cima do volante Wellington, do zagueiro Aislan e, em especial, do meia Oscar. Não significa que o novo São Paulo abandone completamente a criticada estratégia utilizada de 2004 para cá. Aquela de escolher jogadores baratos, em fim de contrato com clubes intermediários. Todos contratados sem custo na chegada e que mostraram ter custo-benefício excelente. O ponto é que esse tipo de jogador mediano e de qualidade também representa risco. Se acertou com Danilo, Fabão, Mineiro, Josué e Cicinho, o São Paulo errou com Lenílson, Juninho, Edgar.
Juvenal acha, com razão, que o mercado europeu diminuiu seu investimento. Que a crise internacional afetou clubes que têm dirigentes com dinheiro aplicado em outras frentes. "O Moratti, da Inter, investe em petróleo. Se sua empresa perde na bolsa, a Inter não contrata."
Por isso, ele julga, quem não revelar vai quebrar, por não conseguir vender para repor o dinheiro gasto nas contratações. Dos 20 clubes da Série A, nenhum escala mais do que quatro pratas da casa.
Já se sabe que o novo Tricolor garoto nascerá sob o comando de Muricy Ramalho. Mas só sob uma condição: a vaga na Libertadores. O último fracasso do ano provocará mais mudanças no Morumbi.

pvc@uol.com.br


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