São Paulo, segunda, 21 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CORTADA
CIDA SANTOS
Uma calamidade

A coluna hoje é dedicada a um ex-jogador da seleção brasileira. Atacante de meio, também passou pelos principais times de vôlei do país, como Banespa, Suzano e Olympikus.
O nome dele? Wágner Antônio da Rocha, o Bocão, 29. Desempregado, sem clube, ele mesmo define sua situação: "Uma calamidade".
Os problemas de Bocão se agravaram em junho, depois de a Prefeitura de Guarulhos ter cortado as verbas do Guaru, time masculino de vôlei da cidade. A equipe, que estava disputando a primeira divisão, chegou a receber um convite para participar do Campeonato Paulista da Divisão Especial da atual temporada.
O técnico do Guaru, Zeco, diz que Bocão estava se empenhando e treinando bem.
Com um histórico de envolvimento com drogas, o atacante falava que este seria um ano decisivo para sua carreira: queria voltar a mostrar seu valor e jogar em um grande clube.
Mas sua história acabou mudando de rumo: com o fim do Guaru, ele ficou desempregado. E mais: não conseguiu vaga em nenhum outro clube.
Na última sexta-feira, conversei com Bocão pelo telefone. Ele dizia que não tinha mais que R$ 10 no bolso e que, a partir daquele dia, não teria mais lugar para morar.
Não sabia onde iria passar a noite. Tentaria ficar na casa de algum amigo. O jogador também parecia angustiado com mais um problema. Havia perdido a ponte e, sem dinheiro, estava tendo que se acostumar, pelo menos por enquanto, a viver sem os dentes.
Um dos atacantes mais velozes do vôlei brasileiro, Bocão quer uma oportunidade para voltar a jogar. No momento, não tem pretensão salarial.
O que Bocão quer é um clube que lhe garanta comida, um lugar para morar e o direito de voltar a trabalhar, condições que seriam um dever do esporte brasileiro.

E-mail-cidasan@uol.com.br



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.