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VÔLEI
As armadilhas
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Nas próximas temporadas,
a seleção brasileira terá seu
maior desafio: manter unido o
grupo que foi campeão mundial.
A história está aí para mostrar
que, depois de grandes conquistas, a seleção acaba sofrendo com
a dificuldade dos atletas de lidar
com o sucesso e não alcança todos
os resultados que poderia.
Quem não se lembra da Olimpíada de 84? O time brasileiro,
medalha de prata no Mundial de
82, foi seu próprio adversário nos
Jogos de Los Angeles. Ok, foi vice-campeão, mas poderia ter subido
no degrau mais alto do pódio se
todos os jogadores estivessem falando a mesma língua.
Em 92, a seleção voltou ao paraíso com o ouro olímpico nos Jogos de Barcelona. Em 94, começaram os problemas: vaidades, interesses particulares acima do coletivo e o relacionamento entre os
atletas se deteriorando. Resultado: o Brasil, com um timão, foi
quinto colocado no Mundial da
Grécia. Uma decepção. É lógico
que, depois de uma grande conquista, todas as atenções se voltem para os jogadores, para os
campeões. Aparecem oportunidades econômicas e profissionais e
fica difícil lidar com a fama, manter a cabeça concentrada na quadra, no objetivo traçado.
O técnico Bernardinho, que integrou a geração de prata, o levantador Maurício e o atacante
Giovane, campeões olímpicos em
Barcelona, viveram esse filme. Os
outros jogadores conhecem essa
história. Talvez por tudo isso, o
grande avanço desse grupo seria
não repetir os mesmos erros das
gerações passadas.
A decisão do título mundial
contra a Rússia é reveladora nesse sentido: mostrou que o time
não funciona só com os titulares.
A equipe precisou dos reservas
para derrotar os russos. O levantador Ricardinho e o atacante
Anderson entraram no segundo
set e mudaram a história do jogo.
Mais: Giovane, que também estava na reserva, foi o autor dos
três últimos pontos da grande final. Quem há de se esquecer da
imagem dele, com o corpo virado
para um lado e braço para o outro, traçando o ponto final do jogo com um saque perfeito no cantinho da quadra adversária?
Mas a prova final, se a seleção
vai conseguir mudar essa história, será nos Jogos de Atenas, em
2004. O retrospecto mostra que é
no segundo ano após uma grande
conquista que os problemas acontecem. O time que ganhou o ouro
em Barcelona, por exemplo, ainda foi campeão da Liga em 93.
Naufragou no Mundial de 94.
E a seleção brasileira, se não
houver desvios, tem tudo para
chegar ao título olímpico em
2004. Desde que Bernardinho assumiu o comando no ano passado, foram sete títulos e dois vice-campeonatos em nove torneios
disputados. O perigo é o time se
tornar seu próprio adversário.
A vitória do Brasil no Mundial
teve um significado especial também para o vôlei. Nesse esporte,
cada vez mais dominado por gigantes, os campeões não foram os
mais altos e nem os mais fortes.
Ganhou o time mais técnico, com
os atletas mais habilidosos e que
mostrou o vôlei mais bonito.
O título brasileiro traz um novo
conceito e valoriza a importância
da técnica no vôlei. A teoria de
que basta um punhado de jogadores altos, com um paredão no
bloqueio e um saque poderoso para formar um grande time sofreu
um abalo. Os "baixinhos" Nalbert, Giba e André destruíram os
bloqueios gigantes.
Italiano 1
A folga terminou. Nesta semana, os clubes italianos, que têm jogadores que disputaram o Mundial da Argentina, começam a treinar
com os times completos. Nalbert apresenta-se hoje no Macerata,
um dos favoritos ao título. Para você ter uma idéia, a equipe tem
um dos melhores atacantes do mundo, o iugoslavo Ivan Miljkovic,
e dois centrais da seleção italiana, Gravina e Mastrangelo. Além
disso, o levantador do time é Marco Meoni, titular da seleção italiana até a temporada passada.
Italiano 2
A primeira rodada do Campeonato Italiano será disputada no próximo fim de semana. O Macerata vai estrear contra o Ancona. O
Modena, que nesta temporada contratou o brasileiro Dante, terá
pela frente o Latina, do iugoslavo Goran Vujevic. E o Ferrara, dos
atacantes Giba e Gustavo, vai enfrentar o Perugia, do espanhol Rafael Pascual e do holandês Guido Gortzen.
E-mail cidasan@uol.com.br
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