|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Entre a arte e o resultado
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Santos deve ser o time brasileiro que mais perde chances de gol. Contra a Lusa, no sábado, repetiu-se mais ou menos o
que havia ocorrido na quarta-feira, contra o São Paulo. Nos dois
casos, o Santos deu a impressão
de dominar a maior parte do jogo, mas acabou derrotado.
Isso só confirma a idéia -repetida à exaustão por Carlos Alberto Parreira- de que a boa equipe
é a que sabe atacar e defender
com eficiência. O Santos ataca
bastante, mas com eficiência duvidosa (pois é preciso converter
em gol as oportunidades criadas).
E o setor defensivo também é
vulnerável, apesar de contar com
dois bons zagueiros de área (André Luís e Alex) e dois bons laterais (Maurinho e Leo). O problema, aparentemente, é que os quatro gostam de se lançar ao ataque,
e nem sempre o sistema de cobertura funciona adequadamente.
De todo modo, dá gosto ver os
meninos do Santos em campo,
pois é sempre garantia de um jogo
franco e de lances inesperados.
Santos 1 x 2 Lusa foi uma partida muito mais bonita e emocionante que os jogos de ontem do
São Paulo (contra o Guarani, em
Campinas) e do Corinthians
(contra a Ponte Preta).
Houve pelo menos dois lances
memoráveis na Vila Belmiro: o
gol de Diego, depois de uma tabela fulminante com Alberto, e o
passe de calcanhar, pelo alto, que
o atacante luso Edson Araújo deu
para Ricardo Oliveira (pena que
este chutou por cima).
Mas é preciso que os garotos do
Santos se apliquem mais, desde o
primeiro minuto do jogo, em obter a vitória. Não é vontade nem
espírito de luta o que está faltando, mas, sim, um pouco mais de
objetividade e pragmatismo.
Um pouco de futebol de resultados às vezes é indispensável. Senão, o time corre o risco de ficar
na memória do torcedor como
uma equipe que encantou, mas
não venceu -mais ou menos como a seleção brasileira de 82.
O Corinthians de Parreira tem
sido quase o oposto do Santos de
Emerson Leão. Mesmo sem brilho, o alvinegro paulistano vai
conseguindo as vitórias e os pontos. Tem o melhor aproveitamento do campeonato -e só um gol
de saldo. Faz o básico.
A vitória sobre a Ponte, ontem,
foi relativamente tranquila. E
muito monótona. Os únicos lances espetaculares foram a bomba
de Renato no travessão, no primeiro tempo, e o golaço de Marcinho, no segundo.
Ao entrar na etapa final, depois
de pedidos insistentes da sábia
Fiel, Marcinho mostrou um atrevimento e uma gana que até destoavam da acomodação dos demais corintianos.
Penso que já é hora de Parreira
arranjar uma vaga para ele no time titular -no lugar de Guilherme, por exemplo, que não tem feito muita coisa.
É possível, também, que os corintianos tenham se poupado um
pouco para o grande clássico de
quarta-feira, contra o Palmeiras.
A própria torcida alvinegra, perto
do fim do jogo, começou a gritar
"É quarta-feira, é quarta-feira",
convocando para o clássico
-com a óbvia esperança de
afundar ainda mais o arqui-rival,
penúltimo na tabela.
Tudo indica que, a exemplo do
recente São Paulo x Santos, Corinthians x Palmeiras será um
grande jogo.
Resta esperar que a guerra permaneça no plano simbólico e que
ninguém se machuque, nem dentro nem fora do campo.
Gangorra mineira
Por falar em futebol de resultados, o Atlético-MG soube
suportar a pressão do Cruzeiro e impor-se ao arqui-rival,
conquistando uma vitória
preciosa, que o recolocou na
zona de classificação do Brasileiro. A mesma eficiência o
Galo havia demonstrado ao
vencer sua partida anterior,
contra o São Caetano. Na
gangorra entre os times mineiros, é a vez de o Cruzeiro
de Wanderley Luxemburgo e
Alex ficar por baixo.
Pimenta nos outros
Se as derrotas do Paraná e do
Paysandu deram algum alento ao Palmeiras, as vitórias do
Flamengo, da Lusa e do Goiás
mantiveram o alviverde numa situação delicada. Agora,
a cada rodada, o time de Levir
Culpi tem não apenas que se
preocupar com seus próprios
pontos, mas também torcer
pela desgraça de seus vizinhos na rabeira da tabela de
classificação.
E-mail jgcouto@uol.com.br
Texto Anterior: Futebol: Los Angeles conquista 1º título na MLS Próximo Texto: Boxe: Improvisado, Brasil estréia em Mundial Índice
|