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Em SP, Schumacher é só vestígios
Um ano após sua aposentadoria, F-1 vive disputa acirrada e marcas do heptacampeão são raridades
Reservado e protegido,
alemão é personagem de
poucos causos em São
Paulo, onde foi campeão de
quatro GPs em Interlagos
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
GP Brasil de 2006. Felipe
Massa vence em casa, Fernando Alonso é bi. Quem rouba a
cena, porém, é um alemão, que,
após cair para último, chega
perto do pódio. Prova memorável, que ofusca os astros do dia.
Em sua despedida, Michael
Schumacher mais uma vez provou por que é o maior vencedor
da história da F-1. Mais uma
vez deixou sua marca.
O cenário que viu seu adeus,
porém, hoje parece ter apagado
seus vestígios. Após uma temporada de acirradas disputas e
polêmicas, a F-1 descobriu que
pode viver sem Schumacher. E
São Paulo deixou para trás o
homem que ergueu quatro vezes o troféu em Interlagos.
Ontem, com a chegada da
torcida, Schumacher esteve
mais presente. Nas arquibancadas, faixas com dizeres como
"Nunca iremos te esquecer" e
"Schumi para sempre", em inglês, surgiam tímidas. As lembranças do heptacampeão na
cidade são claras; as marcas,
porém, pouco nítidas.
No hotel em que sempre ocupou a suíte 843, apenas a terceira mais luxuosa, o heptacampeão mundial é hoje um autógrafo no livro de recordações.
Além do risoto de tomate,
seu prato favorito, que foi mantido no cardápio mesmo após
mudanças no restaurante.
Ao contrário do irmão, Ralf,
Michael não pedia segurança
nem rotas especiais para fugir
dos fãs. Reservado, garantia intimidade com passos rápidos e
sua aura de "intocável". Deixava pouco espaço para o contato.
"Ele gostava de jogar tênis e
todos os dias fazia musculação.
Só isso", diz Charles Giudici,
gerente do Transamérica.
O hóspede querido, porém, já
criou problemas. Em 1996, sua
mulher, Corina, encontrou
uma cadela no autódromo e a
carregou para o hotel. Detalhe:
lá, animais são proibidos.
"Chamamos o veterinário e
abrimos exceção. Afinal, era o
Schumacher. Mas, depois, vários hóspedes cobraram a mesma regalia", afirma Giudici.
O causo é o único que o alemão deixou por lá. Autógrafos e
fotos são artigos raros. Funcionários que os têm não revelam.
São orientados a não incomodar os hóspedes. Regiane Guilherme só ganhou seu troféu no
autódromo, quando estava "à
paisana". "Um funcionário da
Ferrari pegou o autógrafo", diz.
Nelson Bueno teve mais sorte. O professor de kart trabalha
em Interlagos há 17 anos e sempre esteve nos GPs. Em 2006,
cruzou o caminho do heptacampeão e decidiu arriscar -já
ouvira um não de Felipe Massa.
"Não acreditei. Ele tirou a foto, sorriu e foi embora. Só conheço um segurança que tem
foto dele também, mas não está
trabalhando neste ano", conta.
Caio Davidoff guarda sua relíquia na garagem. Em 2003, levou uma scooter ao autódromo
para ajudar o tio, que trabalhava no GP. Certa hora, percebeu
um funcionário da Ferrari tentando "roubar" sua moto.
"Ele me disse que o Schumacher queria dar uma volta na
pista. Eu emprestei, e ele pagou
com autógrafo. Guardo a moto
até hoje, mas, se algum torcedor fanático quiser comprar...".
Os sócios do Clube Atlético
Indiano, perto da represa Guarapiranga, ressentem-se da falta de troféus mais imponentes.
O registro das passagens do alemão é só uma pequena foto.
Nos últimos três anos, na
quinta-feira antes do GP, Schumacher e a equipe da Ferrari faziam jogos de futebol ""secretos" regados a caipirinha e
churrasco. Exigiam que a pelada não fosse filmada nem fotografada. Mas os sócios viam o
bate-bola e até ganhavam algumas camisas e chuteiras.
Na última quinta-feira, o telefone do clube não parou de
tocar, e o campo foi tomado por
crianças. Mas não teve futebol.
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